Matrimônio de Trycia Mello e Renato Dutra aconteceu durante evento “Livros em Pauta”, em São Paulo. União entre dois escritores aconteceu depois que ambos publicaram um livro juntos/Texto de Marina Bendhack com entrevista de Juarez Oliveira
A paixão pelas letras e palavras uniu duas pessoas que compartilham de hábitos semelhantes. A professora iratiense Trycia Mello, que também é escritora, cineasta, contadora de histórias e culinarista, se casou com o também escritor, Renato Dutra, no dia 18 de maio, no evento “Livros em Pauta”, em São Paulo. Trycia contou detalhes do matrimônio chamado de “casamento literário” e sobre sua atuação profissional no programa “Espaço Cidadão” da Super Najuá FM 92.5.
Trycia disse que o primeiro contato com Renato foi quando seu filho publicou alguns textos em uma coletânea da editora Andross, que também contava com o trabalho do futuro marido. A partir disso, eles iniciaram uma amizade, porém, exclusivamente literária. Em 2020 e 2021 Trycia decidiu cursar um curso de cinema em São Paulo, e, consequentemente, sua amizade com Renato se estreitou, desenrolando-se em um relacionamento amoroso.
Em 2022, durante o evento “Livros em Pauta”, Renato pediu Trycia em casamento. Deste modo, foram chamados carinhosamente de “casal literatura”. O casamento se concretizou neste ano e aconteceu durante o evento “Livros em Pauta”, em São Paulo.
Trycia disse que a celebração buscou fugir do tradicional com a temática da literatura, mas também considerando a realidade e a seriedade do casamento. “Mas não é uma coisa, não é uma fantasia, isso é real, o que tá acontecendo entre nós? Nós estamos construindo no dia a dia uma relação de confiança, de carinho, de cumplicidade, de compreensão, mas, as pessoas não podem pensar que isso é só uma fantasia da editora, porque a editora está completando entre esse ano e o próximo 20 anos. Então é uma coisa muito especial, a gente tem que fazer uma coisa que foge do tradicional, porque não ia envolver nenhum tipo de religião, até mesmo porque hoje a gente tem filosofias de vida, mas não propriamente uma religião. Precisamos fazer com que isso pareça real e que é real? Então a gente fez toda uma cerimônia com celebrante que inclusive foi o editor da nossa editora, a qual a gente trabalha, teve noiva, teve noivo, pais da noiva, os pais do noivo, padrinhos, tapete vermelho, votos, benção e o beijo dos noivos”, explica.
Atualmente, Trycia sonha em escrever um livro junto com o filho. Enquanto isso não se concretiza, a professora e seu marido devem gravar três curtas metragens no segundo semestre deste ano. Além disso, ela está estudando a possibilidade de produzir um novo livro dentro das normas da Base Nacional Comum Curricular de quinto, oitavo e nono ano. O objetivo de Trycia é que esse material esteja disponível nas escolas e seja discutido sem a necessidade de uma leitura mediada.
Sobre a admiração pela literatura, Trycia revelou que a paixão teve início ainda na infância quando seu pai precisava comprar um livro de gramática da língua portuguesa para o irmão. Na época, ele trabalhava no Banco do Brasil e um funcionário da instituição possuía um exemplar com essa temática. A professora contou que o pai foi de bicicleta atrás do livro, pois seu irmão precisava para a escola. Trycia disse que ficou encantada quando seu pai chegou um livro de capa marrom, que parecia uma capa de madeira. Assim, toda vez que seu irmão chegava da escola, ela pegava escondido esse livro e ficava olhando admirada as letras.
Segundo Trycia, essa é a primeira lembrança que associa com sua paixão pelas letras, pela escrita e pela literatura. A partir daí, ela começou a ser uma leitora muito assídua e menciona que teve dois grandes profissionais que a ensinaram sobre a importância da leitura e da interpretação, a professora Lenita (já aposentada) e o professor Gilberto (atualmente no CEEBJA), que trabalharam no Colégio Estadual Antonio Xavier da Silveira.
Já fascinada pela leitura, escrita e pela interpretação de texto, com 14 anos, Trycia começou a escrever poesias e prosas poéticas. Nessa época, ela sempre pensava em escrever um livro. A vida passou até que aos 36 anos realizou seu sonho de publicar o primeiro livro.
Em 2016, depois da observação de um colega, Trycia descobriu que escrevia contos de terror. Com a impossibilidade de separar o autor de sua obra, ela se deu conta que suas produções eram contos e microcontos de terror e não textos de romance. Hoje, a escritora se reconhece como contista, micro contista e poeta especialista em terror, mas diz que seus contos flutuam pelos gêneros literários. “Então eu sempre escrevia sobre coisas do cotidiano e até então eu me achava uma romancista, uma contista de romance, jamais imaginei que eu seria uma contista ou uma micro contista de terror. E aí estudando, me especializando nisso, determinado colega chegou e falou assim ‘sua literatura é de terror’, eu disse ‘não, minha literatura é de amor, eu falo sobre as coisas do dia a dia que as pessoas vivem, isso é romance, é amor, da onde? não, é terror’. Falei ‘Nossa, eu escrevo terror!’ e aí diante dessa catarse na minha mente que eu jamais achei que eu escreveria terror, né? Estava escrevendo terror. Eu acabei indo estudar sobre isso e observei que eu estou mesmo escrevendo o terror. Então hoje eu digo, eu sou uma contista ou uma micro contista e até poeta especialista em terror, mas eu escrevo, eu flutuo aí por demais gêneros”.
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A escritora também disse que falar de terror deixa as pessoas com algum receio de que os assuntos abordados envolvam sangue e fantasma ou que causem medo. Porém, ela enfatiza que seus textos procuram abordar temas importantes da sociedade que levam a uma reflexão sobre determinados assuntos ou pessoas marginalizadas.
Na entrevista, Trycia relembrou que lançou seu livro intitulado “Um Diálogo Inesperado e Outros Contos de Terror Demasiadamente Humanos” produzido junto com Renato Dutra foi lançado em um evento da Rádio Najuá chamado de “Sábado Literário” em 2023. O casal optou em lançar o livro na cidade natal de Trycia, em Irati. A escritora também produziu o livro de microcontos, lançado em 2022, chamado “Sob medida”.
Trycia explica que microcontos são um tipo de narrativa, que tem começo, meio e fim, além de outras características como lugar, ação e personagens. A escritora se especializou em microcontos de até 140 caracteres, que são poucas palavras e linhas. Esse trabalho foi feito em conjunto com a colega poetisa Giane e Renato, que na época ainda não era seu marido. “Como professores, a gente sempre pensa assim, é nessa geração que está viciada em poucos textos e que raramente conseguem interpretar adequadamente, isso é um problema atual, não é de uma ou duas pessoas, é atual? Os nossos jovens são assim. Nós pensamos: ‘como que a gente pode atingir esses jovens com boas histórias, boas reflexões, mas que eles não precisem ler mais do que eles leem no Twitter ou num post do Instagram ou em pequenas frases?’. E aí que nós fomos atrás dessa especialização em micro contos”, revela.
Trycia está organizando uma coletânea de contos em homenagem a pessoas que já morreram, chamada de contos de memória. A iratiense também é organizadora da editora Andross, que desenvolve um trabalho de curadoria de contos e livros. Nessa editora, é realizado um evento chamado “Livros em Pauta”, destinado para divulgar o lançamento dessas publicações.
Quem se interessar em adquirir um dos livros de Trycia pode entrar em contato pelo Instagram. Os livros são enviados pelos correios. Também será feito um relançamento de seu último livro na Bienal de São Paulo, no dia 13 de setembro.