No total, foram arrecadados 509 mil kg de alimentos não perecíveis, roupas, ração animal e produtos de higiene e limpeza, que foram levados para cidades gaúchas atingidas pelas enchentes de maio/Paulo Sava
O 10º Subgrupamento de Bombeiros Independente de Irati (10º SGBI) arrecadou mais 500 mil kg de donativos enviados para cidades atingidas pelas enchentes de maio no Rio Grande do Sul. A corporação integrou a campanha “SOS RS”, coordenada pelo Governo do Estado.
No total, foram arrecadados 509 mil kg de alimentos não perecíveis, roupas, ração animal e produtos de higiene e limpeza em todas as unidades da corporação na região. Somente em Irati, a arrecadação foi de 266, 30 toneladas. Já em São Mateus do Sul, foram arrecadadas 107 toneladas; em União da Vitória, foram 80 toneladas. Em Prudentópolis, a arrecadação foi de 50 toneladas. Os donativos foram encaminhados para as cidades gaúchas de Porto Alegre, São Leopoldo, Santa Cruz do Sul, Triunfo, Estrela, São Sebastião do Caí, Teotônia, Esteio, Gravataí e Lajeado.
Em participação na tribuna popular da Câmara de Irati na última terça-feira, a subcomandante do Corpo de Bombeiros de Irati, Capitã Carla Adriana Spak Sobol, destacou a importância da mobilização da população iratiense e da região em prol dos gaúchos.
“Veja como a população se mobilizou realmente para ajudar as pessoas que necessitavam, isto só o que chegou no quartel, fora o que sabemos de gente que se mobilizou e foi até lá. Então, imaginem o quanto a nossa região ajudou. Teve 10 cidades para as quais conseguimos destinar estes donativos. Em um caso curioso, saímos com um documento daqui para chegar a uma determinada cidade lá. Porém, no meio do caminho, o motorista acabou se perdendo porque ele chegava em uma estrada e se deparava com a enchente, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) mandava ele para outro local e ele chegou em Porto Alegre. Lá, não tinha onde descarregar porque a cidade estava começando a encher. Ele foi sendo direcionado até chegar em uma cidade chamada São Leopoldo, onde naquele dia não havia chegado nenhum donativo. Este caminhão não iria, mas foi levado para lá e naquele momento foi recebido com grande alegria por ser o primeiro a chegar naquela cidade, que estava isolada. Depois, ela ficou assim por dois ou três dias, então foi bem curioso porque não era para aquele local, mas acabou chegando lá no momento necessário”, afirmou.
Pessoas de todas as classes sociais e condições financeiras fizeram suas doações, conforme o comandante do Corpo de Bombeiros, Major Jorge Augusto Ramos. “Às vezes, chegavam sacos de ração de 25kg, mas às vezes vinham pacotinhos de 200 gramas que dava para perceber que a pessoa tirou do seu animalzinho e foi junto, chegou lá no Rio Grande. Da mesma maneira, pessoas doaram uma tonelada de arroz, por exemplo, mas chegaram pessoas com um litro de óleo, uma garrafinha de água ou uma escova de dentes. Tudo isto virou este montante enorme e chegou às mãos de quem precisava no Rio Grande. Em vários momentos eu falei que isto não era solidariedade, mas sim caridade e amor. Então, Irati deu uma grande demonstração de amor para com o Rio Grande do Sul, e este legado não fomos só nós que experimentamos, mais sim esta geração toda, que trabalhou, viveu este momento e que o transformou em algo muito bom, embora num cenário de caos”, apontou.
De acordo com Ramos, já no primeiro dia da campanha, foi possível perceber que o engajamento da comunidade seria grande. “No primeiro dia, já percebemos um engajamento muito grande das nossas autoridades do Executivo e do Legislativo Municipal, e de toda a nossa comunidade. Mais de uma vez, durante o nosso trabalho de coleta e seleção, estivemos irmanados com vereadores, praticamente todos passaram por ali nos auxiliando. O prefeito (Jorge Derbli) e a vice-prefeita (Ieda Waydzik) estiveram lá em vários momentos. Isto tomou um corpo bastante grande e coloco isto por conta da necessidade vivida lá no Rio Grande”, frisou.
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Voluntários – Além das doações, mais de 200 voluntários trabalharam diariamente no quartel do Corpo de Bombeiros na separação, seleção e envio dos donativos. A corporação e a Prefeitura Municipal conseguiram ajudar outras pessoas e empresas que organizaram campanhas particulares por conta da facilidade no contato com a Defesa Civil gaúcha. Desta forma, foi possível destinar os donativos para cidades que estavam com mais necessidades e que tinham mais facilidade de acesso.
“Isto foi bastante importante nesta coordenação, e aí conseguimos colocar muito material de donativos lá no Rio Grande do Sul no momento em que os gaúchos mais precisavam. Inicialmente, evitamos que eles morressem de sede, depois que tivessem problemas de saúde causados pela fome. Imagino que este trabalho que todo o Brasil fez, e especialmente Irati de forma muito presente, evitou uma convulsão social no Rio Grande do Sul”, comentou.
Necessidades – A campanha “SOS RS” terminou, mas os gaúchos ainda precisam de muita ajuda para reconstruir suas casas e retomar a vida. Ramos contou como as pessoas podem continuar fazendo suas doações.
“Existe lá na página da Defesa Civil do RS uma campanha permanente de arrecadação em dinheiro ou gêneros que podem ser encaminhados para o Rio Grande do Sul. Lá tem uma relação de gêneros, principalmente de limpeza. A campanha como nós tínhamos organizado no Paraná cessou por enquanto, até que eles tenham capacidade de receber e distribuir estes gêneros no Rio Grande do Sul. Agora, a nação está mobilizada, as autoridades conseguiram novamente organizar a sociedade lá, para que a condução seja mais pacífica”, pontuou Ramos.
Apoio da Defesa Civil – O Corpo de Bombeiros também contou com apoio da Defesa Civil dos municípios vizinhos na organização de campanhas locais de arrecadação. Além disso, bombeiros paranaenses foram até o Rio Grande do Sul para ajudar nos resgates e também na organização e destinação dos donativos.
Chuvas em 2023 – Em 2023, 21 municípios da área de abrangência do Corpo de Bombeiros de Irati foram atingidos por chuvas fortes registradas em outubro e novembro, cinco deles de forma mais grave: São Mateus do Sul, Rebouças, Paulo Frontin, União da Vitória (que ficou debaixo d’água) e Prudentópolis. Ramos comparou as chuvas do Paraná com o que está ocorrendo no Rio Grande do Sul.
“Se comparássemos com o Paraná, é como se 390 dos 399 municípios paranaenses tivessem sido impactados ao mesmo tempo. O próprio Estado não tem capacidade de resposta, e isto não é culpa de ninguém porque o evento tem um volume muito grande”, finalizou.