Em fevereiro, Governador Ratinho Júnior regulamentou lei que estrutura funcionamento de cooperativas-escolas em 23 colégios agrícolas e dois florestais, entre eles o de Irati/Paulo Sava
O Centro Florestal de Educação Profissional Presidente Costa e Silva (Colégio Florestal) de Irati passará a contar em breve com uma cooperativa-escola. O objetivo da implantação da estrutura é de promover e estimular o cooperativismo entre os estudantes, em benefício dos associados e da instituição de ensino.
A retomada do projeto das cooperativas-escolas em 23 colégios agrícolas e nos dois florestais existentes no estado acontece através da regulamentação da Lei Estadual nº 21.554/2023, que estrutura as cooperativas. A regulamentação foi assinada em fevereiro pelo governador Ratinho Júnior durante a realização do Show Rural, em Cascavel.
Em entrevista à Najuá, a diretora geral do Colégio Florestal, Mariane Pierin Gemin, destacou que as cooperativas já haviam sido implantadas há alguns anos para vender o excedente de mudas produzidas pelos colégios. “O colégio produz, e isto é didático-pedagógico, dentre toda uma organização de projetos que fazem parte de um currículo, e o aluno aprende e produz algo com isso. Esta produção é comercializada através de cooperativas-escolas”, frisou.
Encerramento – As cooperativas encerraram suas atividades nos colégios agrícolas e florestais entre os anos de 2012 e 2015. Com isso, surgiu uma grande expectativa pela retomada do projeto, o que aconteceu nove anos depois, para que pudesse ser retomada a comercialização do excedente de produção de mudas para a comunidade.
Autonomia – Para Mariane, a cooperativa representa uma autonomia essencial para que os colégios fundamentem seu funcionamento diante do Tribunal de Contas do Paraná (TCE-PR) e promovam o avanço de todos os projetos que visam ensinar aos alunos o cooperativismo, o associativismo e a parte contábil, despesas e lucros. Estas disciplinas, segundo Mariane, vieram junto com as novas matrizes do Novo Ensino Médio e com educação financeira, que é algo novo nestes três últimos anos de Ensino Médio dentro do Governo Federal.
“O retorno das cooperativas nos traz não somente uma organização contábil, mas também um ensinamento pedagógico para estes estudantes. Faz com que possamos ter toda a produtividade da fazenda como objeto de estudo e de acompanhamento do próprio estado sobre o quanto se produz e se gera de lucro e renda”, apontou.
Novo estatuto e nova diretoria – Mariane informou que ela e outros diretores de colégios agrícolas e florestais do Paraná estão debatendo com a Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (OCEPAR) para organizar um estatuto que vai reger as ações das cooperativas-escolas. Assim que isto seja feito, será eleita uma nova diretoria para que as cooperativas possam iniciar seus trabalhos.
Retomada – O professor Igor Felipe Zampier conta que a implantação da cooperativa está sendo discutida com mais profundidade há dois anos. “O Estado teve que fazer um projeto de lei, aprova-lo na Assembleia e regulamentar isto. Nós acompanhamos isso nos últimos dois anos com a atual gestão do departamento de Educação Profissional. Hoje, isto é uma realidade, a lei está aprovada, tivemos uma reunião na sexta-feira junto com alguns diretores de colégios agrícolas e com o departamento de Educação Profissional, fazendo uma minuta de estatuto. Tem toda uma legislação que a OCEPAR exige para formalizar estas cooperativas dentro das escolas. Isto já está avançado, queremos que, no máximo, até semana que vem, estes estatutos passem para a provação e no máximo em 30 ou 40 dias tenhamos os CNPJs das cooperativas para podermos operar de uma forma inicial”, frisou.
No caso do Colégio Florestal, serão produzidas mudas e madeira para corte, serrada e beneficiada, para que os alunos possam utilizar em aulas práticas. O excedente poderá ser comercializado, cuja renda pode ser reinvestida nos projetos produtivos criados pelo colégio.
Estrutura – A estrutura do Colégio conta com uma fazenda há 50 anos. Algumas áreas estão sendo revitalizadas, como o viveiro e os plantios.“São novas tecnologias, produtividades melhores, com novas variedades e cultivares. Tudo aquilo que podemos modernizar, estamos buscando tecnologias associadas ao novo conceito da matriz tecnológica. Temos uma nova disciplina no nosso currículo, que são novas tecnologias voltadas à área florestal. Isto tudo estamos buscando consolidar dentro de um mesmo norte: que estas disciplinas e o conteúdo sejam aliados à produção da fazenda também”, pontuou Igor.
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Benefícios – O sistema cooperativista oferece alguns benefícios para a cooperativa-escola. Entre eles, a compra de insumos mais baratos, benefícios em instituições de créditos, o Estado vai nos beneficiar em alguns projetos dentro do sistema cooperativista, algumas empresas podem fazer doações em recursos financeiros e equipamentos, o que torna o trabalho mais fácil.
Show Rural – Alguns alunos do curso Técnico em Agronegócio participaram, no final de janeiro, do Show Rural de Cascavel, onde Ratinho Júnior assinou o decreto de retomada das cooperativas- escolas. No total, 36 alunos puderam vivenciar a feira e o show tecnológico, em um local onde foi possível buscar novas ideias. A viagem foi custeada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), que também doou uma série de equipamentos e um drone de captação de imagens, que será utilizado em diversas disciplinas.
O colégio também ganhou um penetrômetro, equipamento que mede a compactação do solo, um GPS de trator e tablets para serem utilizadas nas aulas teóricas e práticas. “Enfim, é um pacote tecnológico que o SENAR dispôs, numa parceria com a SEED, através da qual todos os nossos alunos de 3ºs anos passam por capacitações obrigatórias. Durante uma semana, eles passam por capacitação em mecanização agrícola, agricultura de precisão e pelo curso de drone. Esta é uma parceria entre SEED e SENAR que há muito tempo queríamos, porém não era permitido para alunos menores de 18 anos. Com esta parceria formalizada, conseguimos atender estes alunos com um diploma a mais de um curso de especificação profissional”, contou.
Aulas práticas – As aulas práticas vinham acontecendo normalmente. Porém instrutores do SENAR proporcionaram aulas diferentes para os alunos. “É o aluno que sai ganhando, que está conhecendo, aprimorando, aumentando seu currículo e com certeza vai ter uma possibilidade maior de empregabilidade diante das tecnologias atuais”, frisou.
Os professores também podem participar destas formações, porém cada uma das escolas está preparando cursos específicos para sua área técnica. Mariane destaca que a parceria entre o Colégio Florestal e o SENAR já vinha acontecendo. Agora, com a integração da SEED, é possível fazer a certificação dos menores de idade.
Mudas – Igor conta quais espécies serão produzidas no viveiro. “Cerca de 90% será de pinus de plantio que temos pelo histórico da região e pela facilidade de produção e adaptação da espécie aqui na nossa região. Porém, estamos introduzindo novas espécies, numa forma de pesquisa e desenvolvimento de outras tecnologias de produção, com espaçamentos, espécies e aditivos diferenciados. Estamos trabalhando com a Unicentro dentro de algumas linhas de pesquisa no mestrado e no doutorado. Alguns professores nossos são mestrandos ou doutorandos e outros acadêmicos da pós-graduação estão fazendo a iniciação científica e desenvolvendo suas parcelas aqui no colégio. Isto faz com que tragamos novas tecnologias e estudos e desenvolvamos nossa área produtiva para outros ramos, como é o caso da erva mate, da acácia negra e outras espécies que estamos desenvolvendo”, frisou.