Menina é curada de câncer em estágio avançado

Câncer nos rins já havia se espalhado para os pulmões da pequena Alice, de 05…

02 de abril de 2021 às 11h30m

Câncer nos rins já havia se espalhado para os pulmões da pequena Alice, de 05 anos, que foi diagnosticada com a doença em abril do ano passado. Mãe acredita que a fé da menina ajudou no processo de cura/Paulo Henrique Sava

Alice, de 5 anos, foi curada de um câncer nos rins. Foto: Arquivo pessoal

A pequena Alice, de cinco anos, terá uma bela história de cura pela fé e pela medicina para contar. Ela foi diagnosticada com um câncer nos rins na Santa Casa de Irati no dia 04 de abril de 2020. Depois, ela foi encaminhada para o Erastinho, unidade do Hospital Erasto Gaertner, em Curitiba, destinada exclusivamente para atendimentos de pediatria, onde fez tratamento por 9 meses. Quando a família recebeu o diagnóstico, a doença já estava em estágio avançado e havia se espalhado para os pulmões da criança. 

Em entrevista ao programa Espaço Cidadão, a mãe da pequena Alice, Cristiana Schvaidak, contou que a descoberta da doença surpreendeu toda a família. “Realmente é uma doença que ninguém espera ter. A Alice nos surpreendeu com uma dor de barriga muito pequena, até meio sem importância. Quando nós levamos ela ao hospital para fazer a tomografia e recebemos este diagnóstico, foi terrível, nosso chão sumiu naquele momento, foi muito difícil”, afirmou.

Alice completa 06 anos em maio. Cristiana acredita que a rapidez do diagnóstico e do encaminhamento para tratamento foram fundamentais para o processo de cura da doença. “Às vezes, a criança diz que tem alguma queixa ou dor, mas a gente pensa que não é nada. Toda dor, por mais simples que seja, tem que ser investigada. O acompanhamento da criança é importante nos primeiros anos de vida dela, isto traz um diferencial muito grande. O tumor que a Alice tinha nós descobrimos em uma fase mais avançada porque ela não apresentava sintomas. Eu só o veria se tivéssemos feito um exame de imagem com ela”, comentou.

O médico Robson de Castro Coelho, diretor técnico do Erastinho, relatou que o Tumor de Wilms é o que mais atinge as crianças. Normalmente, a própria mãe é capaz de diagnosticar a doença. “A mãe, que vai dar banho na criança, aperta a barriguinha e vê que tem um carocinho. O médico apalpa e pede um ultrassom, que constata uma lesão renal. No caso da Cristiana e da Alice, foi um pouquinho mais rápido porque o médico, na apalpação, deve ter desconfiado disso e solicitou a tomografia, constatando que tinha um tumor renal, chamado de Tumor de Wilms”, ressaltou.

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De acordo com o médico, se não for tratado no início, o tumor se espalha rapidamente para o pulmão e para a barriga da criança. Em casos raríssimos, ele pode atingir o fígado. “Quando ele se espalha ou se arrebenta dentro da barriguinha ou quando vai para o pulmão, temos que fazer radioterapia também. No pulmão, quando tem nódulos, fazemos a cirurgia de remoção para ver se eles estão ativos ou inativos, ou com o tratamento, se eles desaparecerem, pode não haver necessidade de abrir o pulmão da criança”, pontuou.

O tratamento envolve quimioterapia e cirurgia. Quando o tumor é unilateral, é extraído todo o rim doente. Caso os dois rins sejam atingidos, há a remoção somente dos nódulos, como foi o caso da Alice, de acordo com o médico. “No caso dela, foi exatamente isto: ela chegou para nós, começamos a quimioterapia, fizemos um monte de exames, passamos um dispositivo chamado cateter para ajudar a fazer as quimioterapias e, no momento propício, fazemos as cirurgias”, comentou.

O médico explicou que o tempo de tratamento depende do estado de gravidade da doença. “Quando eu descubro a doença no comecinho, consigo fazer pouco tempo de quimioterapia, cerca de 3 a 4 meses até a cirurgia. Quando eu tenho a doença se espalhando, como no caso dela (Alice), para o pulmão e tivemos que fazer a radioterapia na barriguinha, gastamos mais tempo. Ela foi de abril até o final do ano com o tratamento, acabou pegando 10 meses contando com a radioterapia e a cirurgia. Se tiver que entrar com a cirurgia do pulmão, leva mais tempo ainda. De uma maneira geral, o tratamento dura de 2 a 10 ou 12 meses”, frisou.

Alice faz um lanche após mais uma consulta no Hospital Erastinho. Foto: Arquivo Pessoal

O Erastinho foi inaugurado em setembro de 2020, com 18 leitos de enfermaria, 08 leitos de UTI especializadas em câncer infantil e 05 leitos de transplante especializados em atendimentos pediátricos. Diariamente, são feitas de 30 a 35 consultas diárias de crianças de todo o estado. No total, são atendidas 17 mil consultas por ano, além de 500 cirurgias e 85 mil atendimentos. O Paraná registra cerca de 600 novos casos de câncer infantil todos os anos; destes, cerca de 300 são atendidos pelo Erastinho. O Hospital segue parâmetros internacionais de sustentabilidade e promoção da saúde, o chamado “Conceito Green Hospital”, tendo sido a primeira instituição brasileira a conquistar simultaneamente as certificações “Lead for Healthcare” e “Well Building Certification”.

“Na prática, nós vamos nos tornar unidades sustentáveis e tentar diminuir ao máximo o consumo de papel. Nós vamos fazer a unidade ser um paper less, não tendo papel, e autossustentável eletricamente, gerando a nossa própria energia. No nosso estacionamento, tem duas unidades para recarga de carros elétricos. Vamos nos sustentar e, se a nossa captação ultrapassar o que precisamos de energia, venderemos o excedente novamente para a Copel”, afirmou. 

Cristiane atribui a cura da filha ao atendimento proporcionado pela equipe do Erastinho à menina. Ela fez 8 sessões de radioterapia, sem necessidade de sedação. “O tratamento da Alice foi muito leve. Sabemos que foi muito pela forma com que eles tratam a criança, que tem que ser muito diferenciada. A Alice esteve no Erasto de Irati para infusão de soro, porque quando ela fez tomografia, precisava se hidratar. O Erasto está de parabéns, é o melhor lugar para tratar um caso de câncer, eu vejo que eles estão além do seu tempo. A equipe é maravilhosa e uma parte da cura dela a gente credita a estes profissionais”, frisou.

Quando a família soube do diagnóstico, começou uma corrente de oração por parte de familiares e amigos em prol da menina Alice, através de orações, novenas e missas pedindo a cura da menina. Cristiana acredita que, com isso, a fé da família se fortaleceu. “Quando a gente acredita em Deus quando está tudo bem, é uma forma, é fácil acreditar no poder dele. A partir do momento em que passamos por uma dificuldade como passamos com a Alice, temos que depositar nossa fé nele e acreditar, pedindo que sua vontade seja feita. A partir daí, entendemos por que ele existe realmente”, declarou.

Leia o relato da mãe sobre a fé da menina. “A Alice, quando passou mal na UTI, foi bem interessante depois que ela melhorou, acordou e falou para mim que ela tinha visitado Deus. Uma criança de cinco anos anos falar isso não tem como inventar. Eu perguntei como foi esta visita e ela me disse: ‘Padre Pio me levou’. Eu perguntei como era o Padre Pio, e ela disse que era igual nas fotos. Eu perguntei se Deus disse alguma coisa para ela, que me disse: ‘Ele falou que eu estava curada’. Todas as vezes, durante o tratamento dela, repetimos isto diariamente para ela e dizíamos ‘Deus falou que você está curada, e você está mesmo curada’”, contou, emocionada, a mãe.

Alice e a mãe, Cristiana Schvaidak, antes da entrevista no programa Espaço Cidadão. Foto: Arquivo pessoal

Durante todo o tratamento, Alice precisou fazer apenas uma transfusão de sangue durante a radioterapia, porém não apresentou nenhuma infecção. Cristiana faz um pedido para os pais que estão passando por esta mesma dificuldade. “Não percam tempo com a negação da doença, aceitem ela, coloquem-na debaixo do braço e sigam adiante, pois é isto que faz a diferença. Não adianta negar e dizer ‘eu não estou com a doença, não é comigo’, mas é com você mesmo, foi com a minha filha, com a nossa família, aceitamos isto e seguimos adiante com Deus nos ajudando, e foi realmente o que aconteceu”, comentou

Mesmo curada, Alice continua fazendo acompanhamento no Erastinho. O cateter deve ser retirado em junho ou julho. Emocionada, Cristiane disse que a filha é uma guerreira. “A Alice é uma guerreira, temos muito orgulho de tê-la com a gente e estamos mais felizes ainda porque Deus nos devolveu ela com saúde, e é isto que mais importa”, finalizou.

O médico Robson Coelho, responsável técnico pelo Hospital Erastinho, Cristiana e Alice durante participação no Programa Espaço Cidadão. Foto: Reprodução Facebook

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