Região de Irati registrou 19 mortes em 13 ocorrências envolvendo meio líquido em 2023

Dados foram divulgados pelo Corpo de Bombeiro de Irati e envolvem acidentes em piscinas e…

18 de janeiro de 2024 às 22h45m

Dados foram divulgados pelo Corpo de Bombeiro de Irati e envolvem acidentes em piscinas e rios; Comandante do 10º Subgrupamento alerta como prevenir novas ocorrências neste verão/Texto de Karin Franco, com entrevista realizada por Edinei Cruz, Paulo Sava e Juarez Oliveira

Entre os 19 óbitos registrados em 2023 em meio líquido na região, três pessoas morreram após caírem de um bote em um lago de uma represa em Inácio Martins. Foto: Corpo de Bombeiros/Arquivo

A região de Irati registrou no ano passado 19 mortes em apenas 13 ocorrências envolvendo o meio líquido. As ocorrências são variadas e incluem acidentes em piscina e rios. As informações são do 10º Subgrupamento de Bombeiros Independente de Irati.

Em entrevista à Najuá, o comandante do 10º Subgrupamento, major Jorge Augusto Ramos, alertou que é preciso ter prudência e compreender que qualquer meio líquido, como piscinas, rios, cachoeiras e praias, pode ser perigoso. “O principal problema é a ação do próprio homem. É a imprudência. As pessoas fazem o que não sabem, aquilo que acham que podem e no meio líquido, é muito rápido. Os incidentes normalmente cobram um preço alto”, alerta.

Nos casos de afogamento, a dica é não pular na água para salvar a pessoa. Ramos explica que é arriscado que pessoas sem treinamento tentem realizar salvamentos porque a tendência é que a vítima agarre e afogue a pessoa que está tentando ajudar. “Ela agarra qualquer coisa que você coloque nela, inclusive o salvador. Ela agarra e faz toda a força dela na pessoa. Afundam os dois. Se isso acontecer, você só teve essa oportunidade. Entrou para fazer o salvamento. Como que fazemos [os bombeiros]? Nós afundamos com a vítima o máximo possível. Ela vai te soltar, você passa para trás dela e vem para uma posição de nado. Quando você vai abordar a vítima, ela vai agarrar e vai te sufocar. Esse aqui é o grande perigo”, disse.

As pessoas sem treinamento devem optar por atirar algum objeto que flutue para que a vítima possa agarrar. “Você tenta jogar alguma coisa que flutue para essa pessoa. Pode ser uma garrafa PET, pode ser o estepe do carro, pode ser a caixa de isopor que você levou com alguma bebida ou comida. Qualquer coisa que flutue, já vai dar uma sustentação para aquela pessoa e até para passar aquele choque inicial do medo de se afogar. Num segundo momento, você pode, se não tiver nada que flutua, você pode tentar alcançar uma corda, com galho de árvore. Qualquer coisa que você não tenha que entrar na água até a proximidade dessa vítima. A camiseta pode ser usada. Você entra até onde dá pé, lança uma camiseta, amarra uma camiseta na outra”, explica o comandante.

Se não tiver objetos, o aconselhável é que as pessoas se deem as mãos e auxiliem a vítima. “Em último caso, orientamos uma corrente de pessoas. Você entra até onde dá pé, várias pessoas seguram a mão uma da outra e tenta alcançar essa vítima”, disse.

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Quem estiver se deslocando para um lugar de balneário, rios ou cachoeiras também precisa estar atento a algumas dicas. “Nunca ir sozinho. Essa é o primeiro passo. Nunca vai sozinho para a água. Segundo: criança e adolescente sempre com responsável. Terceiro: sempre leve boias e flutuadores. Quarto: nadar em local conhecido com água na cintura”, conta Ramos.

O comandante do Corpo de Bombeiros alerta que é preciso ter atenção com adolescentes e jovens porque há a tendência de terem comportamentos mais arriscados. “Outro comportamento de imprudência, que é muito característico de jovens e de crianças é pular do barranco, pular da árvore. Sobretudo, em locais um pouco mais profundos, para dar uma sensação de mergulho e onde muitas vezes, a pessoa bate numa pedra, se enrosca num arame que está ali porque você não tem aquela visualização do fundo daquele poço. Normalmente, são águas rasas, dois a três metros de profundidade, na sua maioria os locais de afogamento”, explica.

Tenente Aleixo e Major Jorge Augusto Ramos repassaram dicas de segurança para evitar afogamentos e acidentes domésticos durante entrevista à Najuá. Foto: João Geraldo Mitz (Magoo)

Ramos alerta que não é preciso locais muito fundos para que um afogamento aconteça. “Em 30 centímetros de água, nós já tivemos casos de afogamento. Um cidadão alcoolizado, em 30 centímetros de água, caiu na água e não teve força para levantar e, infelizmente, pereceu afogado. Não precisa muita água. Para aquele que não sabe nadar, muitas vezes dá pé, ele não tem coragem de pôr o pé no chão, tentar achar o fundo do rio, fundo da piscina. A pessoa que tem fobia de água, que não sabe nadar, sempre com boia, com colete salva-vidas e sempre preso à pessoa. Nunca solto”, conta o comandante.

O colete salva-vidas também é indicado para quem vai pescar. “Coletinho salva-vidas para o pescador, para quem vai para embarcação, para quem pesca de barranco, para quem vai costumeiramente para locais de água, é uma coisa barata. Tem disponível em casas agropecuárias, lojas que vendem anzol, que vendem quinquilharias. O comércio em geral vende o colete salva-vidas. É bastante interessante a pessoa que vai para o meio aquático ter à disposição esses flutuadores”, disse.

O uso de bebidas nesses locais também precisa ser moderado. O 1º tenente Aleixo explica que o álcool reduz os reflexos da pessoa que pode não se dar conta dos perigos. “O excesso de confiança, junto com a ingestão da bebida alcoólica, contribui muito para um eventual acidente ou afogamento, não só nos rios, mas em qualquer lugar. Nós vemos no trânsito é muito comum. O excesso de confiança justamente contribui para que o risco seja mais elevado”, explica.

A situação é mais perigosa quando o consumo de álcool é feito em um lugar desconhecido. “O problema é que quando as pessoas bebem demais, vão pra locais desconhecidos e querem, pelo arrojo, pela demonstração do que podem fazer, as pessoas se colocam em condição de insegurança, cometendo atos de imprudência”, conta o comandante.

Quem tem piscina de plástico precisa ter cuidado com as crianças. Ramos alerta que é necessário o acompanhamento de um adulto. “Se você tem esse tipo de piscina, até o tanque de lavar roupa, a criança enche de água e pula lá dentro mesmo. Se você tem criança pequena em casa, o acesso a essa água tem que ser bastante verificado, tem que ter os anteparos de segurança, põe porta para fechar, põe uma cerquinha no entorno, põe uma grade para que ela não acesse sem que o adulto esteja ali fazendo a supervisão”, explica.

Nas praias, as dicas de segurança também são válidas. Um dos primeiros passos é procurar locais com guarda-vidas. “O banhista que procura o nosso litoral, ou os balneários, nós temos alguns pontos do interior do Estado protegidos com o serviço de guarda-vidas, a exemplo dos Lagos da Itaipu, na região norte do estado, que a pessoa que procura essas áreas de lazer que sempre busque o guarda-vidas. O próprio guarda-vidas vai repassar algumas informações, principalmente, relativas ao meio, desde as correntes de retorno que encontramos no mar, alguns buracos presentes, tanto rios como lagos no nosso litoral, que podem contribuir para um eventual acidente. A orientação do guarda-vidas é fundamental para que evitemos acidentes”, disse Aleixo.

O banhista também precisa estar atento aos significados das cores das bandeiras nos postos de guarda-vidas. “Toda orla está protegida por guarda-vidas. O local onde tem o guarda-vidas tem uma bandeira que é amarela e vermelha. Ela é dividida amarelo e vermelho na mesma bandeira significa que aquela área é protegida por guarda-vidas entre 8 e 18 h. Você tem a bandeira verde, tudo certo. Aquele ponto que você escolheu é seguro para natação. Bandeira amarela é mesma coisa do trânsito, já não é tão seguro. Já é um local de alerta. A bandeira vermelha já tem alto risco. Duas bandeiras vermelhas, aquele trecho está interditado, não pode entrar naquele ponto e o local com bandeira preta é um local que não tem não é atendido pelo guarda-vidas, ou seja, ele está distante do posto ou naquele ponto não tem o guarda-vidas”, explica o major do Corpo de Bombeiros.

A orientação também é ficar com a água na altura da cintura para evitar afogamentos. “Água, na canela é bom, na cintura já dá para se divertir, no umbigo sinal de perigo, mas no peito é só para nadador. Água no peito já é para quem sabe o que está fazendo, já conhece tudo, já tá com tudo dominado. Água no peito é para quem tem ciência de onde está”, disse o comandante.

Outro perigo das praias são as águas vivas e as caravelas. Ramos destaca que as pessoas devem evitar de tocar nos animais. “Colocou a mão, ele te espeta e joga veneno. Estar nadando e percebeu que tem água viva ou caravela, saia da água porque se ela encostar na pele vai queimar. Você encontrou na areia, enterre. Joga areia em cima dele para que você não mexa, nem outra pessoa mexa. Se acaso você se queimou em local que está guarnecido por guarda-vidas, eles vão usar o vinagre ou a própria água salgada. Lavagem com água salgada e depois o vinagre vai aliviar. Conforme o nível da queimadura, tem que dar uma passadinha no pronto socorro. Normalmente não é fatal, a não ser que a pessoa tenha problema com choque anafilático. Tem pessoas que são alérgicas”, explica.

Trânsito: Outro cuidado no verão é com o trânsito nas rodovias. O aumento de veículos nas estradas pode trazer problemas para os motoristas. Por isso, o 1º tenente Aleixo orienta que as regras de direção sejam respeitadas. “Temos muitos veículos trafegando e são aquelas orientações básicas: respeitar a sinalização, limites de velocidade. Não forçar uma ultrapassagem. Viajei há alguns dias e percebi que é muito comum os motoristas que fazem ultrapassagens, principalmente, na faixa contínua e em curvas locais onde não se tem visão. Isso os coloca em risco e outras famílias que estão deslocando pela rodovia”, disse.

Um dos cuidados é manter a distância do carro da frente. “Pessoas dirigindo próximo demais do carro da frente. Isso é muito comum. Pessoas ultrapassando em curva. Pessoas dando aquela forçadinha no final da terceira faixa. Motoristas profissionais como o motorista de caminhão que está cansado. Vemos o cidadão e é perceptível que ele está com o sono batendo. Às vezes, nós temos engarrafamentos só por excesso de veículos na pista. Você pensa que tem um acidente e não tem nada na frente. É só excesso de veículo”, conta o comandante.

Uma das dicas é ter alimentos e água no carro para se manter hidratado. Outra recomendação é manter a paciência. “Lentidão é certeza nas estradas. Leva um salgadinho para as crianças. Leva água. Tenha a paciência. Se o período estimado é três horas, imagina que você vai chegar em quatro horas porque vai ter atraso. O condutor vai se adequando à condição da via naquele dia, mas sempre prevenção também existe nessa hora. E álcool e direção não combina nunca. Não pode nem aquela única cervejinha”, destaca o comandante.

Para qualquer caso de emergência, seja no trânsito ou na água, o telefone para o Corpo de Bombeiros é o 193. Para o SAMU, o atendimento é feito pelo 192.

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