Prêmio homenageou histórias de sucesso de mulheres empreendedoras em todo o estado/Texto de Karin Franco, com entrevista de Paulo Sava, Juarez Oliveira e Edinei Cruz
A empresária Cleide Almeida, proprietária da Loja Azul e Rosa, de Irati, foi a vencedora do prêmio FACIAP Mulher Empreendedora 2023. O objetivo da premiação foi destacar as histórias de sucesso das empresárias paranaenses e destacar o papel das mulheres no mundo dos negócios.
Para a empresária, a premiação foi uma surpresa. “Eu vou dizer até que foi uma surpresa porque concorrer com tantas histórias de tantas mulheres batalhadoras, com histórias lindas e com muito mais tempo de empreendedorismo do que eu, confesso que fiquei muito surpresa em trazer o primeiro lugar para Irati”, disse.
A premiação, que aconteceu no final de novembro em Foz do Iguaçu, contou com etapas municipais, regionais e estaduais. Em cada etapa, as empresárias contaram suas histórias de empreendedorismo e como conseguiram alcançar seus objetivos. “Escrevi com todo o meu coração. Coloquei ali tudo. Eu já tinha muitos dados. Escrevi aquela história e realmente a história ficou linda. Quem lê, se emociona. Dei meu coração ali. Fiquei até altas horas escrevendo. Precisei de ajuda para conseguir resumir porque eu não conseguia resumir porque tudo para mim era importante. Aí veio a premiação de Irati. Fiquei super feliz. Nossa! Mulher empreendedora de Irati, que a Aciai Mulher promoveu. Só que eu achei que era isso. Mas aí não. Não foi só isso”, explica.
Depois de ganhar a fase municipal, a empresária passou para a fase regional, que aconteceu em São Mateus do Sul, onde competiu com 12 empresárias. O prêmio regional classificou a empresária para a fase estadual. “Eu confesso que em Foz, eu fui começar a ter noção do que era realmente aquilo, da importância da minha história e o quanto que realmente tinha conteúdo. Já passou de 12 cidades aqui da região. ‘Meu Deus, e agora?’. Só de eu ir para Foz. Ok, estou lá. Aí sobem aquelas mulheres que você fala que elas têm mais anos de empreendedorismo do que eu de vida. Dez finalistas naquele palco gigantesco, aquele auditório cheio. Não tenho nem noção de quantas pessoas tinham. Era um auditório enorme. Um telão que eu nunca vi um telão tão grande na minha vida”, conta.
Cleide soube que ganhou o prêmio ao ver sua imagem no telão. “Não sei descrever isso. Eu falo que esse momento é indescritível. Só quem vive que sabe. Olhar e ver todo mundo de Irati gritando. As meninas de Irati foram super parceiras. Me ajudaram, me incentivaram. ‘Cleide, não perca o prazo’. Eu realmente não sabia da importância desse prêmio. Eu só escrevi e eu só fui. Acho que por isso que deu certo, porque eu coloquei meu coração. Eu realmente escrevi o que aconteceu. Nós tínhamos dados para isso”, relata.
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Família – A história de Cleide é ligada com sua irmã. Foi ela que teve a ideia de montar uma loja voltada para produtos infantis. “A empreendedora da família sempre foi a minha irmã. Eu me tornei porque fui atrás. Estudei, me aperfeiçoei. Comecei a gostar, vi que era algo que realmente podia fazer sentido na minha vida. Estamos há 20 anos”, disse.
A loja Azul e Rosa foi uma das primeiras em Irati a atender esse nicho. A empresária conta que trabalhar em família é um desafio, mas as irmãs conseguem conciliar vida pessoal e profissional. “Nós temos um pacto desde o começo. Eu lembro muito bem que ela falou: ‘Vamos abrir um negócio, nós vamos ser sócias, mas jamais vamos deixar de ser irmãs’. Eu acho que isso foi o que nos fortaleceu. Vou dizer que nunca brigamos? Brigamos. Já brigamos feio, mas essa frase era muito forte para nós. Nós sempre somos irmãs. Deixa a birra passar, deixa cada um resolver a sua questão porque cada uma quer brigar pelo seu lado. Sociedade não é fácil. É um desafio a mais de ser sócia com a minha irmã, mas sempre deixamos claro isso desde o começo e acho que funcionou”, conta.
No começo, era a irmã de Cleide que ia para São Paulo e trazia a mercadoria para Irati. Enquanto isso, Cleide cuidava da loja.
Fábrica – Após 10 anos, as empresárias decidiram montar uma fábrica para fazer pijamas. Cleide teve a ideia de abrir uma fábrica depois de cursar Produção de Moda, pelo Instituto Federal do Paraná. “Como eu sempre gostei dessa parte de criar, de moda, de tecido, eu fiz o curso e me apaixonei por isso, mais ainda. Eu vi um nicho que tínhamos, umas faltas no mercado, que não conseguia suprir a nossa demanda. A ideia principal foi para fazer uns pijamas que tínhamos muita demanda e não conseguia suprir a demanda. Falei: ‘Dá para produzirmos isso aqui. Nós produzimos para a loja e vende para fora porque se está faltando mercadoria, é um nicho’”, relata.
A fábrica começou pequena, com apenas uma máquina de costura. Atualmente, a empresa cresceu e ocupa um espaço no condomínio industrial da Vila São João. A fábrica aumentou sua produção e fornece diversos tipos de roupas. “Hoje trabalhamos com malharia. Nós trabalhamos soft, plush, moletom, poliviscose, mas é no ramo de malharia. Trabalhamos confecção infantil, do recém-nascido até o tamanho 12. Temos algumas coisas até o tamanho 16 também, mas a nossa demanda maior até 8. Nós fazemos casacos, fazemos modinha em malharia”, disse.
O negócio deu certo e as empresárias vendem os produtos para outras empresas de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. “Quando montamos, pensamos em vender só na loja, mas já sabíamos que ia ter demanda para vender fora. Só que isso foi muito rápido. Nós começamos a vender, pegamos representantes. Entre os erros e acertos. Fomos tentando acertar e já contratamos mais um. Hoje nós temos quatro representantes. Nós trabalhamos com o Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A loja Azul e Rosa é uma cliente da fábrica. Por mais que é o mesmo nome, mas não vendemos a preço de fábrica na loja, é preço de varejo. Tanto que temos lojas de Irati que também compram a nossa marca e revendem. Seria injusto. Então, a loja compra da fábrica”, conta.
A fábrica emprega cerca de 12 pessoas. Na loja, são seis funcionárias. O espaço no centro de Irati foi restruturado no último ano para comemorar os 20 anos da empresa. “Nós mudamos a iluminação, mudamos os móveis, o layout do caixa mudou totalmente. Tinha um cantinho das crianças, mudamos. Mudamos o provador. É uma loja nova. A iluminação ficou maravilhosa, que era uma coisa que estávamos sonhando há muito tempo”, disse.
Segredo – Para a empresária, o segredo está na persistência. “Quando nós montamos, nós montamos pequeno. Não tínhamos a pretensão. Não sabíamos até onde que podemos ir. Isso tudo é no dia a dia, nas descobertas. Você vai vendo o potencial e vai melhorando. Eu acho que o empreendedorismo é isso. É você não desistir e sempre querer mais”, conta.