Cerca de R$ 2 milhões foram investidos no projeto que abriga a Associação Malinoski, a Cooperativa de Catadores de Recicláveis de Irati (Cocaair) e o setor operacional da Secretaria de Meio Ambiente. Espaço fica no Condomínio Industrial da Vila São João, em Irati/Texto de Karin Franco, com reportagem de Jussara Harmuch
O Complexo de Gestão Ambiental de Resíduos de Irati (GARI) foi inaugurado em uma cerimônia na sexta-feira no Condomínio Industrial da Vila São João, em Irati. O espaço será um local para a transformação do lixo reciclável no município.
O local conta com cinco barracões, equipados e adequados para o recebimento e separação de resíduos. Serão 60 pessoas que trabalharão na transformação do lixo. O complexo conta com trabalhadores da Associação Malinoski e da Cooperativa de Catadores de Recicláveis de Irati (Cocaair), além de funcionários da prefeitura.
O espaço tem mais de 3.000 metros quadrados de área construída, compondo barracões para a associação, a cooperativa e para o setor operacional da Secretaria de Meio Ambiente.
Em entrevista à Najuá, o prefeito Jorge Derbli destacou os projetos que serão realizados no local. “É uma área de 24 mil metros onde temos o transbordo, temos o depósito para receber o reciclado, os barracões para fazer a reciclagem, aonde vai ter a sede também do meio ambiente. Futuramente, uma cozinha, um refeitório, para as pessoas aqui que nós queremos fornecer alimentos para eles. Uma fábrica de sabão, onde existe já em [Engenheiro] Gutierrez, aonde é aproveitado algo de cozinha para transformar em sabão. Também teremos três barracões, ainda no ano que vem, para as incubadoras e empresas que vem se instalar em Irati, para aproveitar esse lixo reciclado, fazer a transformação e a industrialização dele em outros produtos reciclados”, destaca.
A secretária de Meio Ambiente, Magda Lozinski, explicou que o objetivo é que o local seja um espaço em que pessoas ou empresas possam processar o lixo e transformar em produtos. “A intenção do nosso Complexo GARI não é trabalhar com o rejeito, mas dentro da massa do resíduo reciclável, aquilo que hoje a associação e a cooperativa não têm comércio. Por exemplo, o tecido. Hoje, o tecido é um material que está indo para o aterro sanitário para ser enterrado. A proposta é criar um barracão que dê oportunidade para empresas que querem trabalhar com os resíduos que a associação e a cooperativa não têm comércio. Quer fazer estopa e revender? O tecido já é uma matéria-prima que vai vir gratuitamente porque não temos o que fazer. O isopor precisa ser feito uma carga muito grande, devido ao peso pequeno do isopor, então a associação e a cooperativa não trabalham, mas se estiverem interessados em derreter ele e reconstituir ele na matéria-prima, vai ter um espaço também”, disse.
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A construção do Complexo GARI contou com um investimento de mais de R$ 2 milhões em recursos. Cerca de R$ 1 milhão e 500 mil foi repassado por meio do Governo do Estado, com indicações de emendas dos deputados Artagão Junior e Hussein Bakri, principalmente para a compra de equipamentos como esteiras e empilhadeiras. O restante do recurso foi custeado com contrapartida da Prefeitura de Irati.
Há ainda verbas a serem liberadas pelo Governo Estadual, como o recurso de R$ 400 mil para a construção de um refeitório para uso dos trabalhadores. O local receberá alimentos por meio de um convênio que a prefeitura fará com a Feira do Produtor. Com a aquisição dos barracões, a Prefeitura de Irati também economizará R$ 10 mil em aluguel que serão revertidos para o custeio das operações no complexo, como a compra de alimentos para o refeitório. Outro projeto que será custeado pela Prefeitura de Irati será o transporte dos trabalhadores da associação e da cooperativa.
Parte da estrutura já está sendo usada desde o ano passado pela empresa que realiza o transbordo do lixo orgânico. A empresa Zero Resíduos foi contratada por meio de uma licitação. Com isso, os materiais não são mais levados para o aterro sanitário localizado na comunidade de Pinho de Cima.
O espaço passa por um processo de recuperação, uma das condições estabelecidas no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o município, o Ministério Público (MP) e o Instituto Água e Terra (IAT). “Nós tínhamos um problema crônico, de muitos anos, daquele lixão a céu aberto que era terrível, com aquele povo catando lixo junto com os corvos aquela coisa toda muito dependente. O Ministério Público realmente nos cobrava muito, inclusive foi assunto nas campanhas [eleitorais] era um tema que aparecia sempre, e hoje, graças a Deus, com o complexo, nós resolvemos essa questão do lixão. O lixão está sendo recomposto de acordo com as técnicas necessárias para isso, com o acompanhamento técnico do IAT necessário para isso”, conta a vice-prefeita, Ieda Waydzik.
Confira mais fotos da inauguração do Complexo Gari. Imagens: Jussara Harmuch
De acordo com a vice-prefeita, o complexo traz dignidade aos trabalhadores da associação e da cooperativa. “Nós tratamos aqui também com dignidade as pessoas que trabalham no reciclado, tanto a cooperativa de reciclados, como a associação Malinoski, cada uma recebendo um barracão, com os equipamentos, com uniformes, com material de proteção, inclusive banheiros adequados para que possam fazer a sua higiene. Isso traz uma dignidade de vida para todos eles. Isso nos deixa muito feliz por cumprir essa meta, cumprir esse desafio pessoas nos cobrados já há tanto tempo e, principalmente, cumprir uma norma ambiental”, disse Ieda.
Luciane Malinoski, da associação Malinoski, relata que o projeto é uma conquista. “Além de ser uma conquista para o município, é uma conquista para nós da associação, que é da associação. Não vai ter ninguém para dizer ‘aluga outro barracão’, ‘vocês vão ter que sair’ ou ter que sair [do local] se batendo”, comenta.
A presidente da cooperativa Cocaair, Rosângela Souza, também destacou que o novo espaço melhora o ambiente de trabalho. “Melhorou bastante do que era antes. Nossa Senhora! Agora ficou melhor ainda. Nós ganhamos barracão novo, ganhamos tudo novo, para nós é uma melhoria grande. Isso é uma comemoração para todos nós da cooperativa”, disse.
O desafio na reciclagem continua sendo a conscientização da população. Cerca de metade do material que poderia ser reciclado é descartado porque não foi separado corretamente. “Pessoal não tem ideia de quanto de misturado que vem junto com reciclado. É fralda. É de tudo. Tudo o que você pensar vem. Agulha, vem de tudo, dentro dos pacotes, junto com reciclado”, conta Rosangela.
Para reciclar corretamente, é preciso lavar plásticos e materiais para que não tenha conteúdo orgânico na mesma sacola de lixo dos recicláveis. Por exemplo, potes de iogurte e caixas de leite precisam estar sem os conteúdos líquidos. Já caixas de pizzas podem ser descartadas com um pouco de gordura no papelão, mas sem os restos da pizza.
Rosângela relata que se o material reciclado não for descartado de forma correta, ele é enviado para o lixo orgânico. “Se vir muito misturado, com um fedor, nós não utilizamos. Já jogamos para o rejeito. Não é nem reciclado. Nem abrimos, não chega para ser prensado. É direto para o rejeito”, afirmou.