Agricultores estrangeiros fazem visita técnica em Irati e Rebouças

Visitas ocorreram em uma propriedade rural do Camacuã, em Irati, e no Supermercado Martins, de…

25 de novembro de 2023 às 16h15m

Visitas ocorreram em uma propriedade rural do Camacuã, em Irati, e no Supermercado Martins, de Rebouças/Paulo Sava

Agricultores estrangeiros visitaram a propriedade de Luiz Hinça, produtor de tabaco da localidade de Camacuã, em Irati, acompanhados do presidente do Sindicato Rural de Irati, Mezaque Kecot Veres. Foto: Paulo Sava

Agricultores estrangeiros fizeram uma visita técnica a produtores rurais de Irati e Rebouças na manhã desta terça-feira, 21. O encontro foi promovido pelo Sindicato Rural de Irati, em parceria com o Supermercado Martins, a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP) e a Cooperativa Municipal da Agricultura Familiar de Rebouças (COMDAFAR).

No total, 32 produtores da Alemanha, do Canadá e da Áustria visitaram a região para conhecer as técnicas utilizadas na lavoura e as plantações de tabaco e outras culturas. Em entrevista à Najuá, a produtora alemã Caroline Nahar falou sobre a importância do evento. Nesta reportagem, contamos com apoio na tradução de Daniel Rizental, que acompanhou os produtores nas visitas.

“É um grupo de agricultores que vieram da Alemanha, da Áustria e do Canadá, e tiveram a oportunidade de, no supermercado Martins, fazer uma troca de ideias com outros colegas agricultores locais. Esta troca de ideias é vantajosa para todos, pois as boas práticas são utilizadas em outros lugares, as daqui podem ser utilizadas lá e as de lá poderão ser utilizadas aqui. A agricultura é igual e temos que nos ajudar um ao outro”, frisou.

O que chamou a atenção do grupo foi a agricultura sustentável, através do sistema de plantio direto, não somente para soja e milho, mas também em outras culturas. Carolina ficou impressionada com a importância dada ao agricultor no Brasil. “O que ela chama a atenção é que o agricultor, aqui no Brasil, é visto como ‘o cara’. Na Europa, o agricultor não é visto com a importância que ele tem: é visto como o cara que polui e faz tudo errado. Aqui, ele é o cara”, frisou.

Na foto, Daniel Rizental, tradutor que acompanhou o grupo de estrangeiros, o presidente do Sindicato Rural e o agricultor Luiz Hinça. Foto: Paulo Sava

Visita a fumicultor – A visita começou na propriedade do agricultor Luiz Hinça, na localidade do Camacuã, em Irati, que mostrou o processo de plantio, colheita e secagem do tabaco. Em entrevista à Najuá e em conversa com os agricultores estrangeiros, ele explicou que o trabalho de plantio e colheita do fumo é feito de forma manual. “É tudo manual. No tabaco, existe chão mecanizado, mas é bem plano e daí não dá, porque colhe a folha verde e a madura junto”, comentou.

Luiz disse que ficou um pouco tímido ao receber os visitantes, mas acredita que o encontro foi importante. “É importante, mas eu fico meio desenxabido porque a Alemanha é a Alemanha e o Brasil é bem diferente”, comentou.

O produtor já chegou a plantar 180 mil pés de tabaco. Hoje, ele não planta mais que 40 mil pés do produto, não ultrapassando 3 hectares de plantação. Atualmente, o Brasil lidera a exportação de tabaco no mundo todo.

O agricultor afirmou que precisa melhorar alguns aspectos na sua produção, mas agradeceu pela escolha de sua propriedade para a visita técnica. “Sei que temos muita coisa para melhorar, vamos sempre melhorar a nossa propriedade e vamos lutar para isto”, comentou.

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Rebouças – Em Rebouças, os agricultores estrangeiros tiveram a oportunidade de conhecer a diversidade de produtos da agricultura local. No total, 19 produtores do próprio município e também de Rio Azul levaram frutas, verduras, embutidos, carnes e produtos de origem animal, como queijos, para a exposição. O encontro serviu também para uma troca de ideias entre os produtores locais e os estrangeiros.

O produtor João Paulo Perussolo, ao lado da esposa Cláudia. Foto: Paulo Sava

O produtor João Paulo Perussolo, da empresa JC Perussolo Morangos, expôs morangos orgânicos e geleias produzidas a partir da fruta. Ele avalia que o evento organizado pelo Sindicato Rural de Irati juntamente com o Martins supermercados serviu para uma troca de ideias entre os produtores.
“A troca de informações, de ideias, o conhecer a forma que outros produtores produzem, a qualidade, é importante. Muitas vezes, os moradores de Rebouças, Rio Azul e de Irati, não sabem exatamente o que o seu município produz. Eles ficam sabendo de outros lugares distantes, mas não sabem exatamente o que seu município produz. Fica aqui os meus parabéns e a minha gratidão de estar participando deste evento como expositores nesta troca de informações”, frisou.

A produtora Simone Mangoni expôs produtos de seus laticínios, como queijos mussarella, provolone, ricota e manteiga. Para ela, o evento destaca a importância do produtor rural e da cadeia leiteira da região.

“A indústria de laticínios, hoje, faz uma captação de leite na região, que gira em torno de 150 produtores, que abrange Rebouças, Rio Azul, Mallet e Irati, e isto é muito importante. Além de demonstrarmos nossos produtos, queremos enaltecer a qualidade do leite que o laticínio aqui da cidade capta. A nossa matéria-prima exige o mais alto padrão de qualidade, e isto é medido através do laboratório físico-químico ou microbiológico da nossa indústria, passa por toda a parte de industrialização, mas o resultado final só é possível devido a todo o cuidado que os produtores têm com os animais e todo o manejo que eles têm no campo”, comentou.

Simone Mangoni, da empresa Laticínios Mangoni. Foto: Paulo Sava

O produtor de batatas, João Gruchinski, exaltou a iniciativa feita pelo Sindicato e pelo supermercado em favor dos produtores rurais. “É uma iniciativa muito boa que eles estão fazendo pelos produtores, para ver a diversificação que tem no nosso município, é uma coisa muito importante. O consumidor ganha com isso, porque o produtor vai vender e não vai ter atravessador no meio, vai ser uma venda direta. Hoje entreguei 2 mil kg de batata fresquinha, de qualidade”, contou.

Gerson André Knaut, conhecido por “Tico”, é produtor de abóboras. Ele acredita que o evento serviu para os agricultores locais e estrangeiros saírem com mais conhecimento sobre a agricultura de cada país. “Vamos conhecendo as coisas que vêm de fora, e trocando umas ideias, vamos nos ajeitando. Eu comecei há uns 12 anos, meio caindo, mas fomos nos ajeitando, uns ajudam de um lado e de outro e vamos nos acertando. Eu produzo a abóbora cabotiá, moranga e paulista ou menina, mas este ano está meio complicado por causa do clima, mas fazer o que? Um ano não é igual ao outro, na verdade”, comentou.

Já o agricultor Amauri Padilha, da comunidade de Rio Azul dos Soares, começou a produzir maracujá neste ano, para produção de sucos e geleias. “Estou com 600 pés plantados, que já estão começando a soltar as flores, viemos hoje para ver e estamos na lida. Eu tenho uma empresa que trabalha com a coleta de óleo de cozinha, e no restante do tempo lido com os maracujás. O resto do terreno é milho e feijão, mas a maior parte vai ser a lida com o maracujá”, comentou.

O produtor Miguel Strugala, da localidade de Riozinho de Baixo 3, que produz verduras orgânicas, avaliou o evento desta terça-feira de forma positiva. “Nós pegamos experiências do que os estrangeiros contaram para nós, sabemos um tanto e participamos das reuniões. Vamos nos aperfeiçoando, trocando ideias, e com um pouquinho de cada coisa, funciona”, afirmou.

Ieda Waydzik, vice-prefeita de Irati, ao lado da funcionária do Sindicato Rural, Carmen. Foto: Paulo Sava

Autoridades – Na opinião da vice-prefeita de Irati, Ieda Waydzik, a visita dos agricultores estrangeiros foi importante por conta da troca de conhecimentos entre eles e os produtores locais. “Isto é muito importante e eu quero parabenizar o Sindicato Rural, nas pessoas do Mezaque e da Carmen, pela iniciativa e pela oportunidade dos nossos agricultores estarem em contato com estas pessoas que trazem uma bagagem tão grande, como por oportunizarem aos estrangeiros estarem aqui conhecendo a nossa região, as nossas belezas e a forma de trabalhar. Isto valoriza o nosso agricultor, fruticultor, a pessoa que trabalha com tabaco e aí por diante”, afirmou.

O prefeito de Rio Azul, Leandro Jasinski, acredita que a visita dos produtores de outros países servirá como vitrine para a agricultura local. “Aqui, os nossos municípios, tanto Rebouças quanto Rio Azul e Irati, têm uma produção muito forte que está entrando muito nos mercados da região, como aqui no Martins, que já absorve grande parte da produção dos produtores de Rio Azul e Rebouças, que está sendo vendida nas prateleiras dos mercados. Ficamos felizes por vermos isto já acontecendo, e receber os produtores de outros países é um sinal de que a nossa região está sendo reconhecida e servindo de exemplo, e é um fato que temos sempre que apoiar”, pontuou.

Já para o prefeito de Rebouças, Luiz Everaldo Zak, mostrar a agricultura familiar da região para a comitiva foi algo muito importante, especialmente no que diz respeito à agricultura familiar. “Nós temos muitas políticas públicas de apoio à agricultura familiar aqui no município. Nossa cooperativa da agricultura familiar está crescendo, faturou R$ 3 milhões em 2022, e neste ano a perspectiva neste ano é que fature R$ 5 milhões, vendendo para programas governamentais, mercados e Ceasa. Eu acho que este evento é importante neste sentido”, frisou.

Empresário – Elvis Martins, proprietário do Martins Supermercados, contou que a ideia inicial do projeto era apresentar aos estrangeiros o processo de negociação do mercado com os produtores locais.
“A princípio, seria apenas uma conversa nossa com eles, explicando como funciona o processo para eles entenderem e levarem para seus países algumas ideias neste sentido. Conversamos e pedimos para estender este convite para os nossos produtores que nos fornecem aqui na região. Depois disso, eles compraram a ideia, falamos que iríamos fazer um coffee break no mercado, com sorteio de brindes. Acabamos estendendo o convite para autoridades locais, os prefeitos de Rio Azul e Rebouças, secretários de agriculturas dos dois municípios, estavam presentes o pessoal da EMATER, das cooperativas COAF, de Rio Azul, e COMDAFAR, de Rebouças. O evento tomou grandes proporções, que começou como visita técnica e acabou reunindo mais de 100 pessoas para falar sobre diversificação, este braço da economia que precisa ser fortalecido e apoiado, principalmente pelas empresas e pelo Poder Público”, destacou.

Sindicato – O presidente do Sindicato Rural de Irati Mezaque Kecot Veres, exaltou a realização da visita técnica dos produtores alemães, austríacos e canadenses à região. “Eles fizeram questão de conhecer a realidade da nossa região, visitamos um agricultor que planta tabaco, os visitantes verificaram a situação do trabalho manual. Na sequência, fomos aqui recepcionados no Mercado Martins, e isto coroou toda esta troca de experiências. Foi muito valioso tanto para os agricultores que vieram de lá quanto para os daqui”, comentou.

SEAB – Adriana Baumel, chefe do escritório regional de Irati da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (SEAB), acredita que a visitas é importante para mostrar a potencialidade brasileira na agricultura. “Somos um país com grande produção agropecuária, referência para o mundo e o Paraná também. A nossa região, especificamente, pela sustentabilidade e pelo remanescente florestal que nós temos, sempre deixa o pessoal que vem da Europa de olhos estalados devido a esta riqueza da nossa floresta. O pessoal lá já não tem mais todo este remanescente florestal que temos no Brasil e, em especial, na nossa região”, pontuou.

Depois da visita em Irati e Rebouças, os produtores seguiram para Ponta Grossa, Castro e Carambeí, para conhecer a bacia leiteira dos Campos Gerais.

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