Professora da Unicentro conta sobre superação do câncer de mama

Diagnosticada em outubro do ano passado, Cristina Ide Fujinaga ainda está afastada da universidade para…

03 de novembro de 2023 às 23h59m

Diagnosticada em outubro do ano passado, Cristina Ide Fujinaga ainda está afastada da universidade para finalizar o tratamento, mas já é considerada curada da doença/Texto de Karin Franco, com reportagem de Rodrigo Zub e Juarez Oliveira

Em entrevista à Najuá, a professora Cristina Ide Fujinaga contou como foi o tratamento e cura do câncer de mama. Foto: João Geraldo Mitz (Magoo)

Há um ano, a vida de Cristina Ide Fujinaga, fonoaudióloga e professora da Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (Unicentro), mudou completamente com o diagnóstico de câncer de mama. O diagnóstico surgiu durante os exames de rotina. Depois de um ano, Cristina está curada e passa por um processo de finalização do tratamento para que o câncer não volte.

Em entrevista à Super Najuá FM, Cristina contou sobre o processo de descoberta e superação da doença. “O Outubro Rosa para mim agora tem um significado especial porque exatamente no outubro do ano passado, eu realizei os meus exames de rotina e eu não sentia absolutamente nada. Eu creio que o meu milagre já começou desde aí, de eu ter tido um aviso, uma mensagem do Espírito Santo, que me mandou uma dor na mama que não tinha absolutamente nenhuma relação com o tumor e me despertou a necessidade de fazer os exames de rotina, que foi o ultrassom e a mamografia. Mesmo sem sentir nada na mama, mesmo sem ter nenhum sintoma, nenhum fator de risco, eu fui diagnosticado com câncer de mama no exame de rotina”, disse.

A primeira consulta foi em Irati, com um médico ginecologista que pediu um exame de ultrassom e mamografia. Durante o exame, não houve diagnóstico, mas a indicação de fazer uma biópsia para investigar o caso. Como não havia data disponível para fazer o exame naquele período, apenas no mês de dezembro, Cristina conta que decidiu ir para Pompéia, no estado de São Paulo, onde nasceu. “Pensava: ‘Não vai ser nada, eu vou fazer uma consulta lá em São Paulo só para adiantar’. Quando eu fui no mastologista, ele falou: ‘70% de chance de não ser nada. Tua idade, mesmo em um exame que não aponta nenhuma alteração muito importante, vamos fazer a biópsia só pra tirar a dúvida’. Mas fiz a biópsia e deu câncer”, conta.

O tratamento foi realizado no estado de São Paulo. “Foram seis sessões de quimioterapia, mais imunoterapia, que é uma terapia bem diferenciada, uma terapia muito avançada e que me possibilitou a cura. Depois de eu ter feito seis ciclos de quimioterapia, eu fiz a cirurgia. Depois de eu fazer a cirurgia ainda fiz 15 sessões de radioterapia. Eu ainda estou até março fazendo essa injeção – vamos chamar de injeção – que é um pulso de imunoterapia, que são mais 12 doses de uma droga que eu tenho que tomar, para essa coisa nunca mais voltar aqui e ainda fazer o bloqueio hormonal por cinco anos”, disse.

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A decisão de onde fazer o tratamento não foi fácil. As filhas estudam no Colégio São Pedro Canísio, em Irati, e não poderiam sair da instituição já que era fim do ano letivo. Já o marido trabalha em Imbituva como cirurgião-dentista e não podia abandonar o trabalho. “Nós decidimos isso juntos. Não foi uma decisão nada fácil. Eu fiz o tratamento em São Paulo e eles ficaram aqui. Eu tive o apoio da minha sogra, que ficou aqui cuidando, com meu marido, das minhas filhas. Tive muito apoio da escola, foi um apoio que eu não tenho palavras para agradecer, o quanto a escola e as professoras foram absolutamente importantes nesse processo. Da Unicentro, eu me afastei, o que também me doeu muito porque eu sou uma professora apaixonada pelo que faço, amo o que faço. Os estágios, as aulas, ficou tudo suspenso. Tive que suspender e fiquei em São Paulo durante esse tempo, sob os cuidados dos meus pais”, conta.

Cristina conta que ser cuidada novamente pelos pais foi um desafio. “Também fez parte do processo de cura porque as ouvintes que estão aqui presenciando a minha fala vão concordar comigo. É muito difícil para uma mulher ser cuidada porque a mulher está quase que obrigada a ser a pessoa que cuida e a partir do momento que adoecemos e precisamos contar com a ajuda de alguém, não é fácil para nós. Eu tive que aprender a ser cuidada, mas foi um processo muito importante porque todos nós nos fortalecemos. O meu casamento se fortaleceu, minha relação com as minhas filhas e, no fim das contas, eu me curei”, disse.

Cristina deu relato de como superou o câncer durante entrevista no programa Meio Dia em Notícias da Super Najuá. Foto: Divulgação

A professora conta que tinha efeitos colaterais por causa do tratamento e que houve a opção de as crianças visitá-las em São Paulo. “No meu caso foram seis sessões, mas eu tomava quatro drogas de uma vez. Eu ficava quase cinco horas na quimio, então era um período bastante longo. Eu tinha muita diarreia como um dos efeitos colaterais. Eu tinha medo de viajar de lá para cá e não me aguentar, não aguentar a viagem. Fora isso depois que eu fazia sessões, eu também recebia uma injeção autoaplicável, em volta do umbigo. Cinco injeções. Para mim, era como se fosse uma segunda quimio, que eram injeções para melhorar meu sistema imunológico. Por conta de eu ficar com a saúde extremamente fragilizada, nós ainda tínhamos um pouquinho do resquício do coronavírus, nós optamos por eu ficar lá e elas irem me ver”, conta.

A cura veio após o tratamento que aconteceu até o primeiro semestre deste ano. Cristina diz que a cura aconteceu especialmente por causa do diagnóstico precoce. “Eu tive o que os médicos chamam de resposta patológica completa. O tumor se foi com as quimios e com as radioterapias. Eu tive um tempo até operar, para me recuperar bem dos efeitos da quimio, que são inúmeros. Eu fiquei aqui em Irati de março até maio, quando eu fiz a cirurgia. Quando eu fiz a cirurgia, graças a Deus, como já não tinha mais nenhum tumor, a minha cirurgia foi pequena. Ela foi uma cirurgia parcial, eu não perdi a mama. Com a glória de Deus, ele me permitiu ficar com a minha mama. Foi uma cirurgia simples e ainda depois disso, eu também tive um tempo bem grande para me recuperar, para fazer as radioterapias porque, graças a Deus, o meu diagnóstico foi super precoce”, explica.

Durante o processo de cura, Cristina teve que superar alguns obstáculos. Um deles foi a perda de cabelo. A professora conta que foi preciso ter fé para conseguir superar as dificuldades. “Não virem para pessoa e digam para ela que é só o cabelo, que cabelo cresce de novo, que é só a sua aparência ou que a beleza não importa, o que importa é você estar viva. Não façam isso. Viver o câncer é algo terrível porque quando uma mulher tem um câncer de mama, ela pede todas as suas referências. É muito difícil termos essa força para superar isso de cabeça erguida, mas eu digo para vocês que é possível. É possível como? Primeira coisa, eu não estou aqui dizendo de nenhuma religião específica, mas eu acredito que a fé em Deus, a fé que Jesus veio, que ele derramou seu sangue por nós, que nós já fomos curados, que nós já recebemos a graça da vida, acho que a fé é a principal questão que faz nós superarmos isso de cabeça erguida”, disse.

O apoio de familiares e amigos também foi essencial nesta caminhada. “Esse amor que eu recebi me sustentou durante todo esse tempo porque a hora que você olha e vê a sua careca brilhar, não é fácil. Se para um homem perder o cabelo não é fácil, imagine para uma mulher. Só que eu tinha duas crianças que me falavam: ‘Mamãe, não fica triste porque se seu cabelo caiu, significa que a quimioterapia está fazendo efeito’. Quando elas disseram isso para mim, isso me fortaleceu. Porque, de fato, se meu cabelo estava caindo, era porque a quimioterapia estava fazendo o seu papel, cumprindo o seu papel”, explica.

A queda do cabelo também trouxe outra postura de vida. Cristina explica que decidiu encarar a vida de forma diferente para poder superar os obstáculos. “Eu posso escolher morrer de dó de mim, me achar feia, me achar esquisita – não que não achamos em alguns momentos, porque acha – mas eu escolhi reagir. E reagir para mim significou comprar um monte de lenço, experimentar cores diferentes de roupa. Não podia ficar apagada. Eu usava muito preto. Agora dificilmente eu coloco o preto porque eu quero me sentir viva. Aprendi a usar cores nas roupas, nos lenços, na maquiagem. Acabei fazendo até uma análise de coloração pessoal no meio do caminho. Conheci uma consultora e hoje estamos iniciando um projeto para ajudar outras mulheres que passam por isso, para conseguirem passar de cabeça erguida, para conseguir passar pelo câncer e ainda assim, sem cabelos, se sentir bonita”, conta.

Cristina ainda passa pela última fase do tratamento que são injeções para que o câncer não volte. “Eu ainda estou fazendo acompanhamento médico e eu ainda estou em tratamento. Estou na última etapa do tratamento, que é continuar usando essa medicação, que é revolucionária chamada imunoterapia ou terapia-alvo. Eu tive um tumor que – o bicho é danado – até o meu médico me falou que se eu tivesse sido diagnosticada há dez anos, eu teria apenas cinco anos de vida porque esse tipo de tumor que eu tive, ele engana o nosso corpo. É como se ele colocasse óculos de sol na célula que tem o defeito, o nosso sistema não conseguia identificar e ir lá eliminar. Ou seja, quando esse câncer voltava, ele voltava no corpo inteiro e a mulher não tinha chance. Mas graças à descoberta dessas drogas chamadas anti-hair 2 que esse câncer não volta mais, então eu me considero uma pessoa curada, embora eu ainda esteja tomando essas injeções”, disse.

A superação do câncer trouxe uma nova rotina para Cristina que teve que adaptar ao seu cotidiano. “A Unicentro ocupava muita parte do meu tempo. Eu não tinha limite para o trabalho. Eu era meio que workaholic. Eu tive que reaprender isso. Hoje na minha agenda a atividade número um é fazer meu devocional, é fazer a minha oração, é falar com Deus, é refletir sobre a palavra, depois eu vou fazer outras coisas”, explica.

O exercício físico também passou a fazer parte da rotina. Após superar o câncer, Cristina destaca que aprendeu a cuidar mais de si. “Eu tenho que fazer o esquema 7×7. Meia hora todo dia. Eu tenho esse compromisso comigo todo dia, de fazer uma atividade física, de preferência aeróbica. Eu estou fazendo também pilates, com a doutora Katiuscia, aqui em Irati para poder ter todo um fortalecimento muscular porque com a quimioterapia perdi muita massa magra, perdi muito músculo, perdi muito peso. Então, tem que ter toda essa recuperação. Aprendi. Tive que aprender a cuidar mais de mim”, disse.

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