Comando do Corpo de Bombeiros deve permanecer na cidade por pelo menos 30 dias trabalhando no apoio de resgate a famílias que residem em áreas alagadas/Paulo Sava
O nível do Rio Iguaçu, em União da Vitória, deve ultrapassar os 8 metros acima do nível normal de profundidade neste sábado, 14, em consequência dos temporais que atingiram a região nos últimos dias. Cerca de 5 mil residências devem ser atingidas pela inundação, afetando diretamente mais de 15 mil pessoas. Nesta sexta-feira, 13, o nível do rio atingiu 7,5 metros acima do nível considerado normal.
Em contato com nossa reportagem, o comandante do 10º Subgrupamento de Bombeiros Independente de Irati (10º SGBI), que atende também a região de União da Vitória, Major Jorge Augusto Ramos, informou que outros transtornos, como desvios de trânsito, podem acontecer naquela cidade. Ele está acompanhando toda a situação de perto junto com a subcomandante do Subgrupamento, Capitã Carla Adriana Spak Sobol.
Ramos contou que o trabalho dos bombeiros agora está em fase “reativa” e relatou o que está sendo feito naquela região. “Nós estamos fazendo muito trabalho no sentido de apoio na remoção de famílias de áreas de risco e alagadas, resgate de pessoas e animais, uma questão até de segurança nas áreas alagadas. Fazemos também o trabalho de coordenação da Defesa Civil junto com o município, atuando em várias frentes, seja na questão de documentação, por exemplo, para decretação de estado de emergência e toda a gama de trabalho que esta dimensão traz”, frisou.
O Rio Iguaçu vem subindo em uma velocidade gradual e constante em virtude do volume de água que recebe de seus afluentes. Porém, ele demora muito tempo para voltar ao seu leito normal. Isto deve fazer com que o comando do Corpo de Bombeiros permaneça em União da Vitória por pelo menos 30 dias ou até que a situação se normalize. Segundo Ramos, todo o município está mobilizado no atendimento às famílias que precisam de ajuda.
“O município está todo mobilizado, tudo agora gira em torno da questão da enchente. Praticamente há uma paralisia em todo o trabalho administrativo da Prefeitura. Todos os esforços dos servidores públicos municipais e estaduais que residem ou foram deslocados para cá se concentram no atendimento à enchente e aos problemas decorrentes dela. O pessoal da saúde está fazendo reforço de vacinação, em algum tipo de trabalho de prevenção à leptospirose, porque temos muita sujeira na água. A população fica exposta e as equipes de serviço têm que entrar na água constantemente. Tem trabalho para todo mundo em diversas dimensões”, pontuou.
Voluntários estão ajudando de toda forma as famílias que precisam de auxílio, seja com o empréstimo de caminhões para transporte de alimentos, roupas e outros donativos doados pela população. Um empresário emprestou um barco para que o Corpo de Bombeiros pudesse retirar as famílias de regiões inundadas. Além disso, o Exército também está auxiliando com seus caminhões e seu efetivo no transporte de mudanças das pessoas cujas residências foram atingidas pela água.
Policiais militares de folga também têm prestado auxílio, especialmente na entrega de alimentos, roupas e outros donativos nos abrigos onde estão acolhidas pessoas atingidas pela enchente. “Eu falava dos voluntários, tem uma multidão de pessoas ajudando de toda forma, quer seja com a produção de alimentos, abrigo de pessoas, auxílio nos abrigos públicos, nas doações de roupas, gêneros alimentícios e roupas de cama. As pessoas que saíram nos dias anteriores e estão nos abrigos são vulneráveis e muitas dependem da Assistência Social. Nesta situação, fragiliza ainda mais este tipo de população: a pessoa já tem pouco e nesta hora ainda perde o pouco que tinha. A comunidade se une de uma maneira muito forte e presente. Temos uma multidão de pessoas, quer sejam funcionários públicos, pessoas que as empresas liberam para trabalhar no apoio, e sobretudo neste trabalho de formiguinha que as pessoas têm feito no dia a dia”, frisou Ramos.
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A Cooperativa Cresol Horizonte está promovendo uma campanha de arrecadação de donativos para as famílias atingidas pela enchente em União da Vitória. Estão sendo coletados alimentos, leite, fraldas, material de higiene e limpeza, cobertores, roupas de cama e toalhas para auxiliar as pessoas que tiveram que deixar suas casas e estão em abrigos. A campanha está sendo realizada por tempo indeterminado.
As doações podem ser entregues nas agências da Cresol de Irati, que fica na Rua Munhoz da Rocha, no antigo prédio das lojas Real, e em Antônio Olinto, Rio Azul, Rebouças, Cruz Machado, Paulo Frontin, União da Vitória, Porto Vitória, Cerro Azul, Pontal do Paraná, Almirante Tamandaré, Itaperuçu, Rio Branco do Sul, São José dos Pinhais, Bocaiúva do Sul, Morretes e Colombo.
Forças-tarefas – O Corpo de Bombeiros deve continuar atuando em União da Vitória com o apoio de forças-tarefas de outros batalhões, especialmente com equipes oriundas da Região Metropolitana de Curitiba, que devem dar apoio operacional.
“Embora a situação esteja sob controle e nós tenhamos uma força de trabalho, este apoio extra é benéfico porque teremos um esforço continuado por muito tempo aqui ainda e nos dá capacidade operacional para desenvolvermos as diversas dimensões do trabalho do Corpo de Bombeiros nesta fase, em um evento bastante severo”, finalizou.
Boletim da Defesa Civil – O último boletim divulgado pela Defesa Civil do Paraná aponta que, até esta sexta-feira, 9 mil pessoas haviam sido afetadas pela enchente em União da Vitória. Destas, 4 mil estão desalojadas e 500 estão desabrigadas. Em Irati, 507 pessoas foram afetadas pelas chuvas dos últimos dias.