Larissa Mazepa assume comando da 4ª Regional de Saúde de Irati

Médica era responsável pelo banco de sangue de Irati e atuava em Rebouças, na unidade…

10 de julho de 2023 às 20h11m

Médica era responsável pelo banco de sangue de Irati e atuava em Rebouças, na unidade de cuidados continuados. Larissa substitui o enfermeiro Walter Trevisan, que comandava a 4ª Regional desde fevereiro de 2019/Texto de Karin Franco, com reportagem de Rodrigo Zub e Juarez Oliveira

Nova chefe da 4ª Regional de Saúde, Larissa Mazepa (foto), falou sobre a divisão de setores da instituição durante entrevista na Rádio Najuá. Foto: João Geraldo Mitz (Magoo)

A médica Larissa Mazepa assumiu a chefia da 4ª Regional de Saúde de Irati. Ela substitui o enfermeiro Walter Henrique Trevisan, que ocupava o cargo desde fevereiro de 2019.

Em entrevista à Najuá, a médica detalhou que a sua escolha foi direcionada a trazer um nome técnico para comandar a pasta. A indicação de Larissa partiu do deputado estadual, Hussein Bakri (PSD), que é líder do governo na Assembleia Legislativa do Paraná. “Quando eu fui sabatinada em Curitiba por alguns advogados e, por último, pelo secretário de [Estado da] Saúde, Beto Preto, ele me dizia que foi amplamente estudado o meu nome, para que não fosse o nome somente político, mas que fosse o nome principalmente técnico. Como o deputado Hussein Bakri já conhecia o meu trabalho através dos seus assessores, nós resolvemos assumir essa grande responsabilidade perante a nossa região porque nós vamos estar aqui, não só representando a cidade de Irati, mas todos os dez municípios da Amcespar”, disse Larissa.

Para assumir a nova função, a médica se desligou do trabalho na unidade de cuidados continuados no hospital Dona Darcy Vargas, em Rebouças. Ela também pretende deixar o Hemepar de Irati, onde é a responsável técnica do banco de sangue. Em Irati, o desligamento ocorre aos poucos porque ela aguarda a designação de um novo responsável técnico.

Contudo, Larissa conta que ainda está ligada ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) em Irati. Ela atua de uma a duas vezes por mês como uma das médicas de uma das ambulâncias do SAMU. “Inclusive foi o local aonde me levou aos outros municípios e a conhecer a realidade dos municípios. Isso despertou em mim a vontade de ajudar. Foi exatamente através do SAMU, aonde conhecemos a realidade de cada munícipe, de cada morador e que vemos isso, na maior parte na urgência e emergência. Quando você chega numa unidade e a unidade carece de alguns equipamentos, carece de profissionais qualificados. Tudo isso conseguimos perceber através de urgência no SAMU. Eu não me desliguei totalmente do SAMU, justamente para poder estar tendo esse feedback nos municípios mais longe”, afirma.

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A 4ª Regional de Saúde possui diversos departamentos e subdivisões que auxiliam na administração pública regional dos recursos públicos da saúde, como a distribuição de medicamentos, vacinas e a realização de consultas especializadas.

Um dos setores cuida da regulação, auditoria, controle e avaliação dos pacientes e é onde está a fila de espera de consultas e cirurgias especializadas na região. A nova chefe da 4ª Regional explica que essa fila ocorre também em outras regiões. “É o que mais queremos resolver. Do outro lado de cada processo, de cada número, existe uma pessoa esperando uma cirurgia, esperando óculos, esperando uma avaliação, esperando o número de um processo para neoplasia. Essas pessoas têm urgência. Eu sempre peço para a chefe dessa minha sessão, por favor, nos ajude, vamos acelerar com quem precisamos conversar, então é essa sessão que é uma das mais importantes na questão da avaliação dos processos”, avalia Larissa.

A 4ª Regional também é responsável pela organização dos procedimentos que precisam ser feitos fora de Irati, em municípios de todo o Estado. No entanto, a dificuldade é encontrar profissionais no estado que realizam esse procedimento. Segundo a médica, há especialidades médicas que não possuem profissionais e os casos acabam parando na Justiça para que a situação seja resolvida. “Alguns, conseguimos acelerar através da judicialização. O promotor diz que realmente a pessoa está com a vesícula para estourar e é preciso operar em 48 horas. Quando temos vaga e conseguimos encaixar esse paciente para cirurgia ou para o que ele precisar, a fila anda mais rapidamente. Mas existem casos em que não existe prestador de serviço. A fila não está ali porque queremos ou queremos que ela não ande, a fila está ali porque não tem ninguém que faça aquele exame, aquele procedimento. Infelizmente, isso acaba acontecendo com muitas pessoas”, conta.

É o caso de pessoas que sofrem com pedra no rim. Sem profissionais especializados, a fila de casos está se acumulando desde 2017. “Nós temos uma fila desde 2017 de cirurgias percutâneas renais, ou seja, o paciente tem uma pedra no rim, não conseguiu estourar com orlitotripsia, não conseguiu tirar através do cateter duplo J. Tem que abrir e tirar a pedra por uma cirurgia aberta. Não temos prestador para essa cirurgia. Nem aqui, nem em Curitiba, nem Ponta Grossa, nem em Guarapuava. Nós temos pacientes com judicialização em saúde e sem judicialização em saúde na fila de espera. E é gritante o desespero das pessoas porque pode perder o rim a qualquer momento”, disse Larissa.

Para diminuir essa fila, foi lançado o programa estadual Opera Paraná Fase 1. O programa trouxe incentivos a mais para a realização das cirurgias. O programa entre em sua segunda fase com um subsídio ainda maior para que as cirurgias possam ser marcadas logo. “Não era atrativo para os prestadores de serviço fazerem essas cirurgias eletivas e diminuir as filas de esperas, principalmente, das cirurgias. Era feito um X subsídio a mais para que fossem feitas essas cirurgias. A partir de hoje vão ser feitas 150% a mais em cima das AIHs para os prestadores terem um incentivo melhor. Antes era feito só o valor do incentivo sobre o procedimento. Hoje em dia, o Beto Preto [secretário de Estado da Saúde], para tentar conseguir mais pessoas para fazer em cirurgias ele vai dar 150% a mais no valor total do internamento, ou seja, não só no procedimento, mas no internamento, na comida, nos fármacos que são utilizados e, com isso, ele quer diminuir ainda mais as filas de espera, as filas, principalmente, de cirurgia”, conta.

A 4ª Regional é responsável pela distribuição de medicamentos, que não são fornecidos nos municípios. “Os medicamentos básicos, as unidades de saúde municipais têm. Os medicamentos que são mais de alto custo ou que precisam ser melhor avaliado para o paciente para fazer bem ao paciente, passa através dessa Escafar, onde temos uma pessoa que vai admitir o processo e ver se esta pessoa, com os exames que ela traz, tem capacidade de absorver tal medicamento ou tal medicamento e sugerir um outro medicamento, se for necessário. O Estado paga por essa medicação, mesmo que seja de alto custo”, explica a nova chefe da 4ª Regional.

Uma das ações para facilitar o processo foi a descentralização das farmácias, que auxilia com que o paciente não precise sair da sua cidade para buscar o medicamento em Irati. “A descentralização da farmácia é passar esses medicamentos de alto custo para as farmácias municipais para que o paciente, por exemplo, lá de Guamiranga ou de Inácio Martins, não precise vir buscar aqui Irati, aonde é a sede da 4ª Regional. Eles podem pegar lá na sua unidade de saúde. A única coisa que a cada seis meses ele tem que fazer exames, trazer para unidade de saúde, a unidade de saúde confirma para nós e repassamos novamente por mais seis meses esse medicamento para farmácia municipal. Essa é a descentralização da farmácia, mas a nossa farmácia ainda tem que fazer toda a vistoria desses medicamentos e ver se o paciente ainda precisa dessa medicação, para podermos continuar mandando para ele pelo tempo que ele precisar”, diz Larissa.

A médica também explica que outra atribuição da 4ª Regional é a distribuição das vacinas. “Todas as vacinas que chegam até a nossa 4ª Regional são as vacinas que são distribuídas para os municípios, ou seja, esta seção é que cuida da vacinação da população, além das doenças sazonais, gripes. Nós tivemos recentemente a doença do carrapato, a febre maculosa. É nesta seção que se estuda e que se tem todas as informações de toda a região que são repassadas para o Governo do Estado, e do Governo do Estado para o Ministério da Saúde, que é o Governo Federal”, conta.

A 4ª Regional ainda é responsável pela coleta e transfusões de sangue realizadas no Hemepar em Irati. A nova chefe da 4ª Regional destaca que deseja melhorar o setor. “Gostaria de que fosse liberada a fazer o processamento do sangue aqui em Irati também, porém ainda isso não nos foi permitido. Mas acredito que, em breve, se conseguirmos remodelar aquele edifício que está do lado da unidade de coleta e transfusão [antiga sede do Consórcio Intermunicipal de Saúde] para que ele se torne um braço do Hemepar, nós vamos poder fazer também não só a coleta e a transfusão, mas o processamento do sangue. Tendo em vista que esse sangue é destinado para toda a população da 4ª Regional de Saúde e nos últimos anos, nós estivemos auxiliando Curitiba, Ponta Grossa e União da Vitória também”, revela Larissa.

O objetivo é remodelar o prédio, que antes era ocupado pelo Consórcio Intermunicipal de Saúde, para que o Hemepar de Irati seja transferido para o local. “É um prédio da SESA [Secretaria de Estado da Saúde] que, infelizmente, a 4ª Regional é muito grande para entrar dentro desse prédio, mas a unidade de coleta e transfusão caberia perfeitamente ali. O Consórcio já devolveu esse prédio, já está na SESA agora. Os engenheiros estão estudando para ver como que conseguimos remodelar, readequar ele, para se tornar um braço do Hemepar”, disse.

Já no início da sua gestão, a médica conta que conseguiu cumprir um dos objetivos que era aumentar o número de hemodiálises em Irati. “Uma das principais ações que eu gostaria de fazer era de aumentar o número de hemodiálises para os pacientes aqui de Irati, porque nós tivemos uma situação de que dois pacientes estavam na UTI fazendo hemodiálise, porque não tinham vagas na nossa clínica renal de Irati. Logo que eu entrei e esse problema surgiu, eu já levei para o nosso secretário de Saúde, Beto Preto, e ele já autorizou. Foi autorizado um aumento para mais 20 pacientes. Essa era uma ação que eu queria fazer e que graças a Deus já foi feita”, explica.

Outro desafio no início da gestão é a renovação da licença sanitária de hospitais da região. “Nós precisamos fazer a licença sanitária dos hospitais que estão vencendo. Precisamos correr contra o tempo e com muito pouco pessoal, com um escasso recurso de profissionais, mas renovar a licença dos hospitais e tentar adequar eles o máximo possível para que eles possam cada vez mais receber subsídios do Governo do Estado”, conta.

A médica conta que um dos objetivos da sua gestão é prevenir as doenças e apoiar a atenção básica nos municípios. “A definição de saúde, de acordo com a Organização Mundial da Saúde [OMS], não é ausência da doença, mas o bem-estar físico, mental e espiritual ou psicológico, como queiram. Para isso, precisamos trabalhar em cima das unidades básicas de saúde, para que elas tenham um programa para que a população não só venha às unidades de saúde quando estão doentes, mas venham às unidades de saúde para que possam fazer uma medicina preventiva e prevenir a saúde. Também, em colaboração com a educação, fazer uma educação para saúde e através de todos esses pontos, que conseguimos fazer com que a população precise menos de saúde especializada e consiga mais dentro do seu próprio município”, explica.

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