Marcelo Rangel foi eleito deputado estadual com mais de 42 mil votos no estado. Ex-prefeito de Ponta Grossa retorna à ALEP para cumprir seu terceiro mandato na Casa/Texto de Karin Franco, com reportagem de Rodrigo Zub e Paulo Sava
Marcelo Rangel foi eleito deputado estadual com 42.002 votos. Antes de retornar para ALEP, ele havia comandado a prefeitura de Ponta Grossa por oito anos. Foto: João Geraldo Mitz (Magoo) |
O ex-prefeito de Ponta Grossa, Marcelo Rangel (PSD), foi eleito deputado estadual com 42.002 votos. Na área de abrangência da Associação dos Municípios do Centro-Sul do Paraná (Amcespar), foram 2.630 votos conquistados, sendo 870 em Irati.
Este será o terceiro mandato de Marcelo na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Ele foi deputado estadual entre 2007 e 2012, sendo que interrompeu o segundo mandato para assumir a prefeitura de Ponta Grossa em 2013, onde ficou até 2020.
Para Marcelo, a experiência o ajuda neste novo mandato. “Isso acaba nos credenciando a atuar na área anti-burocracia porque os prefeitos sofrem muito com isso. Os prefeitos acabam tendo dificuldades de implementar políticas públicas importantes, projetos fundamentais, porque tudo é muito demorado no nosso País. Eu vou trabalhar nessa área. Ser um pouco prefeito dos deputados lá na Assembleia Legislativa”, disse.
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A eleição para um terceiro mandato acontece após Marcelo quase desistir da política. Ele conta que teve esse processo depois de terminar o último mandato de prefeito. “Quando eu terminei o meu segundo mandato de prefeito, eu resolvi me dedicar à família, pelo fato de na política, você está sempre muito ausente dos seus filhos, da esposa, dos seus pais. Com o passar do tempo, fomos tendo um entrosamento muito maior, principalmente com as crianças lá em casa. Eu comecei a trabalhar na área de inovação. Eu comecei a abrir empresas na área de inovação. Fui secretário de Estado, fui o superintendente geral de inovação do Paraná, no governo Ratinho, e aquilo me abriu a mente”, conta.
Marcelo decidiu voltar a disputar uma eleição depois de ter experiências na área privada com inovações. “Quando você opta pelo lado profissional e pela iniciativa privada, você pensa assim: entramos na política ou ficamos na iniciativa privada? Por isso, eu acabei postergando essa decisão. Mas bem em cima da hora, eu pensei: Eu também tenho a responsabilidade porque as pessoas me cobram. As pessoas sabem que eu tenho uma experiência na vida pública e elas estavam me cobrando assim: ‘Marcelo, você poderia ajudar mais e principalmente pela ligação que você tem com o Ratinho, você é muito ligado ao governador, então isso vai facilitar, inclusive os projetos, o trabalho. Vai poder também auxiliar o governador a ser os olhos e os ouvidos do governador’. E aí nos últimos dias, eu pensei melhor, eu falei: ‘Sabe de uma coisa? Vamos enfrentar”, explica.
A desburocratização é um dos assuntos que o deputado eleito pretende levar para a Assembleia. O objetivo é ajudar a acelerar os processos no Paraná. “Pode se avançar através de projetos de leis. Isso pode ser feito, desburocratizando. Mas, principalmente, trabalhando na área de inovação porque para tudo tem uma demora, tem uma dificuldade, mas a inovação só existe para facilitar as coisas. Nós estamos aqui no estúdio, extremamente inovador de rádio. Vocês estão transmitindo para internet. A rádio teve uma audiência maior e, provavelmente, um faturamento muito maior também, ou seja, tem mais eficiência. Tudo por conta da inovação. Na vida pública é a mesma coisa. Se por um acaso, nós temos problemas de atendimento médico, por exemplo, na saúde, a inovação pode facilitar, agilizar o atendimento para a população mais carente que precisa. E em todos os outros ramos, outras atividades”, comenta.
Marcelo Rangel destaca que é preciso trabalhar na qualificação de jovens para suprir uma demanda de mercado “Eu quero qualificação para os jovens. Trabalhei na inovação e eu sei que, por exemplo, um jovem hoje que sabe fazer programação, ele está entrando em empresas de inovação ganhando R$ 7 mil, R$ 8 mil e não precisa estar em Curitiba ou São Paulo. Pode fazer o trabalho aqui na cidade de Irati, da sua casa. Só que não tem pessoas hoje capacitadas, com qualificação para fazer programação. Lá em Ponta Grossa, por exemplo, se vocês me indicarem um jovem que saiba alguma linguagem de programação, eu já tenho emprego para amanhã cedo, para assumir amanhã cedo”, disse.
O deputado eleito também destacou que para a região conseguir se industrializar, é preciso mais do que apenas qualificar a mão de obra, mas também ressaltar as potencialidades da região. “Nós precisamos trazer o que é mais importante de Irati para os investidores. Nós estamos aqui próximos de Curitiba. Estamos próximo de Ponta Grossa. Ou seja, nós temos aqui em Irati, a qualidade de vida que nós não temos em cidades grandes, com relação à segurança, com relação à vida numa cidade de médio porte. Mas não só isso. Nós temos universidade. Temos jovens. Temos possível mão de obra. É só qualificar essa mão de obra. A dificuldade hoje: ‘Ah, não tem mão de obra qualificada’. Mas, Ponta Grossa também não tinha mão de obra qualificada. Foi qualificada com o passar do tempo pela presença das indústrias”, explica.
O processo licitatório deve ser uma das pautas a serem debatidas pelo deputado eleito no novo mandato. Ele destaca que prefeitos e governadores têm dificuldades com empresas que ganham licitações, mas acabam abandonando as obras porque não há mais condições de fazê-las. “A empresa não tinha condições de realizar a obra e o prefeito, o governador fica de mãos atadas porque já fez o processo licitatório. Ganhou a empresa. A empresa não deu continuidade. Muitas vezes, até não tem um segundo colocado, não tem o terceiro colocado. Se entra na Justiça, a empresa faz as defesas e isso acaba sendo demorado na Justiça. Com isso, quem perde é somente a população. Esse é um bom exemplo do que eu gostaria de resolver através de um projeto de lei”, disse.
O deputado eleito conta que a intenção é que a empresa seja responsabilizada em caso de abandono da obra. “No caso, por exemplo, de um problema com a empresa que ganhou o processo licitatório, que ela seja responsabilizada e que tenhamos um processo mais rápido para contratação da segunda colocada. Ou até mesmo de uma nova licitação. Talvez uma forma mais ligada ao processo legislativo mesmo”, conta.
Uma das pautas que também deverá ser discutida na Alep é a licitação dos pedágios. O deputado eleito disse que concorda com o modelo que está sendo apresentado. “É o menor preço com as garantias de obras. O pedágio é inevitável. Em qualquer lugar do mundo existem pedágios para que as obras saiam do papel, para que investimentos sejam realizados. Agora, tem que se abrir um processo licitatório extremamente transparente, aberto para o mundo, com o menor preço e a garantia mínima de que estas obras sejam realizadas. Por quê? Se por um acaso deixar apenas o preço mínimo, aí entram empresas que podem até não ter as melhores intenções. Apenas de faturamento, mas na hora de contrapartida de serviços prestados, pode deixar a desejar. Isso não pode acontecer. No passado já houve isso. Infelizmente, no passado, nós tivemos contratos que não tinham essas garantias e as obras ficaram para o final do contrato. Depois nem foram realizadas. Nós temos que ter o menor preço, preço justo e é isso que precisa ser feito com fiscalização”, explica.
Marcelo também reitera que deve atuar na fiscalização do contrato. “Nós seremos fiscalizadores de cada vírgula contratual nesse processo licitatório. Não é possível, depois que se faz o contrato, depois que termina o contrato, que faz o processo licitatório, aí não tem mais o que fazer. É um pouco de responsabilidade de cada parlamentar também, observar cada letrinha pequenininha do processo que vai culminar no novo contrato”, disse.
Neste mês, técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) publicaram em um relatório indicando que o novo modelo poderá conter tarifas “sensivelmente superiores” ao que era praticado no estado. O relatório também recomenda a realização de novas audiências públicas para discutir a implantação de novas praças.
Para o deputado eleito, o relatório é uma “ilação”. “Eu vejo apenas, nesse momento, como uma espécie de ilação. Porque nós não fizemos o processo licitatório ainda. Não existe ainda nada realizado. Nesse momento, as estradas estão concedidas ao Governo do Paraná. Quando se faz cálculo antecipado, tem que tomar um certo cuidado. O Tribunal de Contas da União acha que vai ser mais caro, que vai ter acréscimo, que vai ser um valor muito acima do que as pessoas imaginam. Eles estão prospectando isso, mas ninguém tem certeza absolutamente nenhuma, de nada. Como nós falamos aqui na entrevista, um deputado tem que acompanhar o processo. A hora que iniciar o processo, aí sim, eu posso dizer a vocês, como vai caminhar. E como fiscalizador, principalmente, como representante do governador Ratinho Júnior, eu também sei que serei muito cobrado por conta disso”, afirmou.
Segundo o deputado eleito, é preciso atenção na discussão. “Nós temos pela frente muitas discussões. Não se pode também fazer como alguns estados fizeram, com preços muito abaixo e as estradas abandonadas. Isso não tem condição. Outra coisa, sabemos que o mundo está passando por uma dificuldade referente à problemas com relação ao petróleo, gasolina. O asfalto já não é o mesmo preço. Dizer que os valores estão aumentando, é uma coisa absolutamente óbvia. Mas, não se pode afirmar que os valores do pedágio serão esses ou aqueles porque não tem nem planilha ainda preparada”, disse.
Sobre fazer parte do governo estadual no segundo mandato de Ratinho Junior, Marcelo Rangel disse que não recebeu nenhum convite, mas caso tenha, ele deverá analisar. “Se por um acaso, eu tiver algum outro tipo de oportunidade que não seja de deputado, a primeira coisa que irei falar ao governador é: ‘Tudo bem, como é que ficam as minhas responsabilidades como um parlamentar, para que eu possa ajudar a cidade de Irati?’. Eu vou trazer obras? Eu vou conseguir resolver as demandas que estão me trazendo? Se eu conseguir fazer isso, não há problema”, conta.