Professora ucraniana pretende realizar sessões públicas em Irati para mostrar história do seu país

Svitlana Kryvoruchko, que atua como professora pesquisadora convidada da Unicentro e é bolsista da Fundação…

03 de março de 2023 às 22h58m

Svitlana Kryvoruchko, que atua como professora pesquisadora convidada da Unicentro e é bolsista da Fundação Araucária, está realizando trabalho de tradução de filmes que serão exibidos nas sessões/Texto de Karin Franco, com reportagem de Rodrigo Zub

Professora pesquisadora Svitlana Kryvoruchko ao lado do professor Clodogil Fabiano Ribeiro dos Santos. Foto: Unicentro/Divulgação

A região terá a oportunidade de conhecer mais sobre a cultura ucraniana por meio de sessões públicas realizadas por meio de um projeto realizado no Campus Irati da Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (Unicentro). O projeto é realizado pela pesquisadora ucraniana Svitlana Kryvoruchko, que atua como professora convidada na universidade e é bolsista da Fundação Araucária.

A reportagem da Najuá conversou com a professora para falar sobre o seu projeto e as suas pesquisas que estão sendo realizadas em Irati. O professor Clodogil Fabiano Ribeiro dos Santos, do Departamento de Matemática, auxiliou com a tradução das respostas.

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O trabalho realizado na Unicentro de Irati é feito dentro do Departamento de História, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em História. Svitlana conta que no local encontrou profissionais dedicados que auxiliam na realização do projeto. “Ela conheceu uma grande e maravilhosa equipe que estão muito engajados. São pessoas boas no que fazem, que são excelentes especialistas. Juntamente com a supervisora, a professora Méri Frotscher, elas fizeram um sistema para promover encontros entre professores e estudantes. Para isso, o recurso utilizado são filmes ucranianos que a Svitlana trouxe de lá e também algumas obras de arte ucranianas”, disse.

Atualmente, ela está traduzindo os filmes que possivelmente serão exibidos nas sessões públicas. “O trabalho dela no momento está sendo a tradução desses filmes, legendar em português, para que futuramente possamos fazer sessões para comunidade. Nessas sessões, trazer um pouco do contexto da história ucraniana, até mesmo para localizar a diáspora ucraniana aqui do Brasil, no que está acontecendo com a Ucrânia, numa espécie de um trabalho de fortalecimento dessa identidade porque todos esses filmes que ela trouxe, trazem temas históricos, temas de obras literárias e que refletem eventos históricos na Ucrânia que estão no imaginário desse povo de origem ucraniana que vive aqui no Brasil”, explica o professor Clodogil, que traduziu a fala de Svitlana.

O objetivo com as sessões é mostrar a história da Ucrânia e explicar os processos históricos que o país passou nos últimos anos. “O propósito é olharmos isso com um olhar dentro do que esse discurso para as emoções, para o coração das pessoas que tem essa nacionalidade, como ancestral. E também situá-los nesse contexto porque, muitas vezes, a nossa diáspora ucraniana está isolada. Ela ficou por muitos anos isolada, perderam contato por diversas circunstâncias e a pessoa não tem mais essa ligação. A ligação fica somente naquelas atividades comunitárias, mas elas perderam um pouco dessa ligação com uma pátria nativa dos seus antepassados”, conta o professor.

Uma das obras que deverá ser levada ao público é a de um escritor ucraniano que acabou se suicidando em 1933, durante o período conhecido como Holodomor, um período de grande fome na Ucrânia durante o regime soviético. A obra foi traduzida pela professora e acabou se tornando um filme, que será exibido ao público. Outra obra também trará a história de um escritor ucraniano que foi morto também na União Soviética. A intenção é trazer a história ocorrida no país durante a vigência da União Soviética. “Olhar para esse filme do ponto de vista da ideia comunista que foi revelada através da população de língua russa, que hoje existe uma parcela significativa da Ucrânia que é russófona. E também olhar para o processo de destruição de tudo que é o ucraniano”, disse Clodogil.

A pesquisadora também analisará um jornal ucraniano publicado no país. “Existe um jornal publicado em língua ucraniana aqui desde o início do século 20, chamado Práxia. É bem conhecido pelos descendentes ucranianos. Ela esteve visitando o Museu do Milênio [em Prudentópolis], um museu que reúne artefatos da cultura ucraniana, da imigração ucraniana e conta a história da imigração. Conversou com uma fundadora do museu e conversou sobre a possibilidade de acesso ao arquivo do jornal, que é publicado desde o início do século 20. Aqui, na Unicentro, tem um arquivo. Mas eles devem ter um arquivo completo lá na gráfica que publica o jornal até hoje. O propósito do trabalho dela é enaltecer a importância desse jornal para a manutenção da identidade ucraniana aqui no contexto paranaense”, conta.

Professora Svitlana ao lado dos demais profissionais que atuam na Unicentro, que estão auxiliando seu trabalho de pesquisas da cultura ucraniana. Foto: Unicentro/Divulgação

Após o término das pesquisas, a intenção é produzir um livro que reúna o material trabalhado. “Com todo esse material produzido, a ideia é compor um livro sobre a obra do poeta para que esse livro possa ser utilizado pelos professores aqui da universidade e também os professores que ensinam a língua e a literatura ucraniana, para os alunos que estudam a literatura ucraniana, a literatura brasileira ou a literatura mundial”, disse.

O professor Clodogil Fabiano Ribeiro dos Santos destaca que essa é uma oportunidade importante para a comunidade, especialmente na troca de experiências internacionais. “A nossa universidade é uma universidade pública. O ensino aqui é gratuito. O corpo docente e a estrutura refletem a qualidade do que se faz aqui, dessas relações internacionais, porque tem muitas pessoas que tem um olhar para universidade de uma instituição elitista, uma instituição que aceita poucas pessoas, excludente, e, muito pelo contrário, nós queremos cada vez mais a proximidade com a comunidade. Nós queremos que a comunidade veja o que é feito aqui. Total transparência nas coisas que nós fazemos, temos eventos aqui que ocorrem e que não tenham medo da universidade porque a universidade abre as portas para o mundo. Veja só quando que nós íamos pensar que teríamos uma professora visitante da Ucrânia aqui”, explica.

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