Deputada Federal se licenciou para assumir cargo no governo estadual. Leandre já foi procuradora da mulher na Câmara dos Deputados e ocupava a função de procuradora adjunta/Texto de Paulo Henrique Sava, com reportagem de Jussara Harmuch
A deputada federal Leandre Dal Ponte (PSD) assumiu recentemente a Secretaria de Estado da Mulher e da Igualdade Racial, a convite do governador Ratinho Júnior. Ela, que foi reeleita em 2022 para o 3º mandato consecutivo, foi procuradora da mulher na Câmara dos Deputados e vinha ocupando o cargo de procuradora adjunta.
Em entrevista à Najuá, a deputada enalteceu a criação da secretaria dentro do Governo Estadual. “Primeiro, é importante reconhecer que a criação da Secretaria foi um grande avanço para o nosso estado, e parabenizar o nosso governador por esta iniciativa. Eu entendo que é uma política necessária para podermos construir um Paraná ainda mais justo e inovador. Ele teve esta sensibilidade de entender que é importante esta participação das mulheres”, frisou.
Secretaria-meio – A pasta é considerada uma “secretaria-meio”, pois as políticas tratadas por ela precisam estar inseridas em todas as demais áreas, seja na saúde, educação, esporte, cultura, entre outras. Segundo Leandre, existe um Plano Estadual de Políticas Públicas para Mulheres e Igualdade Racial vigente até 2025. O objetivo da Secretaria é de trabalhar estas políticas públicas junto aos 399 municípios paranaenses.
“Ele já traz muitas demandas que foram consolidadas pela sociedade e pelo Conselho da Mulher, que fez este trabalho através de conferências e organizações de encontros, para que possamos ir trabalhando e fortalecendo as políticas que já existem nas pastas do Governo Estadual. A partir do momento em que tenha um monitoramento disso por parte da nossa secretaria, que vai fazer a avaliação, poderemos fortalecer aquelas que são importantes, ajustar alguma que esteja fora de foco, mas principalmente enxergar onde estão os vazios”, comentou.
Eixos de trabalho – A secretaria contará com dois eixos principais de trabalho. O primeiro deles é a promoção das mulheres na sociedade, segundo a secretária. “Nós queremos promover as mulheres e que elas tenham protagonismo, autonomia e que possam empreender”, comentou.
Outro eixo é a proteção e o combate à violência doméstica, segundo Leandre. “Viemos de um passado no qual as mulheres eram ‘objetos de posse’, e infelizmente esta cultura de domínio do homem sobre a mulher tem trazido para o nosso estado grandes prejuízos. Eu acredito que a Secretaria vem trabalhando nestas duas frentes, primeiro para que possamos trabalhar pela promoção da igualdade e também pela cidadania de meninas e mulheres, mas principalmente eliminar toda e qualquer forma de violência contra a mulher”, pontuou.
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Dia de Combate ao Feminicídio – No Paraná, a data de 22 de julho foi instituída como Dia Estadual de Combate ao Feminicídio depois da morte da advogada guarapuavana Tatiane Spitzner, assassinada em 2018. Poucos dias depois, em 26 de julho, Ivanilda Kanarski foi assassinada pelo marido no Parque Aquático de Irati. No júri popular, foi afastada a qualificadora de feminicídio, porém o réu foi condenado a 24 anos e 4 meses de prisão.
Leandre destacou que a agressão física não é a primeira e nem a única forma de violência contra a mulher. “É lógico que o feminicídio ou a violência física contra a mulher são as formas mais visíveis, mas não são as únicas. Elas não são o começo da linha da violência, mas sim o fim. Para chegar neste estágio, com certeza as mulheres passaram por muitos outros tipos de violência que não conseguiram identificar a tempo, que, por uma questão cultural, achamos natural. Trabalhamos muito a questão da repressão, que se faz com lei para punir. A Lei Maria da Penha pegou mesmo, é uma das mais populares do país e é importantíssima”, frisou.
Para a secretária, é preciso trabalhar a questão da prevenção à violência contra a mulher, especialmente na educação das crianças. “Nós precisamos educar e isto tem que estar muito presente porque imagine uma criança que cresce dentro de um lar onde vê os pais tendo um comportamento violento, é visível que ela vai crescer levando esta lembrança. Para ela se libertar disto, será necessário muito investimento. Então, o melhor é combater a causa do problema e não só ficar tratando os efeitos. Aqui na Secretaria, nós queremos trabalhar muito isto, além desta questão dos vazios que existem principalmente no atendimento à vítima de violência e seus direitos. Sempre é a mulher que tem que sair de casa, ir para um lugar estranho e abrir mão de tudo. Assim é com a questão do cuidado”, finalizou.
Procuradoria da Mulher – Um dos trabalhos realizados por Leandre foi a criação das Procuradorias da Mulher em 100 câmaras municipais paranaenses, entre eles Irati, cuja procuradora é a vereadora Vera Maria Gabardo (PV). Pelo menos 100 cidades contam com este projeto, que fortalece a rede de proteção à violência doméstica.