Atendimentos de emergência e urgência devem ser feitos pelo 192 para que o SAMU acione o veículo correto no menor tempo possível/Texto de Karin Franco, com reportagem de Paulo Henrique Sava
Quem necessita de atendimentos de emergência ou urgência na região precisa acionar o SAMU por meio do telefone 192. De acordo com a diretora técnica do CIMSAMU, Kelly Kravchychyn, a ação auxilia que seja destinado o veículo correto no menor tempo possível para cada situação, seja acidente ou emergência médica. A diferença é significativa quando a ocorrência necessita do apoio médico, que é encontrado nas ambulâncias do SAMU e não do Corpo de Bombeiros.
A diretora técnica explica que o SAMU ampliou os tipos de atendimentos feito anteriormente apenas pelos bombeiros. “A partir do momento que o SAMU foi criado no início dos anos 2000, ele veio para integrar o atendimento de urgência e emergências juntamente com SIATE [Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência], que, a princípio, atende somente o trauma. O SAMU veio para atender as urgências clínicas. Hoje com a regionalização do SAMU, que aconteceu desde 2018, com a implantação do consórcio e adesão dos 27 municípios dos Campos Gerais, o ideal é que todas as urgências, independente da natureza – clínicas, traumas e acidentes – entrassem através do 192, para que a Central de Regulação, que fica em Ponta Grossa, faça a triagem dessa ocorrência e destine o veículo adequado para o atendimento”, conta.
O SAMU tem ambulâncias com equipes que possuem médicos ou equipes que não possuem médicos, tendo apenas enfermeiros e técnicos. Assim, cada ocorrência que chega à Central de Regulação pelo 192 é analisada e se a ocorrência precisa de uma ambulância com médico, é acionada a mais próxima do local do chamado.
Os casos de emergência que chegam ao 193, do Corpo de Bombeiros, são repassados para a equipe do SAMU. No entanto, como a ligação do 193 pode cair em qualquer lugar do estado, há possibilidade de haver atrasos no chamamento do médico. Isso acontece porque o SAMU dos Campos Gerais ainda não está totalmente integrado com toda a rede de bombeiros do estado. “Na região fora de Ponta Grossa, os SIATEs, ainda não estão integrados com a nossa Central de Regulação. Eles ainda recebem as ligações pelo 193 e despacham as viaturas do SIATE, mas, muitas vezes, eles precisam do apoio médico e o médico é do SAMU. Se a ligação entrar no 192 e o médico já conseguir identificar a gravidade da lesão, eventualmente, já conseguimos despachar o médico com maior rapidez do que se entrar só pelo 193. Geralmente, os bombeiros passam para nós as ocorrências, mas acabamos tendo um delay entre o acionamento do médico do SAMU, quando a ligação eventualmente entra só no 193”, disse.
Atendimento via 192 – Quando a pessoa liga diretamente para o 192, o caso vai para Central de Regulação que pede informações que auxiliarão na decisão de qual ambulância enviar. “A linha 192 é uma linha que funciona 24 horas, ininterrupta. A partir do momento que a pessoa entra em ligação, no 192, quem acolhe se chamado é o telefonista, que é um técnico auxiliar de regulação médica. Ele precisa de algumas informações importantes, principalmente, a localização da vítima e o que aconteceu. Na sequência, ele passa essa ligação para o médico regulador que vai precisar de outras informações importantes, como o estado da vítima, número de vítimas no local, que tipo de acidente, para saber se precisa encaminhar outras viaturas para preservar a segurança no local da cena. A partir disso, o médico regulador vai encaminhar o recurso adequado, baseado nas informações que o solicitante passa. Por isso, a importância de o solicitante ter as informações principais para que sejamos o mais ágil possível”, conta.
Tempo – O atendimento do SAMU é organizado para que a viatura chegue no local 15 minutos, em média, sendo que a triagem da ligação do 192 tenha cerca de 40 segundos e o acionamento da viatura seja feito em 30 segundos. A expectativa é que a viatura chegue no local em um tempo médio de 15 a 20 minutos. “Tem que pensar que, eventualmente, o local aonde aconteceu o acidente, é um local mais afastado de onde a viatura está. Vai depender do deslocamento dessa viatura até o local e, eventualmente, vai levar mais do que 10, 15 minutos por conta da distância”, explica.
A diferença entre as ambulâncias do SIATE e do SAMU não está no tempo de deslocamento, mas na necessidade de um médico. “No caso de precisar de apoio médico, vai depender do bombeiro ligar no 192 ou do solicitante fazer uma segunda ligação para 192, informando a gravidade do acidente para que possamos disponibilizar a viatura do médico. A viatura do SIATE não tem o médico presente. Ela tem dois socorristas, dois bombeiros socorristas. O médico fica baseado na base do SAMU, em outra ambulância, que chamamos de Unidade de Suporte Avançado, aonde eu tenho um motorista socorrista, um médico e um enfermeiro intervencionistas”, disse.
O município de Irati possui uma dessas ambulâncias, com apoio médico, que está na base localizada no Pronto Atendimento da Vila São João. Essa ambulância atende Irati e outros municípios da região que não possuem esse tipo de ambulância. “Tem que levar em consideração também a ausência dessas bases descentralizadas na contagem do tempo até o socorro chegar”, conta.
Helicóptero – Outro meio de atendimento é o helicóptero, que pode ser usado em casos mais graves. Ele é equipado como se fosse uma UTI Móvel e tem o atendimento de profissionais como médico e enfermeiro. “O único inconveniente que temos do helicóptero são as questões meteorológicas. Se tiver chovendo ou se tiver alguma questão meteorológica negativa para o acionamento, não temos como enviar o helicóptero. Mas em condições meteorológicas ideais, o tempo do acionamento do helicóptero é igual a uma viatura. São segundos para o acionamento. Levantar o voo da aeronave e pousar em Irati. No máximo, de 15 minutos a 20 minutos, temos a disponibilidade da aeronave para a remoção dessa vítima. Claro, que a aeronave, num caso clínico como em um infarto, ela vai pousar no local pré-determinado. Nos casos de acidente, por exemplo, temos que pousar essa aeronave muitas vezes na rodovia. É importante que a pessoa que esteja no local, o solicitante, entre em contato, eventualmente, com Polícia Rodoviária. Também entramos em contato pedindo apoio do órgão para que faça o bloqueio da estrada para que essa aeronave possa pousar”, disse.
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Primeiros socorros – Durante o atendimento na ligação do SAMU, o médico regulador também pode auxiliar a pessoa que está ligando a fazer os primeiros socorros no paciente. “O médico regulador já consegue orientar muitas coisas que o próprio solicitante vai fazer para ajudar no desfecho dessa urgência. Inclusive, com eventuais manobras que possam ser feitas mesmo por pessoas leigas, com a orientação do médico regulador, até que consigamos encaminhar uma viatura o mais breve possível”, conta.
A diretora ainda enfatiza que é importante que a pessoa que solicita o atendimento tenha informações corretas, como local da ocorrência e o que aconteceu, para que o atendimento seja o mais rápido possível. “Sabemos que na maioria das vezes o solicitante é próximo à vítima, é um parente, então fica numa situação de estresse e de ansiedade. Mas sempre pedimos que o solicitante esteja calmo para poder passar as informações da forma mais rápida possível e da forma mais correta possível, para que possamos empenhar o veículo o mais breve possível. As informações básicas são a cidade, porque a Central da Regulação fica em Ponta Grossa. É importante identificar de onde está vindo a ligação. A cidade de onde está falando. O que está acontecendo, mais ou menos, na área da vítima e a localização exata da onde essa vítima está porque não tem como eu encaminhar uma viatura sem saber aonde essa vítima se encontra”, explica.
A ligação é atendida pelo primeiro atendente que passa a ligação para o médico regulador. A diretora explica que nesta etapa, mais perguntas são feitas para auxiliar no tipo de ambulância que será levada ao local. “O médico regulador vai fazer algumas perguntas, dependendo da queixa. Se for um acidente, o médico vai perguntar que tipo de acidente, porque é importante sabermos se tem carga perigosa envolvida para, eventualmente, pedir para que o bombeiro faça o apoio no local, para evitar outros acidentes, riscos de explosão. Tudo isso tem que ser avaliado na hora da triagem. Muitas vezes o solicitante está naquela aflição e ele só quer que envia a ambulância. Não é só enviar a ambulância. Precisamos pensar em tudo que pode acontecer na cena do acidente”, conta.
Detalhes médicos também são perguntados nos casos clínicos, como em um infarto, por exemplo. “A pessoa está em casa, com uma dor toráxica, pode estar infartando. É importante que o solicitante saiba as informações sobre a vítima. Se já usa algum medicamento ou não, se já fez algum tipo de tratamento ou não, quando começou a dor, como é a dor e como que a vítima se encontra no momento. São informações importantes para que o médico possa decidir qual veículo adequado que ele vai empenhar nessa ocorrência”, explica.
Após a ligação, é importante que a pessoa que solicitou o atendimento auxilie na sinalização do local da ocorrência para a chegada da viatura. “A partir do momento que você passa a localização correta, tudo que você puder fazer para sinalizar o local para que a viatura possa enxergar o mais breve possível. Se for uma residência, tiver mais uma pessoa no local, fica alguém em frente à residência para sinalizar quando visualizar a viatura. Se for em rodovia, em um acidente, tentar sinalizar a rodovia também para que outros veículos não se envolvam no mesmo acidente. Tudo isso é importante. São informações que a população deve ter para auxiliar no serviço de urgência”, conta.
A diretora técnica ainda destaca que as ambulâncias, com ou sem médico, também precisam fazer um trabalho no local de atendimento, para evitar complicações do paciente, até chegar ao hospital. “Existem algumas coisas que precisamos fazer no local, não é simplesmente colocar a vítima dentro da viatura e deslocar para casa hospitalar. Muitas vezes precisamos imobilizar uma fratura, estabilizar uma fratura, pegar um acesso venoso, verificar os dados vitais da vítima e, às vezes, o solicitante e a própria população acabam que não entendendo o porquê que a viatura fica 5 ou 10 minutos no local. Demorou para levar a vítima para o hospital, mas não é demorar. É levar essa vítima com condições melhores para ter um prognóstico melhor no final. Existem muitas vezes alguns procedimentos que precisamos fazer no local antes de deslocar com essa vítima para o hospital”, disse.
As equipes do SAMU recebem treinamento prático e teórico a cada 90 dias e são realizadas avaliações das equipes que atendem no serviço.
Ao todo, 1 milhão de pessoas são atendidas pelo SAMU Regional que abrange os municípios da região do Campos Gerais. A média móvel de atendimentos na região dobrou desde a implantação em 2018. No ano de implantação, eram 3 mil atendimentos por mês. Em 2022, o atendimento foi para 6, 6 mil atendimentos por mês, sendo 250 atendimentos a cada dia.
Trotes – Os trotes ainda são um dos problemas que o SAMU enfrenta e que atrapalha o atendimento regular do serviço. “Só temos 33 ambulâncias disponíveis para os Campos Gerais. Nós não temos, infelizmente, um número infinito de viaturas. Eventualmente, um dia ou outro, não temos disponível viaturas para atendimentos e ainda entram os trotes. O que acontece é que acabamos disponibilizando, deixando de atender, às vezes, ficam filas de solicitações aguardando ainda o atendimento. O médico regulador classifica as urgências, então, existem as urgências de grau 1, 2, 3 e 4. E, de repente, entra um trote e o solicitante consegue nesse trote evidenciar uma urgência grau 1. Você acaba tirando a viatura que iria para uma vítima grave e disponibiliza para o trote. O trote é crime. Ele não deve ocorrer. Ele acaba atrapalhando o serviço de urgência e, muitas vezes, acabamos perdendo vidas por conta dos trotes”, explica a diretora técnica.