Fumo vendido abaixo do custo de produção, revolta fumicultores

Prejuízos aos produtores chega a R$ 3 por quilo em médiaRodrigo Zub © Rodrigo Zub…

11 de junho de 2011 às 09h57m

Prejuízos aos produtores chega a R$ 3 por quilo em média
Rodrigo Zub

© Rodrigo Zub

Segundo Mesaque além dos agricultores, municípios também são prejudicados com a safra ruim de fumo
Insatisfeitos com o preço muito abaixo do considerado ideal pago pelo quilo de fumo durante a safra deste ano, fumicultores de Irati e região cobram principalmente das empresas fumageiras, medidas e soluções imediatas para garantir a sustentabilidade através desta atividade.

A remuneração média em 2011 está em R$ 5,21 o quilo, o que não é suficiente para cobrir os custos de insumos e financiamentos, pois em muitos casos devido a classificação feita pela fumageiras os agricultores vendem o fumo abaixo do custo de produção.

Se comparando com os meses anteriores, o problema é ainda maior. No início da safra entre  os meses de janeiro e abril muitos agricultores venderam o fumo a R$ 4,98. Mas agora o prejuízo chega a R$ 3 por quilo aos produtores que estão negociando o produto entre R$ 2,27 e R$ 4,80 em média.

Classificação do fumo

O principal questionamento dos produtores é sobre a classificação feita pelas indústrias e compradores de fumo que acabam rebaixando o produto de uma classe para outra sem uma explicação lógica, pois na visão dos fumicultores a qualidade e o tipo de fumo são os mesmos em relação à safra passada.

Em participação no Programa Meio Dia em Notícias de sexta-feira, 10, o produtor de fumo, Silvestre da localidade de Água Mineral demonstrou  sua insatisfação com a classificação realizada pelos negociadores. “No mercado  se comprarmos o mesmo pacote de arroz do ano passado ele terá um preço menor para o consumidor? Não. Então, porque isso acontece com o fumo?

Segundo o presidente do Sindicato Rural de Irati, Mesaque Kecot Veres questionadas sobre o problema as empresas fumageiras não apresentam nenhum explicação condizente com a realidade. “As justificativas são as mesmas dos últimos três anos. Estoque grande e de qualidade da última safra, valor do dólar baixando, pois 80% do tabaco é exportado e contrabando, já que mais de 30% do cigarro comercializado no Brasil é ilegal. Todas as empresas têm esse discurso de sustentabilidade, mas precisamos que essa sustentabilidade seja dada ao produtor rural que mantém toda essa cadeia produtiva”, revela.

Perda de receita para os municípios

Além de interferir diretamente na renda dos produtores rurais, o problema afeta toda a economia e comércio dos municípios que acabam perdendo receita e recursos, pois o sucesso da safra está diretamente ligado com o desenvolvimento de muitas cidades que tem o fumo como fonte de renda e sobrevivência, como é o caso de Rio Azul, onde aproximadamente 80% dos produtores rurais cultivam o fumo.

“Individualmente o produtor fica sem renda, endividado, mas existe uma série de problemas. Se fosse comercializado o fumo com o mesmo valor do ano passado em Irati, por exemplo, arrecadaria R$ 47 milhões, mas com esse valor de R$ 5,21, o quilo, ficaria em R$ 38 milhões, são R$ 9 milhões a menos em receita. Nos outros municípios acontece a mesma coisa. Em Imbituva e Ipiranga menos R$ 8 milhões, Rio Azul menos R$ 14 milhões. Na região da Amcespar o prejuízo é ainda maior, pois mais de R$ 51 milhões deixam de ser arrecadados”, revela Mesaque.

Mão de obra e lucratividade

Outro problema é o custo de produção, já que em alguns casos o produtor acaba pagando pela sua própria mão de obra.  “O custo com insumos, financiamentos, compras de mudas, entre outros investimentos custa em média R$ 6 mil por safra aos produtores. Já para produzir um hectare de tabaco custa R$ 12.105. Vendendo o quilo do fumo a R$ 5,21,  o produtor irá obter R$ 10.785. Valor abaixo do custo de produção causando prejuízo ao agricultor que poderia estar trabalhando em uma outra atividade com muito mais lucratividade”, conta Mesaque.

Para o presidente do Sindicato Rural, é preciso encontrar um caminho para regulamentar essa situação, pois a partir do momento que a empresa contratou os serviços do agricultor ele não pode ter prejuízo nessa atividade.

“Hoje nós temos uma legislação trabalhista já bem definida. Eu tenho uma empresa com 20 funcionários, por exemplo, eu não posso como a empresa não está dando lucro diminuir o salário de todos os empregados. Se o produtor não se encaixa no perfil, a empresa não o contrata. A partir do momento que contratou as empresas têm que dar garantias mínimas de sobrevivência aos produtores”, exemplifica.

Fumo ainda é a principal fonte de renda para pequenos agricultores

Algumas pessoas defendem que em função da pouca rentabilidade da safra de fumo deste ano, uma das soluções seria investir na diversificação e investimento em outras culturas. Mesmo assim, estudos revelam que a produção de fumo continua sendo a principal fonte de renda entre os agricultores.

“Mesmo com todo esse problema que a gente está encontrando no fumo a remuneração no País no ano passado foi R$ 26 milhões. Já os produtores de soja, milho e feijão tiveram prejuízo de R$ 10,5 milhões. Por isso, a fumicultura é uma das únicas atividades viáveis, principalmente com o perfil dos produ

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