A mistura de lixo reciclável com o lixo comum proporciona um pior aproveitamento da capacidade do aterro sanitário de Irati. Moradores próximos reclamam da falta de água encanada, prometida há 10 anos
Jussara Harmuch Bendhack
Depois das reportagens sobre o lixo reciclável e o reaproveitamento do óleo de cozinha usado, a Rádio Najuá mostra como é o processo de coleta e destino do lixo comum em Irati, que segue direto para o aterro sanitário.
Veja as fotos do aterro em 2011 acessando este link do álbum
Acompanhamos um trecho da coleta realizada com o caminhão do lixo doméstico/comum no bairro Rio Bonito em Irati. Conversamos com Marcelo, motorista do caminhão, Jeferson e Reginaldo, que fazem o trabalho de recolhimento do lixo nas casas e empresas. Os trabalhadores falaram das dificuldades no dia-a-dia da coleta. A falta de respeito de alguns veículos faz com que o serviço se torne um pouco perigoso. Eles também relataram que acontece de algumas pessoas insistirem para que levem o lixo reciclável, o que é proibido, pois a coleta deste material é feita separadamente. Outro ponto é o descaso de alguns moradores que acomodam o lixo de maneira incorreta ou em sacos muito frágeis, o que atrapalha na hora em que é transferido para o caminhão. Também acontece do lixo disposto pelas residências para a coleta acaba se esparramar e fica difícil para os coletores recolher. A pergunta é: |de quem é a responsabilidade quando isso acontece?
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Caminhão que opera a coleta do lixo doméstico em Irati
Hoje, quatro caminhões estão operando na coleta do lixo e outros quatro fazem a coleta do reciclável.
A mistura de lixo reciclável com o lixo doméstico/comum proporciona um pior aproveitamento da capacidade do aterro sanitário de Irati.
Aterro sanitário de Irati
No início de julho a reportagem da Najuá esteve no aterro sanitário de Irati localizado na região de Pinho de Cima, para onde segue todo o lixo (fora o reciclável) produzido na cidade.
Entrevistamos alguns moradores no local, como o Senhor Ângelo Laroca, que expuseram alguns fatores que os incomodam.
Para o senhor Ângelo Laroca que mora bem próximo do aterro, a reclamação é das moscas e mau cheiro durante a época do verão.
Renato, que mora na redondeza, disse que pessoas da cidade e do Caratuva vêm até o aterro para recolher o lixo reciclável que é despejado junto com o lixo orgânico e o rejeito (sobra de lixo que resultou do processo de separação do reciclável por não ser possível seu aproveitamento), com o objetivo de comercializá-lo. “Eles sabem os horários que os caminhões de lixo chegam e vem atrás para catar antes que a máquina cubra tudo”, disse. O problema também foi relatado por Ângelo Laroca.
Outro morador das redondezas disse que a vinda de pessoas para remexer o lixo do aterro acontece mais aos finais de semana e eles chegam até o aterro de carro.
Uma moradora contou que tempos atrás, a Polícia Militar já esteve no local fazendo um flagra. “Depois disso, eles pararam de vir, mas agora já estão voltando novamente”, afirmou.
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Um caminhão do IAPAR leva o lixo produzido por eles, direto no aterro. Na prática, não há separação do material reciclável
Enquanto nossa equipe de reportagem estava no aterro, um caminhão do IAPAR – Instituto Agronômico do Estado do Paraná chegou e descarregou uma quantia de lixo.
Altevir, funcionário do Iapar, explicou que eles trazem o lixo porque o caminhão de coleta não passa na região onde o instituto está instalado – BR 277, divisa com o município de Fernandes Pinheiro.
Atitude – A diferença entre o dizer e fazer
Perguntado se sobre a separação do lixo, o funcionário do Iapar disse que fazem a separação do lixo. No entanto, ao observar o descarregamento, notamos que materiais plásticos e outros produtos recicláveis vieram junto com o lixo orgânico.
No caso de uma família que mora ao lado do aterro, a situação do destino do lixo é inversa. Eles aproveitam o lixo orgânico nas plantações, como adubo, e descartam o lixo reciclável, que segue para o aterro, porque não há coleta seletiva na região.
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Falta de água encanada é o maior problema
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Os Ribeiros – Marilda e Leôndes Ribeiro reclamam da falta de água há 10 anos
A família Ribeiro mora ao lado do aterro sanitário. Conversamos com Leôndes e Marilda Ribeiro que vivem de plantação e trato de animal. Eles nos relataram que o maior problema que os afligem depois que o aterro foi instalado, também os demais moradores próximos, cerda de 10 famílias, é a falta de água encanada.
Marilda conta que eles tiveram que fechar o poço ao lado da residência para evitar a contaminação da água utilizada dentro de casa. Outro poço, distante 1 km da casa foi construído, e desde esta época – cerca de 10 anos – foi-lhes prometido água encanada (vereadores e a vice-prefeita Mariza), mas até agora não foi instalada. Eles comentam que a água poderia ser trazida através de tubulações, do poço artesiano que existe na comunidade de Pinho de Cima.
|Qualidade da água
A qualidade da água que eles usam atualmente é desconhecida. Leôndes disse que foi feita a coleta da água cerca de 5 anos atrás, mas o resultado da análise não lhes foi informado. Quando chove, Marilda tem que comprar água para beber na cidade, pois a chuva leva muita sujeira para o poço.
Distâncias Mínimas
• Núcleos residenciais – 500 m.
• Corpos Hídricos – 200 m.
• Aeroportos – 20 km.
• Lençol Freático – 3 m.
Os aterros sanitários de superfície são aqueles construídos em áreas planas, mais comum para pequenos municípios onde os resíduos são confinados em trincheiras executadas a partir da cota natural do terreno.
Esta técnica não é recomendada quando o lençol freático estiver próximo da superfície, pois com a escavação da trincheira, o lençol poderá entrar em contato com os resíduos efetivando sua contaminação.
Trabalho da máquina que cobre o lixo de terra
Uma máquina retroescavadeira é usada para cobrir o lixo que é despejado diariamente no aterro. A máquina é operada 8 horas por dia e escava terra de um terreno ao lado, que é carregada para a parte alta do aterro onde o lixo é depositado.
O funcionário da prefeitura que opera a máquina usada na cobertura do lixo do aterro, Sr. Amilton, explicou que quando chove os caminhões que descarregam o lixo não conseguem subir no topo do aterro porque atolam no barro, por isso, depositam o lixo em uma região ao lado, como aconteceu nos últimos 5 dias antes da reportagem, acumulando grande quantidade de lixo a céu aberto. Ele também disse que quando a máquina apresenta problema, a prefeitura aluga outra que executa o serviço até que a máquina própria seja consertada.
Colaboração: Arlete Marques