Cancelamento do Carnaval de Rio Azul gera polêmica

Rodrigo Zub © Arquivo/Secretaria de Esportes de Rio Azul Foliões fazendo a festa durante Carnaval…

25 de fevereiro de 2012 às 13h00m

Rodrigo Zub

© Arquivo/Secretaria de Esportes de Rio Azul

Foliões fazendo a festa durante Carnaval realizado em 2011 em Rio Azul
Nesta semana um assunto tomou conta das conversas e das rodas de bate papo em Rio Azul. Desde a criança até o idoso todos se perguntavam. Porque a prefeitura optou em não realizar as festividades alusivas ao Carnaval? O assunto gerou bastante discussão e polêmica. Por isso, a equipe da Najuá foi às ruas para saber a opinião da população.

Justificada do prefeito

Procurado por nossa reportagem, o prefeito Vicente Solda, afirmou que tomou a decisão de não realizar o Carnaval em Rio Azul, em função do município não ter condições financeiras e de estrutura para poder organizar duas festividades em menos de uma semana. Vale lembrar que a Fest in Rio, festa que acontece todos os anos no Parque da Pedreira, em Rio Azul, foi realizada uma semana antes do início do Carnaval.

“No ano que vem será diferente. Dá tempo de organizar o Carnaval, porque a Fest in Rio será em Janeiro. Quero que a população entenda que não temos como ficarmos 20 dias apenas organizando festa”, concluiu.

Outra justificativa apontada pelo prefeito é que a cidade não possui nenhum clube com infra-estrutura e segurança necessária para abrigar um evento do porte de um Carnaval.

“No ano que vem teremos um Centro de Eventos na Pedreira e outro particular. O carnaval na praça tem gente que gosta e outros que não gostam. Para fazer três dias não tem como. Eu gostaria de fazer no parque, mas tem que ter uma estrutura grande de segurança em função do rio. Por isso, analisamos que fazer um meio carnaval não iria resolver. Desta forma, vamos nos organizar para no ano que vem fazermos uma grande Fest in Rio, em janeiro e um excelente carnaval em fevereiro, sem acúmulo de datas”, destacou Solda.

De um lado pudemos constatar a frustração de foliões ainda perplexos que procuravam uma alternativa para curtir a festa. “Quando tem carnaval sempre aproveitamos fazemos uma festinha que sempre é bom, mas esse ano infelizmente não tem. Então acho que a maioria das pessoas irá para Mallet, Rebouças ou Irati”, disse o vendedor Franciélo Silva. A alternativa citada pelo jovem foi à mesma de muitos rio-azulenses que buscaram alternativas para se divertir durante o carnaval. O estudante Fábio de Quadros disse que na noite de segunda-feira, véspera de feriado, aproveitou para ir para Mallet onde pode unir o útil ao agradável. “Reencontrei os amigos e ainda aproveitei para sambar e curtir o carnaval”, relatou.

Para muitas pessoas o carnaval é uma das épocas mais aguardadas do ano. A data é tão importante, que no Brasil costuma-se dizer que o ano só começa, de fato, após o Carnaval. Seja ao som de trios elétricos ou através dos desfiles das escolas de Samba, cada cidade se prepara do seu modo e apresenta a sua característica carnavalesca. Por isso, muitos foliões não abrem mão da festa. Este é o caso do vendedor, João Antonio, que se mostrou indignado com a medida tomada pelo prefeito de Rio Azul, Vicente Solda. “Acho isso uma vergonha. Carnaval é um atrativo para os jovens tudo muito gosta e Rio Azul é reconhecido pelos grandes carnavais de clube, de rua, como sempre teve. Não ter carnaval é uma baita falta de consideração”, argumentou.

© Rodrigo Zub

Centro de Eventos da Pedreira está sendo construído para abrigar festividades do município
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Solda (direita) justificou que município não tem condições de organizar duas festas em um curto espaço de tempo

Conforme relatou João, o Carnaval de Rio Azul é bastante tradicional. Em média, de cinco a seis blocos costumam participar. Alguns deles possuem uma história passada de geração em geração. Este é o caso dos “Amarelinhos”, bloco que foi formado há mais de dez anos, sempre como um lema. “Terminar o Carnaval em último lugar”.  Além dos Amarelinhos, outros blocos que fizeram muito sucesso na cidade citados pelos rio-azulenses são: Seca Litro, Horilka, Ghostbusters, Caipirinha, Lá vem Bebum, Azul Calcinha, VD, Turma do Tubão, Zumbizera, entre outros.

Indiferentes

Se de um lado o carnaval é alegria e um momento de descontração, de outro existem as pessoas que tratam o fato com indiferença. “Pra mim não faz diferença ter ou não ter carnaval. Eu não participo deste tipo de festa, mas as pessoas que gostam acabam optando em sair para outras cidades da região”, disse a enfermeira Miriam.

Opinião parecida teve a vendedora, Patricia Kalinoski e o enfermeiro Talbian Raony Przybycz. Ambos relataram que gostam do Carnaval, mas que não possuem a mesma obsessão de muitas pessoas que fazem verdadeiras loucuras para curtir a festividade. “Se tiver eu participo, mas não é uma coisa que me faça falta. Não sou daquelas pessoas que ficam furiosas de não ter carnaval”, explica Przybycz.

Comerciantes reclamam da queda nas vendas

Se entre os jovens a opinião foi bem diversificada, o mesmo não foi verificado ao consultarmos os donos de estabelecimentos comerciais. Isabel Domingues é proprietária de uma lanchonete na Praça Tiradentes, local onde costumeiramente era realizado o Carnaval de Rua de Rio Azul. Segundo ela, ao não realizar o Carnaval, a prefeitura acabou prejudicando os comerciantes que viram suas vendas diminuírem, assim como o número de clientes que registrou queda acentuada em comparação aos anos anteriores.

© Rodrigo Zub

Comerciantes reclamam da queda nas vendas
“Houve uma queda nas vendas, porque a juventude sai tudo para fora seja em Mallet, Rebouças ou Irati. Eles fazem isso porque aqui não teve sequer um som ao vivo. Por isso, fica difícil pra gente que paga aluguel, água e luz”, relatou. Segundo Domingues, uma opção que poderia ter sido tomada para não prejudicar os jovens e também os comerciantes seria ter contratado um DJ ou colocado um som mecânico para que as pessoas pudessem se divertir durante as noites de carnaval.

Falta de diálogo

Perguntada se houve uma conversa entre os comerciantes e o prefeito Vicente Solda, Domingues afirmou que nada foi feito para resolver a situação. “A gente não conversou com o prefeito. Simplesmente soubemos através de outras pessoas que ele queria R$ 500 de cada lanchonete para fazer o carnaval. Se é verdade eu não sei. O problema que para nós tiramos R$ 500 não é fácil. Não é algo que consiga de hoje para amanhã”, argumenta.

Falta de segurança

Outro problema apontado pelos proprietários de bares e lanchonetes é que a falta de segurança faz com que as pessoas, principalmente casais não saíam mais de casa, prejudicando ainda mais os comerciantes.  “Casal não vem mais na praça por esse motivo. Houve até uma conversa para que fossem colocados segurança e um posto policial na praça, mas nada foi feito até agora”, comenta “Neguinho”, que é proprietário de um bar na Praça Tiradentes.

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