Eleição suplementar de Inácio Martins registra abstenção recorde

No total, 1.224 dos 8.041 eleitores aptos a votar não compareceram as urnas. Descontentamento com…

05 de novembro de 2013 às 08h05m

No total, 1.224 dos 8.041 eleitores aptos a votar não compareceram as urnas. Descontentamento com a política foi um dos fatores que pesou no número expressivo de ausentes
Rodrigo Zub

Receosos e insatisfeitos com o momento político de Inácio Martins, muitos eleitores preferiram não voltar às urnas para escolher o candidato que irá representar o município no próximo triênio. No total, 1.224 pessoas não votaram na eleição suplementar realizada no domingo, 3, somando 15,22% de abstenções. O número foi superior as duas últimas eleições. Em 2008, foram registrados 505 ausentes (6%) e quatro anos depois o número subiu para 803 (9,85% dos votos válidos).

A eleição fora de época foi um dos fatores apontados para o grande número de ausentes. O calendário eleitoral mais curto que o convencional e até o envolvimento menor da população na disputa, inclusive dos candidatos que mantiveram um clima de cordialidade, também teriam contribuído para que as pessoas se mostrassem passivas ao pleito.

A comerciante, Sueli Vicente, disse à reportagem da Najuá, que a nova eleição contribuiu para mostrar uma imagem ruim da cidade. Para ela, o pleito fora de época trouxe prejuízos ao município, que ainda não definiu metas projetos e pessoas que irão formar a equipe de governo. A proximidade com as eleições de 2014 também foi citada como um fator prejudicial. “A situação política do município demonstra certa bagunça. Ninguém tem fé em ninguém”, comentou.

A estudante Rosana Mancheck, demonstra seu descontentamento com a classe política. “Queremos tirar o coronelismo. Queremos uma cidade para todos e não para poucos. Candidato deve se preocupar com o povo e não com benefícios próprios”.

© Daiana Lopes/RPC-TV

6.817 eleitores compareceram aos locais de votação durante a eleição suplementar de Inácio Martins

Como justificar voto

O calendário eleitoral durante as eleições suplementares segue prazos menores para realização da campanha, tempo de rádio e televisão e período de convenções. Mesmo assim, o eleitor que não votou ou deixou de justificar a ausência tem o mesmo prazo, ou seja, 60 dias, para quitar os débitos com a justiça eleitoral. A chefe do Cartório Eleitoral de Irati, Daisy Cler Filla de Oliveira, explica que a justificativa deve ser feita em qualquer cartório eleitoral, onde o eleitor deverá apresentar pessoalmente um requerimento dirigido ao juiz da Zona Eleitoral na qual esteja inscrito. O requerimento deve seguir acompanhado da documentação comprobatória da impossibilidade de comparecimento às eleições, e será examinado pelo juiz eleitoral.

Punições

Daisy conta que o eleitor que perder o prazo responde uma infração administrativa e paga uma multa de R$ 3,50. “Como consequência, o eleitor não pode entrar em universidades, tirar passaporte ou ser contratado por determinadas empresas, que exigem o certificado de quitação eleitoral”, comenta a chefe do Cartório Eleitoral.

Brancos e nulos

O número de votos brancos e nulos se manteve praticamente no mesmo patamar da eleição realizada no ano passado. Na eleição suplementar, foram registrados 130 votos em branco e 206 votos nulos. Já em 2012, brancos nulos somaram juntos 331 votos (4,5%). Em 2008, foram registrados 306 votos nulos (4%) e 65 brancos.

Denúncia de compra de votos

Segundo a justiça eleitoral, nenhum problema ocorreu nas 37 urnas dispostas em Inácio Martins. Já nas ruas, a denúncia de compra de votos em troca de vales combustíveis fez a justiça fechar os dois postos da cidade. Eleitores e integrantes dos partidos políticos de Inácio Martins acionaram os funcionários do Cartório Eleitoral, depois de perceber uma grande quantidade de pessoas abastecendo no domingo, 3.

Segundo a população, os postos de Inácio Martins não costumam abrir nos domingos. Nos estabelecimentos, a juíza eleitoral flagrou filas de consumidores aguardando para abastecer com vales combustíveis. As notas que estavam assinadas foram apreendidas e encaminhadas para as polícias Civil e Militar, que vão apurar a denúncia de compra de votos. Os vales foram entregues à Polícia Militar e o caso poderá ser investigado pelo Ministério Público.

Daisy comenta que a maioria dos clientes dos postos de combustíveis estava com notas de R$ 20.  “Foi uma situação atípica. Todo mundo preparado para abastecer num domingo com notas de R$ 20. Por isso, a Juíza eleitoral solicitou aos donos dos postos para fechar os estabelecimentos, para evitar mais denúncias e brigas”, afirma.

A chefe do Cartório Eleitoral conta que a conduta dos próprios donos dos postos poderão ser investigadas dependendo do andamento das investigações. “Com a chegada da polícia algumas pessoas se evadiram e não conseguimos mais apreensões de vales. Não há como chegar ao consumidor, arrancar o dinheiro e levar para a delegacia. Podemos supor uma situação e não enquadrar porque não temos poder pra isso. Vale ressaltar que nenhuma pessoa foi presa em flagrante”, destaca Daisy.

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