Cesar Paulo Lava (PSD) chegou a renunciar ao mandato após relatório que poderia ocasionar cassação da prefeita ser rejeitado por não receber aprovação de 2/3 da Casa
Rodrigo Zub, com reportagem de Elio Kohut
Posicionamento do vereador há uma semana
“As provas estão aí pra quem quiser ver o desvio de verba. O caos total em Guamiranga. Está faltando saúde, estrada não tem, temos provas, de hoje em diante não sou mais vereador, renunciei ao cargo, mas quem quiser temos provas das irregularidades que estão fazendo com o dinheiro público”, afirmou Lava em entrevista concedida logo após a sessão da Câmara de Guamiranga realizada na noite de segunda-feira, 19.
Denúncia contra a prefeita
O relatório da CPP recebeu cinco votos favoráveis e quatro contrários. A comissão formada pelos vereadores João Savio (PSC), como presidente, Cleberson Kordiak (PSB), relator, e José Jauri Lourenço de Oliveira (PMDB), membro, investigou as supostas irregularidades cometidas pela prefeita na aplicação de verbas e desvios de finalidade com o uso de dinheiro público.
A comissão foi criada em fevereiro após denúncia de um morador de Guamiranga de que estariam ocorrendo irregularidades no processo de adiantamento de subsídios recebidos por agentes políticos e de remuneração pelos servidores municipais. Em sua defesa, a prefeita alegou que as despesas repassadas em forma de regime de “adiantamento” se referiam a pequenos valores gastos para hospedagem e deslocamento para fora do município, já que não existe uma legislação que autoriza a concessão de diárias. Telma também argumentou que a prestação de contas dos valores recebidos foi apresentada ao Tribunal de Contas do Estado (TCE/PR), que atestou a regularidade dos atos, já que nenhuma notificação foi encaminhada ao município.
De acordo com a assessoria da Câmara, o relatório da CPP apontava as irregularidades da prefeita que teria recebido adiantamentos referentes a pequenas despesas, as quais são efetuadas na forma prevista e autorizada pela Lei Municipal 219/2005, já que não existe uma lei específica que autorize o pagamento de diárias na prefeitura de Guamiranga. Segundo a assessoria da Câmara, o servidor beneficiado com o adiantamento precisa prestar contas em no máximo 45 dias, o que não teria acontecido.
A documentação e as denúncias apresentadas contra a prefeita serão encaminhadas ao Ministério Público (MP).
“A voz do povo é a voz de Deus”. O velho ditado popular inspirou o presidente da Câmara de Guamiranga, Cesar Paulo Lava (PSD), a ouvir os pedidos da população e desistir de renunciar ao mandato conforme havia anunciado na sessão da Câmara de segunda-feira, 19. Insatisfeito com o arquivamento do relatório da Comissão Parlamentar Processante (CPP) que poderia ocasionar a cassação da prefeita de Guamiranga, Telma Fenker (PSDB), o vereador comunicou que deixaria a Casa e até concedeu entrevista à Najuá dizendo que a decisão era definitiva.
Porém, bastaram algumas horas de cabeça fria para que o vereador repensasse a decisão. No início da tarde de terça-feira, 20, a reportagem da Najuá voltou a entrar em contato com Lava. Na oportunidade, ele já demonstrava uma mudança de posicionamento e manifestava a intenção de seguir na Casa.
Logo após a reunião do legislativo guamiranguense da noite desta segunda-feira, 26, o repórter Elio Kohut voltou a conversar com o presidente da Câmara, que confirmou sua decisão de continuar no cargo. “A população de Guamiranga pediu encarecidamente para voltar atrás. O meu pensamento era não voltar. Tudo que aconteceu na sessão, a impunidade, meia dúzia de baderneiros fazendo baderna foi vergonhoso, mas o pedido da população me fez voltar atrás. Foram mais de 300 ligações e mensagens o dia inteiro, eu voltei atrás para honrar meus votos, votos que foram honestos. Quero dar sequência ao trabalho. Em Guamiranga tem muita coisa errada, vamos dar sequência ao trabalho e ver se dá resultado”, afirmou.
Questionado sobre a conduta que irá seguir como presidente da Câmara, Lava demonstrou que seguirá exercendo oposição a prefeita de Guamiranga. Ele disse que aguarda a abertura de outras duas comissões processantes contra a atual administração nos próximos dias.
Agricultor, Cesar Paulo Lava foi eleito para o seu primeiro mandato como vereador em 2008 quando obteve 334 votos concorrendo pelo Partido Democratas (DEM). Quatro anos depois, ele foi reeleito pelo Partido Social Democrático (PSD) com 245 votos. Em 2013, Lava exerceu o cargo de vice-presidente da Câmara. Já em 2014, foi escolhido como presidente da Casa.
Estrada de Queimadas
Outro assunto que chamou atenção na sessão desta segunda-feira, 26, da Câmara de Guamiranga foi a explanação do vereador Cleberson Kordiak (PSB). Ele usou a Tribuna Livre para pedir melhorias na estrada rural de Queimadas. Segundo o vereador, o local necessita de reparos, mas nenhuma atitude é tomada pela prefeitura de Guamiranga ou por parte do executivo de Prudentópolis. De acordo com Kordiak, a estrada fica na divisa dos dois municípios.
“Na verdade nenhum prefeito faz alguma coisa pela comunidade, que está sofrendo há muito tempo sem cascalhamento, estradas estão praticamente abandonadas. Falar a verdade ninguém sabe onde é a divisa do município. Vai lá falar em Prudentópolis com os responsáveis, eles dizem que a estrada principal pertence à Guamiranga. Chega a Guamiranga, eles dizem que a estrada principal é de Prudentópolis. Eu já fiz vários pedidos para acertar essa divisa. Mas por Guamiranga não tive nem resposta”, comentou o vereador.
© Elio Kohut
Presidente da Câmara disse que desistiu de renunciar ao mandato após ouvir pedidos da população para que revesse seu posicionamento