Buraco de aproximadamente meio metro foi encontrado na Delegacia na tarde de sexta-feira, 8
Da Redação
A superlotação foi mais uma vez o estopim para uma tentativa de fuga na Delegacia de Imbituva, na tarde de sexta-feira, 8. Um buraco de aproximadamente meio metro foi encontrado na cadeia pública. Pedaços de madeira e uma broca foram usados pelos detentos para realizar as escavações.
Segundo informações da Polícia Civil de Imbituva, investigadores realizavam uma inspeção carcerária por volta das 17 h, quando se depararam com o buraco que daria acesso aos fundos da Delegacia. Atualmente, a cadeia de Imbituva possui 48 presos em um espaço construído para abrigar oito pessoas. “Em uma única cela ficam 30 presos. Mais da metade iam embora caso terminassem o buraco. Eles só pararam de escavar porque encontraram concreto na parte de fora”, relata a Polícia Civil de Imbituva.
Cadeia em condições insalubres
Além da superlotação, as condições sanitárias também tem sido alvo de reclamações dos detentos desde o ano passado. A cadeia apresenta infiltrações e locais insalubres. Por esse motivo, a vigilância sanitária já pediu a interdição do local. O caso está na justiça. A OAB também esteve visitando as instalações e constatou as condições precárias.
Em março deste ano, um surto de sarna atingiu 80% dos presos. Na época, uma mulher de detento, que preferiu não se identificar, procurou à Najuá para denunciar uma série de outros problemas que afetam a integridade dos detentos, como a presença de ratos e baratas nos corredores e celas; rachaduras nas paredes e goteiras. “Não tem ventilação na cadeia e os presos dormem num colchão no chão. É um colchão para cada dois presos. A situação vai se tornando cada vez pior. O banheiro deles é todo rachado, todo trincado, com infiltração. A água, em vez de descer para a rua, não desce; fica parada e pode fazê-los contrair muitos outros tipos de doenças”, apontou.
De acordo com a Polícia Civil, a última transferência de presos realizada na cadeia de Imbituva aconteceu em agosto de 2013, um mês após uma rebelião, que durou aproximadamente cinco horas. Na época, dez detentos foram transferidos para outras cadeias da região.
Lentidão na resolução dos processos
Outro questionamento dos familiares e detentos é a demora do judiciário em realizar as audiências e fazer o encaminhamento dos detentos para penitenciárias, o que agrava a superlotação na delegacia, cuja carceragem deveria abrigar apenas detentos que aguardam julgamento. “Os presos são tranquilos, não são baderneiros. O problema é que está tudo parado. Alguns aguardam há oito meses e nada de audiência. Eles [detentos] já estão descrentes sobre a possiblidade de serem marcadas as audiências”, disse à Najuá, um Policial Civil de Imbituva, que prefere não ser identificado.
Segundo ele, alguns órgãos municipais, como a vigilância sanitária, bombeiros e Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS), já realizaram vistorias e solicitaram a interdição da cadeia de Imbituva. Mesmo assim, nenhuma atitude foi tomada.
Mulheres são abrigadas no banheiro
Devido à falta de um local exclusivo para abrigar mulheres, duas presas permaneceram em um banheiro improvisado como cela. As detentas foram transferidas para Curitiba há cerca de um mês. Neste momento, não há nenhuma mulher presa, informa a Polícia Civil.