Eliete Aparecida Kovalhuk irá substituir o Delegado Jorge Luiz Wolker, que foi designado para atuar como responsável pelo Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente de Ponta Grossa
Rodrigo Zub, com reportagem de Tadeu Stefaniak
Contratações
O Governo do Paraná autorizou a contratação de 75 novos delegados, juntamente com outros mais de 470 investigadores e cerca de 50 papiloscopistas, que vão reforçar o trabalho de investigação, elucidação de crimes e atendimento à população em todas as regiões paranaenses.
Apresentaram-se para o início do curso de formação 63 alunos-delegados, dos quais 62 finalizaram a capacitação. Na sequência, existe a possibilidade de que outros 13 candidatos, que fizeram o concurso em 2013, sejam chamados para tomar posse.
Ao todo, desde 2011, mais de 1.700 novos policiais civis foram contratados.
Curso
A formação incluiu aulas teóricas e práticas, ministradas por policiais e professores convidados pela ESPC. O curso aborda situações que cada delegado irá enfrentar durante a carreira, fornecendo uma capacitação ampla, buscando habilitar o profissional a fornecer um trabalho de qualidade para a população paranaense.
A grade curricular abrange aulas sobre Sistemas, Instituições e Gestão Integrada de Segurança Pública e sobre Conhecimento Jurídico, como elaboração de inquérito policial e infrações penais.
Entre as matérias consta: Comunicação, Informação e Tecnologia e utilização dos sistemas informatizados. Outras disciplinas que compõem a formação dos novos profissionais são cultura, cotidiano e prática reflexiva e de funções, técnicas e procedimentos em segurança pública, como técnica de entrevista, uso legal de arma de fogo e operação policial.
São conteúdos formulados para que, ao final da formação profissional, os alunos estejam aptos a contribuir com a análise e reflexão das possibilidades de atuação policial em cenários conflitivos, que requerem equilíbrio moral e competência técnica, exigidos pela legislação em vigor. Destaca-se o valor estratégico da instituição policial, na constituição de cenários futuros, utilizando-se de informações do presente e da memória da instituição.
Além do curso básico de formação profissional, estão disponíveis ainda cursos de formação continuada na ESPC, dentre eles a pós-graduação em Gestão da Segurança Pública.
“Sob nova direção”. A partir da próxima segunda-feira, 8, a Polícia Civil de Irati passa a ter uma nova comandante. Ex-escrivã da Delegacia de Rebouças, Eliete Aparecida Kovalhuk, assume o posto deixado pelo Delegado Jorge Luiz Wolker, que foi promovido e passa a ser responsável pelo Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (Nucria) de Ponta Grossa.
Eliete assume a chefia da Delegacia de Polícia Civil de Irati, conforme a portaria 2.909 do governo estadual. Ela faz parte de um grupo de profissionais que encerrou o curso de formação de novos delegados no fim do mês de agosto.
Os profissionais recém-formados pela Escola Superior da Polícia Civil (ESPC) estão designados para todas as comarcas do Paraná que ainda não contavam com um delegado. É a primeira vez na história do Estado em que será possível preencher as 144 comarcas com um delegado.
O critério para distribuição de cada delegado foi estritamente técnico, a partir da média da nota do concurso com a avaliação do curso de formação.
Em sua segunda passagem no comando da Delegacia de Polícia Civil de Irati, Wolker está no município desde junho de 2011. “Há cerca de 18 anos já estive em Irati quando permaneci no cargo por dois anos. Depois em 2011 fui convidado para vir para Irati cidade que eu gosto muito. Agora já são três anos e três meses. Contando as duas passagens fechou cinco anos aqui”, afirmou o Delegado.
Em entrevista ao repórter Tadeu Stefaniak, Wolker falou sobre o trabalho desempenhado em Irati e explicou as mudanças promovidas pelo governo estadual no setor de segurança pública, que irão proporcionar a contratação de mais de 75 novos delegados para os quadros da Polícia Civil.
“A Polícia Civil tem uma carreira, tem as promoções e você vai subindo na escala. Eu fui promovido para a última escala da carreira civil. Dentro da minha função de Delegado de primeira classe, eu não poderia estar aqui mais. Eu teria que assumir um cargo compatível com a função. Fui convidado para instalar em Ponta Grossa, o Nucria, Delegacia Especializada de Atendimento à Criança e ao Adolescente vinculado a divisão especializada de Curitiba”, comenta.
Nucria
Segundo o Delegado, o núcleo do Nucria de Ponta Grossa deve ser inaugurado dentro de 30 dias, assim que o decreto de instalação seja publicado pelo governo estadual.
Wolker indica que a criação deste novo departamento da Polícia Civil irá desafogar os serviços da 13ª Subdivisão Policial com sede em Ponta Grossa. A delegacia especializada irá cuidar de casos de crianças maltratadas ou vítimas de abuso sexual, por exemplo. Já os menores infratores continuam sendo encaminhados para os educandários.
De acordo com o Delegado, haverá uma equipe multidisciplinar que irá auxiliar nos trabalhos desenvolvidos pelo Nucria. Essa rede atuará em conjunto com o Conselho Tutelar, Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS), entre outros órgãos e profissionais que tratam do combate a violência contra crianças e adolescentes. “Vão ter equipes de psicólogos e um ambiente diferente. Não iremos cuidar de presos porque não haverá cadeia. Na verdade já assumi o Nucria de Ponta Grossa. Estou viajando para Curitiba fazer alguns pleitos de móveis que está faltando até segunda-feira, 8, quando a Delegada [Eliete] vai se apresentar. Fim de semana estarei aqui ainda e vou atender algum problema por ela”, relata Wolker.
Descentralizado
Ele afirma que Eliete irá atender somente os municípios de Irati e Inácio Martins. Sobrecarregados, os delegados, como foi o caso do próprio Wolker, chegaram a cuidar de até quatro comarcas ao mesmo tempo. Por isso, eles não conseguiam dar conta de todos os inquéritos, o que resultava em investigações superficiais e crimes sem solução. Desta forma, o atendimento era improvisado, feito a distância e até por telefone, em alguns casos.
“Ela vai atender somente Irati e Inácio Martins porque está indo um delegado novo para Rebouças também. Quando assumi cheguei a atender a quatro comarcas e várias cidades, Imbituva, Rio Azul, Rebouças, Teixeira Soares, Fernandes Pinheiro, Inácio Martins, Ivaí, era muita coisa para atender, hoje está mais enxuto tem mais delegados”, relembra.
No caso de Inácio Martins, não há funcionários civis de plantão. Atualmente, apenas uma pessoa cedida pela prefeitura atua como colaborador. Com isso, as pessoas detidas são conduzidas para a Delegacia de Irati.
Avaliação
Wolker avalia seu trabalho como positivo em Irati e destaca que o número de fuga de presos diminuiu nos últimos anos. Isso se deve, segundo o Delegado, ao esforço concentrado de agentes e funcionários da Delegacia.
“Voltei 18 anos depois com a Delegacia da mesma forma que deixei. Havia fuga toda a semana. Posso registrar que a última tentativa de fuga foi uma tentativa de arrebatamento de presos em setembro de 2013. Houve várias tentativas depois, mas não houve mais fugas. Foi concentrado muito esforço para arrumação da Delegacia. Construídas calçadas, colocadas chapas de aço, sistema de alarme, câmeras, concertinas, cela especial para menores e para mulheres, que não existia. Hoje são dez mulheres. Na época [primeira passagem do Delegado em Irati] não existia mulheres presas e menores era muito raro. Hoje há essa necessidade”, reitera.
Melhorias
Apesar dos avanços, Wolker considera que o sistema prisional precisa de mais investimentos, sobretudo, na contratação de mais profissionais que possam atender a demanda. “Ajudou muito a vinda do DEPEN [Departamento de Execução Penal do Estado do Paraná]. Trabalhamos de forma compartilhada. Mantemos um policial de plantão, mas temos poucos funcionários precisaríamos ter muito mais. Hoje devemos separar o preso da cadeia, porque cadeia não é lugar de preso, lugar de preso é presídio ou então mini-presídio”.
Na avaliação do Delegado, seriam necessários de cinco a seis investigadores e dois escrivães para dar conta do volume de trabalho em Irati. Segundo dados apresentados por Wolker, somente no ano passado foram instaurados quase 700 inquéritos no município. “Dois flagrantes por dia é muito. 70% se referem a pequenos delitos. Uma boa educação e uma campanha de conscientização teriam evitado a maioria dos crimes, que em sua maioria se referem a maus tratos na família e uso de bebida alcoólica”.
Demora da justiça
Um dos principais questionamentos dos familiares é a demora do judiciário em realizar as audiências e fazer o encaminhamento dos detentos para penitenciárias, o que agrava a superlotação nas delegacias, cuja carceragem deveria abrigar apenas presos que aguardam julgamento. Segundo Wolker, essa é a realidade de Irati. “Hoje temos 11 mulheres e 60 e poucos homens presos. O ideal seria em torno de 50 detentos, mas mesmo assim não há superlotação, não tem rebelião de presos por isso. A principal reclamação se refere ao processo lento, o andar da justiça, que não resolve, muitos julgam que deveriam estar soltos, mas em alguns casos ainda está em fase processual. Outros ainda não foram para presídios porque recorreram da sentença. Por isso, tem que esperar o resultado. Eles querem sair, mas precisam aguardar na carceragem o julgamento do recurso”, explica.
Wolker finalizou agradecendo o apoio do Conselho da Comunidade, do Conselho Tutelar, do CRAS, prefeitura e a comunidade, que auxiliaram no combate e resolução de crimes durante os cinco anos que comandou a Delegacia de Polícia Civil de Irati, somando as duas passagens que teve no município. “Irati é uma cidade que trago no meu coração. São cinco anos aqui, sou eleitor da cidade, gosto muito da educação do povo e estarei visitando sempre que possível”, complementa.