Depoimentos contestam versão de que jovem teria sido morto em outro local
Nova versão
Na sequência, outras duas testemunhas foram ouvidas. Um dos tios de Juziel, Rosnaldo Mateus Ferreira dos Santos, disse que foi procurado por mais de uma vez pela mãe de um dos acusados. Segundo ele, isso aconteceu no mês de julho, quatro meses após o crime. De acordo com Rosnaldo, a ex-esposa de Luiz Fernando, Janete, afirmou que as agressões teriam iniciado nas proximidades do SESI, e que Juziel teria sido levado para as proximidades da Casa do Papai Noel, onde Juziel teria sido agredido.
Ainda de acordo com Rosnaldo, na versão da ex-esposa de Luiz Fernando, Juziel teria passado o domingo, dia 23 de março, vivo, e teria pedido socorro. Janete afirma ainda que Luiz Fernando passou o dia todo comemorando o aniversário do filho. Por volta da 18 horas, ele teria saído de casa para ir ao encontro de Juziel e matá-lo. Ela conta ainda que o marido contou com a ajuda de um amigo, que não foi identificado. Eles teriam colocado o corpo em um automóvel Chevette e jogado no terreno baldio onde ele foi encontrado na segunda-feira, dia 24 de março.
De acordo com Rosnaldo, esta versão dos fatos já havia sido repassada ao Ministério Público para investigação. Ele disse também que a mulher pode ter contado esta nova versão dos fatos para se vingar de uma traição que teria sido cometida por Luiz Fernando. Rosnaldo afirma ainda ter passado cerca de quatro horas na construção abandonada no dia em que o corpo de Juziel foi encontrado, mas não constatou nenhum vestígio de que a agressão tivesse ocorrido naquele local. Ele disse ainda que, na casa do Papai Noel, não foi possível verificar se ocorreu algum fato relacionado a esta ocorrência.
A ex-mulher de Luiz Fernando também foi ouvida pela juíza, pelos advogados e pela promotoria. Em seu depoimento, colhido a portas fechadas, Janete afirmou que somente ficou sabendo que seu ex-marido estava envolvido no assassinato de Juziel na segunda-feira, 24 de março, dia em que o corpo do jovem foi encontrado. Até então, segundo ela, Luiz Fernando não havia apresentado nenhum tipo de alteração de comportamento. Ela comentou ainda que, mesmo durante as visitas, Luiz Fernando não comentava sobre detalhes do crime.
Orientados por seus advogados, os três réus não quiseram se pronunciar sobre o caso perante o tribunal. A partir de agora, de acordo com a juíza da Comarca de Irati, Dra. Mitzy de Lima Santos, eles serão ouvidos apenas em júri popular. Ela afirmou ainda que o benefício da confissão, que poderia ter sido utilizado por eles, traria benefícios no momento da sentença.
“Sempre tem, a confissão é um benefício que eles têm de atenuante da redução da pena, mas eles optaram por confessar, se forem assim fazer, no júri. Isso é uma estratégia da defesa. A gente não sabe o que eles estão preparando, mas eu acho que cada um deles está preparando uma defesa diferenciada, e eu tenho que aguardar para ver”, ressaltou a juíza.
De acordo com Mitzy, ainda será ouvida em Ponta Grossa a perita que cuidou do caso. Ela disse que, a partir disso, serão feitas as alegações finais e a sentença de pronúncia. A juíza afirmou que vai ser expedida uma carta precatória com prazo de 30 dias. Decorrido este prazo, serão feitas as alegações finais. Todo o processo deve levar cerca de três meses para ficar pronto, caso não haja nenhum recurso dos advogados de defesa dos réus neste meio tempo.
Dor e decepção
A mãe de Juziel, Marlicéia Remes, disse que já esperava que os réus não confessassem o crime durante a audiência. Ela disse ainda que os parentes e amigos a pouparam de muitas informações sobre o caso.
Sobre a versão apresentada pela ex-mulher de Luiz Fernando, Marlicéia disse que as enchentes de junho dificultaram a investigação na Casa do Papai Noel, e que já tinha conhecimento de muitas das informações apresentadas pelas testemunhas durante a audiência.
Em sua mensagem, Marlicéia comentou que, ao contrário das mães dos acusados, ela não teve coragem de visitar seu filho no cemitério.
“Elas [mães] podem visitar eles [acusados do crime] toda semana, agora eu não posso visitar meu filho. Por isso eu quero que seja feita justiça, e que isso vá até o final, e se precisar, a gente vai recorrer e não vai deixar por isso mesmo, porque não interessa quem deu um tapa ou matou meu filho com uma tijolada, para mim os três são assassinos, e eu quero que a lei seja cumprida para os três de forma igual. Eu até hoje não tive coragem de visitar meu filho. O povo não vai desistir enquanto não arrancarmos toda a verdade deles”.