Número ressalta falta de segurança na carceragem, que está superlotada e com a estrutura comprometida
Rodrigo Zub, com reportagem de Sassá Oliveira
Segundo agentes do Departamento de Execução Penal do Estado do Paraná (DEPEN), somente em 2014, já foram registradas 21 tentativas de fuga de presos na cadeia pública de Irati. A falta de segurança no prédio localizado na rua XV de Julho, na área central, foi evidenciada com a apreensão de drogas e celulares na carceragem, além de atritos de detentos de duas alas nos últimos dias.
Construída em 1954 para receber 24 detentos, a cadeia abriga 74 pessoas. Para tentar contornar a situação e discutir alternativas para resolver os problemas da Delegacia, o chefe regional do DEPEN, Edson Rickli, irá visitar as dependências da carceragem na tarde desta quarta-feira, 1. A medida foi tomada um dia depois dos presos atearem fogo em colchões e numa das celas da cadeia.
De acordo com informações obtidas pela reportagem da Najuá, apenas duas câmeras de segurança estão funcionando na Delegacia. Com isso, os agentes do DEPEN não conseguem controlar o que acontece no corredor. Outro setor que está com sua estrutura comprometida é o solário. Desta forma, pessoas do lado de fora encontram facilidade para arremessar objetos dentro da Delegacia.
Prefeito e entidades de Irati discutem situação da cadeia
A possibilidade de construir uma nova cadeia pública fora da área central de Irati foi discutida em uma reunião no gabinete do prefeito Odilon Burgath (PT), na manhã de terça-feira, 30. Participaram do encontro integrantes do Conselho da Comunidade, Polícia Civil, Polícia Militar, Observatório Social e OAB de Irati.
Odilon se mostrou disposto a ceder um terreno para construção da nova sede da Delegacia. Porém, ele aguarda uma contrapartida financeira do governo estadual, que não teria dado resposta sobre este pedido. Na reunião, o prefeito também apresentou uma cópia de um ofício encaminhado no dia 10 de junho de 2013, para o então Secretário de Estado de Segurança Pública, reivindicando a obra.
Informações do Hoje Centro-Sul ainda dão conta que durante a reunião foi decidido que será realizado um pré-projeto estabelecendo a capacidade que a nova cadeia pública deverá ter, bem como a metragem e a área necessária para edificação do espaço. Um dos pontos levantados no encontro foi à possibilidade de descentralizar os trabalhos da cadeia pública. Neste contexto, a parte administrativa da Delegacia ficaria na área central (atual sede da cadeia), enquanto que a carceragem seria construída em um novo local. Atualmente, os trabalhos estão concentrados no mesmo prédio.
Posicionamento do Conselho da Comunidade
A presidente do Conselho da Comunidade de Irati, Mari Szwaidak, avalia que a Delegacia está em estado deplorável e já teve sua estrutura condenada pelos órgãos de vigilância sanitária, conforme laudos enviados anteriormente ao Ministério Público e poder judiciário da Comarca. “Muito difícil a situação. O que ocorreu hoje [terça-feira] foi só uma tentativa frustrada dos presos, mas houve muitos estragos, muitos danos aqui na delegacia, se já estava ruim agora está pior ainda”, definiu Mari.
De acordo com levantamento do Conselho da Comunidade existe há necessidade de ser realizada uma reforma interna na Delegacia. Mesmo assim, Mari aponta que esta seria uma medida paliativa. “Nós estamos tentando uma cadeia pública e uma delegacia cidadã, que o conselho está juntamente com várias entidades, alavancando este projeto”, diz a presidente do Conselho da Comunidade.
O Conselho também está pleiteando a construção de um espaço prisional que possibilite trabalhos de ressocialização do detento.
Mari explica que o Conselho da Comunidade visa promover a integridade dos presos. “Para que eles possam ser vistos como seres humanos. Damos apoio a Delegacia, Depen e Polícia Civil, que tem muitos transtornos nesse trabalho em Irati. Já recebemos apoio do executivo iratiense com projetos futuros”, finalizou a presidente do Conselho da Comunidade, que encaminhou um ofício ao prefeito Odilon Burgath, na terça-feira, 30, falando sobre os pleitos da entidade.
Medidas tomadas pela Polícia Civil
Em entrevista à Najuá, a Delegada Eliete Kovalhuk disse que está buscando resolver os problemas e melhorar a estrutura da cadeia. Para a Delegada, é necessário encontrar um local adequado para abrigar os presos da Comarca. Neste sentido, ela agradeceu o apoio do Conselho da Comunidade.
Questionada sobre a briga entre detentos, que atearam fogo na Delegacia, Eliete comentou que pretende contornar a situação aplicando as sanções disciplinares cabíveis. “Essa cela onde os fatos ocorreram já foi isolada. Será instaurado inquérito policial, tendo em vista o crime de dano ao patrimônio público. Os envolvidos serão sancionados com anotações negativas em suas respectivas fichas de comportamento carcerário. É motivo de preocupação porque eles acabam se rebelando tendo em vista a animosidade que existe”, declarou a Delegada.