GAECO divulga resultado da operação “Caçamba”

Coordenador-geral do GAECO, Leonir Batisti, disse à Najuá que um representante de uma empresa que…

13 de fevereiro de 2015 às 12h40m

Coordenador-geral do GAECO, Leonir Batisti, disse à Najuá que um representante de uma empresa que presta serviço de coleta de lixo para o município efetuou o pagamento de propina ao prefeito de Prudentópolis
Da Redação, com reportagem de Nilton Luy e Rodrigo Zub

© Rádio RB2

Coordenador-geral do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) Leonir Batisti
A Najuá ouviu na manhã desta sexta-feira, 13, o coordenador-geral do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), Leonir Batisti, que prestou esclarecimentos sobre a prisão do prefeito de Prudentópolis, Gilvan Pizzano Agibert (PPS), realizada na tarde de quinta-feira, 12, em um imóvel em Curitiba.

Durante a entrevista, ele confirmou que o chefe do executivo foi preso quando estava recebendo uma propina de um empresário que presta serviços de coleta de lixo para a prefeitura de Prudentópolis. “As investigações são centralizadas no GAECO de Guarapuava, elas já duram há algum tempo, entretanto, na tarde de ontem [quinta-feira, 12] à tarde, nós conseguimos a informação que o prefeito estava em Curitiba e numa operação nossa acabamos por surpreendê-lo recebendo R$ 20 mil. Esse dinheiro foi entregue por uma empresa que foi contratada numa licitação no município de Prudentópolis. É portando, um pagamento de propina ao prefeito”, confirmou Leonir.

Gilvan e o empresário foram presos em flagrante por corrupção passiva e ativa.  As prisões fazem parte de uma investigação que estão sendo realizada há um ano pelo GAECO de Guarapuava. A operação denominada “caçamba” apurou denúncias de corrupção, fraudes a licitações, peculato e falsidade ideológica, envolvendo 13 empresas e pessoas ligadas à Administração do Município de Prudentópolis.

Segundo nota do MP encaminhada para a imprensa na manhã de hoje, 13, durante a operação, também foram cumpridos outros dois mandados de prisão temporária e doze de busca e apreensão na cidade de Prudentópolis. As medidas foram deferidas pelo Juízo da Vara Criminal da comarca e pelo Tribunal de Justiça do Paraná.

Um dos filhos de Gilvan e um empresário (considerado como laranja) também foram presos em Prudentópolis. Ambos possuíam mandados de prisão temporária. “Estamos completando a operação. Temos mandados que estão sendo cumpridos, determinação de afastamento do cargo de vários servidores da prefeitura, dentre os quais,  principalmente secretários, temos determinações de duas prisões e nós ainda não podemos divulgar com mais detalhes porque estamos na conclusão hoje dessa situação”, disse Leonir.

Ouça a entrevista completa com Leonir.

Mandados de busca e apreensão

Conforme nota do MP, os mandados de busca e apreensão foram cumpridos na Prefeitura de Prudentópolis (setor de licitações, compras e finanças), na casa do filho do prefeito (onde também reside o gestor municipal) e nas residências de dois empresários e de dois vereadores da cidade, além de outros locais. Foram apreendidos documentos, armas e R$ 69 mil, na casa onde residem o prefeito e seu filho, além de R$ 11 mil, na residência de outro filho do de Gilvan.

© Elio Kohut/Arquivo

Segundo procurador do GAECO, Gilvan está preso em Curitiba, onde está à disposição da justiça
O Juízo da Vara Criminal de Prudentópolis decretou, ainda, o afastamento de nove servidores públicos, dentre eles secretários municipais e diretores da Prefeitura.

Afastamento do prefeito

Leonir disse que Gilvan e o empresário que repassou o dinheiro da propina estão presos em Curitiba à disposição da justiça. Já o filho de Gilvan e um empresário que atuava como laranja tiveram os mandados de prisão expedidos pela Comarca de Prudentópolis. Eles foram detidos de forma temporária até que seja concluída a investigação. Ambos permanecem na cadeia de Prudentópolis.

“Quando a pessoa é detida como é o caso do prefeito, assim como o empresário, eles são implantados no sistema penitenciário, que é hoje gerenciado pela Secretaria de Segurança Pública. Ele foi encaminhado para um presídio adequado a sua posição de prefeito, assim como o empresário que estava junto, que foi encaminhado para o mesmo local”, destacou Leonir, que não confirmou em qual presídio estariam presos Gilvan e o empresário. O procurador ainda relatou que ambos prestaram esclarecimentos na sede do GAECO, acompanhados dos advogados.

Sobre a possibilidade de Gilvan ser afastado da prefeitura de Prudentópolis, Leonir diz que o GAECO já comunicou o fato ao Tribunal de Justiça, que irá decidir se mantém a prisão do prefeito. “A investigação não vai impedir o processo que ele irá responder, já que nós temos elementos probatórios firmes que evidenciam aquelas fraudes que eu citei antes. E temos uma prisão em flagrante que é uma prova forte e quase que definitiva de que houve um repasse de dinheiro de uma empresa sem justificativa ao prefeito. Pelo que nós temos, nós entendemos francamente, que o prefeito não pode permanecer no cargo, mas isso não nos compete, eu estou falando isso pessoa, mas fazendo uma posição do MP que vai procurar e influenciar para que o prefeito seja retirado ou no mínimo suspenso do cargo”, finalizou.

O coordenador-geral do GAECO diz que as investigações tiveram início há cerca de dez meses, em função de outras irregularidades, que foram denunciadas ao MP. “A entrega em si, o recebimento de dinheiro, acabou culminando com a investigação”, complementa.

Irregularidades

Leonir explica que várias fontes confirmaram a possibilidade de estarem ocorrendo irregularidades na prefeitura de Prudentópólis. “Quando se fala em denúncia anônima, toda denúncia que tenha plausibilidade, que ela tenha lógica e seja possível de estar acontecendo, ela é verificada. Não é o fato que uma pessoa dizendo que alguém está fazendo algo irregular, que isso qualifica uma investigação. Nesse caso nós tivemos várias fontes que foram pouco a pouco confirmando a possibilidade de estarem ocorrendo às irregularidades, que não são noticiadas todas de uma forma, pois hora eles apresentam tal contrato, hora eles apresentam uma evidência de que em outra situação está acontecendo uma irregularidade, que o serviço foi pago, mas não está sendo feito. São coisas dessa espécie que nos levam a começar a investigação. Por isso, a ação é demorada. Genericamente eu cito que são situações em que há licitações, o serviço é pago integralmente a empresa, entretanto, a própria prefeitura, excede os meios, ou seja, num raciocínio mais singelo, a prefeitura acaba por pagar duas vezes, esse dinheiro ou parte dele, ele acaba voltando ao grupo beneficiado pelo prefeito e para ele próprio”, reitera o coordenador-geral do GAECO.

Outro lado

O procurador de Prudentópolis, Paulo Guedes, foi procurado para comentar sobre a prisão de Gilvan. Ele disse que a defesa ainda não teve acesso aos autos da decisão. “Enquanto isso, a prefeitura não vai se manifestar oficialmente”, segundo o procurador. Uma nota de esclarecimento deve ser publicada no site da prefeitura, conforme Paulo.

Na manhã de hoje, 13, a assessoria de imprensa da prefeitura de Prudentópolis encaminhou um comunicado a Najuá, que diz o seguinte: “A prefeitura municipal de Prudentópolis comunica que o prefeito Gilvan Agibert está prestando todos os esclarecimentos solicitados pelas autoridades em Curitiba. Até o momento, não temos informações oficiais. Estamos no aguardo de mais dados para logo prestarmos mais esclarecimentos a toda à comunidade”.

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