Governo e professores marcam reunião para próxima quinta-feira

14 de fevereiro de 2015 às 11h09m

Até a reunião, professores mantêm acampamento no Centro Cívico no 5º dia de greve. A categoria segue mobilizada e acampada na Praça Nossa Senhora de Salete

Gazeta do Povo – Diego Ribeiro, Euclides Garcia, Fernanda Trisotto e Chico Marés 
O governo estadual e os professores abriram o diálogo oficial pela primeira vez após a retirada do “pacotaço” da pauta da Assembleia Legislativa. A APP-Sindicato, entidade que representa os professores, confirmou que o chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra, e as lideranças do governo do estado na Alep, solicitaram uma reunião para quinta-feira (19), após o Carvanal, para falar sobre as reivindicações da classe. A reunião será às 14h30, no Palácio Iguaçu, de acordo com a APP. O secretário de Estado da Educação, Fernando Xavier Ferreira, também estará presente. A greve segue, no entanto, por tempo indeterminado.

A abertura das negociações oficiais começou após uma semana turbulenta no Centro Cívico. Depois de dois dias de ocupação da Alep e da pressão que retirou da pauta da casa um “pacotaço” que cortava benefícios do funcionalismo e ameaçava a ParanáPrevidência, os educadores recuaram. A assembleia foi desocupada e o prédio está fechado, apesar das falhas nos portões. A categoria, no entanto, continua mobilizada. Muitos passaram a noite acampados na Praça Nossa Senhora de Salete, no “quintal” do governo estadual.

O local é estratégico, já que eles continuam à vista tanto dos deputados estaduais quanto do alto escalão do governo, já que o Palácio Iguaçu fica a poucos metros. Nem a chuva atrapalhou o acampamento. As barracas foram montadas embaixo de tendas que já estavam na praça desde a última segunda-feira (9).


Mobilização e tropa de choque

Na quinta-feira (12), os professores mantiveram a ocupação da Assembleia durante quase todo o dia. Com o prédio cercado por manifestantes do lado de fora dos portões e por policiais do lado de dentro, 33 parlamentares da base governista chegaram ao Legislativo em um veículo da Tropa de Choque da PM e só conseguiram entrar após funcionários serrarem parte da grade. Ao saber da chegada dos deputados, manifestantes avançaram contra os policiais pela entrada principal da Assembleia, derrubando os portões. Houve um início de confronto, com tiros de balas de borracha, gás lacrimogênio e bombas de efeito moral. Com o recuo dos policiais, os manifestantes cercaram o prédio onde estavam os deputados até o fim da sessão.

Com a tomada do pátio interno pelos manifestantes, o batalhão de choque se instalou no saguão do prédio administrativo. Fora, os policiais militares mantinham o cordão de isolamento. “Retira ou não sai” era o grito da multidão. Após o recuo do governo e a retirada do projeto, aos poucos, os servidores deixaram o local.

Segundos os professores, o dia 12 de fevereiro, assim como o 30 de agosto (em 1988, professores entraram em confronto com a cavalaria da PM, no governo Alvaro Dias), se transformará em um “dia de luta”.


A greve

Professores e funcionários da rede estadual de ensino do Paraná começaram na segunda-feira (9) uma greve geral por tempo indeterminado. A paralisação foi aprovada por unanimidade em assembleia realizada no último sábado (7), em Guarapuava, e afeta os mais de 971 mil alunos das 2,1 mil escolas do estado.

A crise na rede de ensino se arrasta há pelo menos duas. A gota d’água, que desencadeou a greve, foi o envio por parte do governador Beto Richa (PSDB) do chamado “pacotaço” à Assembleia Legislativa, mas a paralisação já estava prevista, segundo os professores. O projeto de lei previa a extinção dos quinquênios, anuênio, mudanças no Programa Desenvolvimento Educacional (PDE), nos mecanismos de promoções e progressões e torna mais difícil a retirada de licenças (que passam a ser aprovadas diretamente pelo secretário de Educação). A medida também promoveu cortes no vale-transporte e muda as regras para a previdência dos servidores.

Segundo a APP-sindicato, mesmo com a retirada do “pacotaço” de pauta, o corte de 10 mil funcionários; superlotação nas salas de aula, em razão do fechamento de 2.400 turmas; o calote em parcelas do ano passado no fundo destinado à manutenção das escolas e compra de materiais; e o atraso no pagamento do terço de férias dos docentes e da rescisão dos 29 mil professores temporários que trabalharam na rede no ano passado motivam a sequência da greve. Além disso, eles pedem reabertura dos projetos que funcionavam, nas escolas, no contraturno, retomada da contratação de funcionários de escola, diretores, pedagogos e professores.

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