Situação da universidade diante do corte da verba de custeio da instituição foi apresentada aos acadêmicos
Paulo Henrique Sava
Assim como outras instituições, a Universidade Estadual do Centro –Oeste – UNICENTRO, poderá fechar suas portas ainda neste mês. A situação da instituição foi apresentada aos acadêmicos durante duas assembléias realizadas nesta quinta-feira no campus de Irati.
Com o auditório Denise Stoklos lotado de estudantes, professores e funcionários da instituição explicaram os motivos principais da greve. Entre as reivindicações, estão as alterações no fundo de previdência dos servidores do estado , a Paraná Previdência.
Caso a lei que altera a regulamentação do fundo seja aprovada, os servidores passarão a receber sua aposentadoria até um teto máximo de R$4.500,00. Aqueles que quiserem se aposentar recebendo um valor maior, terão que contribuir para um outro fundo de previdência.
O professor Erivelton, que na ocasião representava a ADUNICENTRO, explicou que a verba destinada para investimento nas universidades vinha sendo utilizada em outras áreas há pelo menos três anos.
Ele comentou também que o Governo do Estado pretende implantar nas universidades um sistema de gestão denominado “Meta 4”, que coordenaria os pagamentos dos servidores, estagiários e fornecedores das instituições.. Este sistema ainda não está em funcionamento porque a Universidade Estadual de Londrina entrou na justiça com um mandado de segurança impedindo a implantação do sistema e mantendo a autonomia das instituições.
“Esse sistema engessa muito algumas características, como por exemplo a dedicação exclusiva de alguns professores colaboradores. A UEL começou, em 2008, a pagar o TIDE (sistema de dedicação exclusiva) a eles e, por analogia, as outras universidades foram negociando e pagando, mas todas elas fazem sua folha. Se esta folha for para o Estado, tirando a autonomia universitária, ele é quem vai fazer estas folhas, fazendo estas reformas”, comentou.
Fotos: Paulo Henrique Sava
Corte das verbas de custeio
Além disso, segundo o professor, as universidades não receberão a chamada verba de custeio, que estava prevista na Lei Orçamentária Anual do estado, aprovada pela Assembléia Legislativa no final de 2014. Esta verba seria utilizada para pagamento de contas de água, luz, telefone, internet, pagamento de funcionários de empresas terceirizadas que cuidam da limpeza e da segurança da instituição, entre outros. Com este corte, a dívida da universidade deve passar da casa de R$8 milhões para 2015, valor que, com recursos arrecadados com a cobrança de taxas, a Unicentro não conseguiria pagar.
De acordo com a Divisão de Comunicação do Campus de Irati, devido ao corte das verbas de custeio, todos os funcionários terceirizados da Unicentro já estão no aviso prévio e trabalham somente até o dia 28 deste mês.
Devido a gravidade da situação, a professora Patricia Aspilicuetta pediu a participação de todos os acadêmicos nos movimentos que serão realizados em Irati e nos grupos formados nas redes sociais.
“É gravíssima a atual situação, é muito pior do que somente mexer com a aposentadoria dos professores e funcionários. As coisas estão ficando tão graves que, na próxima quarta-feira, 25, está sendo marcada uma reunião do Conselho Universitário, em Guarapuava, para serem discutidas medidas muito duras que a reitoria está tomando e que afetam a todos nós e, particularmente, os alunos”, destacou a professora.
De acordo com Patrícia, entre estas medidas, estão a suspensão do pagamento de todas as bolsas internas concedidas a acadêmicos (as bolsas que têm apoio da CAPES ou de outro órgão, como a Fundação Araucária, dependem de repasse para serem pagas), o corte das verbas para os departamentos, a suspensão do auxílio-alimentação, que era pago para os estudantes, a interrupção dos contratos dos estagiários, que trabalham apenas até o próximo dia 27 de fevereiro, além do gerenciamento de contas de água, luz e telefone dos campus. Além disso, o terço de férias do funcionalismo, que havia sido anunciado para este mês, será pago somente em março e abril.
“Em função disso, a gente espera que vocês se mobilizem, e agora é hora de incluir na pauta da greve este sucateamento e os alunos são os primeiros interessados em lutar por continuarem tendo uma educação pública de qualidade porque, com todos estes cortes, eu não sei onde a gente vai parar”, comentou Patrícia.
Mobilização dos acadêmicos
Em entrevista a Najuá, o acadêmico Alexandro Mirkowski comenta que esta luta é unificada por todo o funcionalismo público do Paraná e afeta diretamente a vida dos estudantes.
“Já imaginou a Unicentro fechando? Isso vai afetar diretamente a cidade porque o que movimenta a economia de Irati é a hotelaria, os restaurantes e tudo mais. A partir do momento em que se fecha a instituição, morre o comércio da cidade”, comentou.
O acadêmico pediu o apoio da comunidade e do comércio local para a greve da Unicentro, colocando qualquer tipo de manifestação de apoio ao funcionalismo. “Não é uma coisa só do servidor público, isso vai afetar a todos”, declarou.
Segundo Alexandro, as medidas adotadas pela instituição afetarão diretamente a vida dos acadêmicos. “A situação é muito mais grave do que aparenta. A Unicentro está fechando, está ‘morrendo’, e nós temos que fazer alguma coisa. É crucial que todo o povo se una para apoiar esta greve”, finalizou.
Depois da assembléia, um grupo de estudantes foi formado para promover diversas ações em Irati. O primeiro ato será uma marcha pelas ruas da cidade, que deve acontecer na próxima segunda-feira, dia 23, a partir das 09h00min, com saída da Praça Etelvina Andrade Gomes, em frente à Igreja Matriz Nossa Senhora da Luz.