Desconhecido no Brasil, Márcio Máximo assume Prudentópolis com objetivo de tirar a equipe da última posição do Campeonato Paranaense
Rodrigo Zub, com reportagem de Elio Kohut
{JIMG0}Levantar a alta estima de um time em crise. Esse será o principal desafio do treinador Márcio Máximo, que chegou nesta semana ao Prudentópolis para substituir Joel Preisner- demitido do cargo. Até agora, o “Prude” ocupa a última posição no Campeonato Paranaense, marcou apenas dois gols em cinco jogos e tem a pior defesa da competição.
Márcio foi anunciado como novo treinador do Prudentópolis na terça-feira, 24, e já no dia seguinte comandou os trabalhos táticos da equipe.
O treinador encara o desafio com naturalidade e diz que essa é uma boa oportunidade para mostrar seu trabalho no Brasil, já que boa parte de sua carreira como técnico foi no exterior. O novo treinador do Prudentópolis afirma que sempre teve vontade de assumir o comando de um clube brasileiro. Porém, segundo Márcio, o retorno foi impossibilitado devido ao sucesso que obteve ao trabalhar em quatro continentes (Mundo Árabe, futebol africano, Reino Unido e na América Central).
“São coisas que acontecem com treinador e jogador também. Abre-se o mercado e continua naquele local. Sempre tive vontade de voltar a trabalhar no Brasil, mas devido ao sucesso do trabalho lá fora, ficou impossibilitado meu retorno. Aí tive poucas oportunidades aqui, quando surgia possibilidade acabava recebendo outro convite melhor profissionalmente”, salienta Márcio.
Ele revela que antes de aceitar o convite para treinar o Prudentópolis, foi sondado para dirigir a Seleção Olímpica da Arábia Saudita. Márcio acredita que tomou a decisão correta. “Eu tenho certeza que essa opção não vai ser errada. Será o caminho para minha completa afirmação profissional no País”, avalia.
Márcio diz que o fato de estar retornando ao País e ter pouco conhecimento dos jogadores que atuam no Prudentópolis não será empecilho para reabilitar a equipe. Já em seu primeiro compromisso, o treinador terá a árdua missão de conseguir um resultado positivo contra o Coritiba. Questionado sobre as dificuldades que irá enfrentar na partida, Márcio destaca que espera um time aguerrido e que não tenha medo de atacar o adversário. “Será um time que não vai se entregar nunca. Um time com o meu perfil. A minha própria vida profissional mostra isso. Trabalhei nos quatro continentes sempre buscando e abrindo horizontes com desafios. Esse é mais um. Eu prefiro um jogador que erre dez vezes, mas apareça pra jogar, do que aquele que erra uma vez e se esconde no resto da partida. Isso aí tem que determinar a cara da equipe, que se apresente para jogar e seja aguerrido. Não pode ser uma equipe omissa. Deve mostrar sua cara, agredir, defender e jogar com confiança, isso que está faltando. Se acontecer o primeiro bom resultado, logicamente que virão outros”, comentou o treinador.
A partida entre Prudentópolis e Coritiba acontece no domingo, 1, às 16 h. O jogo terá transmissão da Rádio Najuá AM 990 direto do estádio Newton Agibert, em Prudentópolis.
O treinador ainda comenta que conhece três atletas que estão no grupo do Prudentópolis. Segundo ele, os jogadores foram seus adversários no período que foi treinador do Democrata/MG. “Conheço alguma coisa da equipe, mas se fosse fácil com certeza não viria”.
Carreira de treinador
Márcio também falou sobre sua experiência como treinador no exterior. No início da carreira, ele comandou as equipes Sub-17 e Sub-20 da Seleção Brasileira e depois seguiu para o Mundo Árabe, onde trabalhou na Seleção Sub-20 do Catar e também no Al-Ahli da Arábia Saudita. Em 2012, comandou a seleção das Ilhas Cayman, que disputou as Eliminatórias para a Copa do Mundo do Japão e Coréia do Sul. Esse trabalho abriu portas para que Márcio recebesse uma oportunidade no futebol escocês, já que vários atletas que trabalharam com o treinador eram de origem britânica. Com isso, Márcio assumiu o Livingston (Escócia), em 2003.
“Fui o primeiro treinador a trabalhar no Reino Unido, antes mesmo do Felipão [Luiz Felipe Scolari] trabalhar no Chelsea [da Inglaterra]. Trabalhei em um clube da Premier League escocesa através de outra seleção que trabalhava no Caribe”, afirma.
Trabalho na Seleção da Tanzânia
O trabalho de maior destaque de Márcio Máximo no exterior foi na Seleção da Tanzânia. Ele disputou duas Eliminatórias de Copa do Mundo (Alemanha 2006 e África do Sul 2010), mas não conseguiu classificar o time africano para disputar a maior competição do futebol mundial. Mesmo assim, Márcio destaca que conseguiu cumprir vários objetivos na seleção tanzaniana. Um deles foi obter a classificou para disputar a Copa Africana de Nações pela primeira vez. O feito histórico fez com que o time saltasse da posição 167 para 86 no ranking da FIFA. “Classificamos para a Copa da África pela primeira vez na história, renovamos a equipe, pulamos quase 100 posições no ranking da FIFA, trabalho bem profundo e bom. Fiquei lá quatro anos porque as propostas de renovação eram interessantes e acabei ficando”, disse.
No comando da Tanzânia, Márcio Máximo enfrentou a Seleção Brasileira em um amistoso pouco antes da Copa do Mundo da África do Sul. A partida realizada no dia 7 de junho de 2010, foi vencida pelo Brasil por 5 a 1. Robinho e Ramires duas vezes cada e Kaká fizeram os gols da Seleção comandada por Dunga- naquela oportunidade.
O último clube treinador por Márcio foi o Young Africanas, também da Tanzânia, em 2014. Márcio deixou o clube por conta do atraso no pagamento de salários.
Crescimento profissional
Questionado se recebe críticas por treinar equipes de pouca expressividade no futebol mundial, Márcio destaca que o trabalho no exterior o ajudou a crescer profissionalmente. “Faço minhas as palavras do Levir Culpi [treinador do Atlético/MG]. Ele disse que foi para o Japão para aprender também. Futebol brasileiro parou no tempo. Não em relação à parte tática, os treinadores são muito competentes, mas na visão de futebol. Os outros centros, hoje na África não tem treinadores africanos, são europeus, holandeses, franceses, sérvios, croatas, isso faz com que você se atualize regulamente. Futebol é uma coisa que está evoluindo, não podemos achar que só o treinador brasileiro ou só o futebol brasileiro por ter atingido um patamar de qualidade bom. A Copa do Mundo provou isso, a Libertadores também, assim como o Mundial de Clubes”, analisa.