Manifestantes saíram às ruas de todo o Brasil para pedir a saída de Dilma Rousseff (PT)
Paulo Henrique Sava
Em Irati, mais de mil pessoas participaram da manifestação que pediu a saída de Dilma Rousseff da Presidência da República. Manifestantes protestaram também contra a corrupção no país.
A concentração aconteceu na Praça da Bandeira e a passeata seguiu pelas principais ruas da cidade, parou por alguns instantes em frente à Prefeitura de Irati e seguiu novamente para a Praça da Bandeira, que recebeu um abraço coletivo, em um ato simbólico realizado pelos manifestantes.
Durante o protesto, os manifestantes gritaram palavras de ordem pedindo a saída da presidente Dilma Rousseff e cantaram o Hino Nacional Brasileiro.
Confira o vídeo da manifestação gravado por Paulo Henrique Sava.
A reportagem da Najuá acompanhou a manifestação e conversou com algumas pessoas que participaram do protesto. O empresário e ex-vereador de Irati, Luiz Antônio Andreassa, o Ico, avalia que a população saiu às ruas devido à situação caótica que vive o país. “A gente vê que, de todo lado, tem roubo, corrupção, a política está ficando desacreditada. Então, o povo tem que se manifestar, ir atrás das coisas corretas, pois mudar o Brasil começa por aí. A mudança é o povo que vai fazer”, avalia.
Para Andreassa, os últimos acontecimentos registrados no Brasil foram determinantes para a realização da manifestação deste domingo. “O roubo é muito grande, e isso por enquanto está só na Petrobras, mas e quando forem averiguar outros órgãos, vai ser ainda maior o rombo”, comentou Ico.
O organizador do evento em Irati, Douglas Goy, disse que não ficou surpreso com a participação da população iratiense no manifesto.
“Irati é um povo guerreiro e, sabendo de todos os escândalos, decidiu vir para a rua”, destacou.
Douglas também ressalta que os casos envolvendo a corrupção na Petrobras, o aumento na carga tributária e a elevação dos preços dos combustíveis e da energia elétrica foram os principais motivos das manifestações deste domingo.
O empresário Ricardo Macedo avalia que, com estas manifestações, o povo demonstra que tem desejo de mudança. “Está na hora de o Brasil mudar, com tudo isso que está acontecendo e com impunidade, é hora de o povo sair para as ruas e expressar o que está sentindo. Eu estou aqui com meu filho, ele ainda não entende bem, mas um dia ele vai saber porque esteve com o pai dele aqui”, destacou.
Macedo opina que o povo quer mudanças em todas as esferas de governo. “É uma mudança para melhor, para que todo mundo veja que o povo está acordado e ciente do que está acontecendo. Esperamos que mude para que o Brasil, daqui a 10 anos, seja um país melhor, porque a esperança é a última que morre”, completou.
Fotos: Paulo Henrique Sava
A professora Eliana Boiko também conversou com a reportagem da Najuá. Ela falou sobre a participação dos jovens nas manifestações.
“Eu agradeço a esta juventude que realmente está vendo as necessidades de uma união, porque até o momento nós estamos à mercê de um governo federal que não vê as nossas necessidades, e principalmente aos meus alunos, aos quais eu sempre mostro a necessidade de uma mudança”, comentou.
Para a professora, é necessário que o jovem entenda a importância da valorização da sua própria pátria. “Nós dependemos destas crianças, e por isso estamos fazendo este movimento em prol de um Brasil maior, aquele país que nós conhecemos há 10 anos e que temos possibilidade de mudar seu quadro político”, destacou.
O empresário Miguel Volski avaliou de forma positiva a participação da população iratiense na mobilização nacional.
“Eu fiquei muito alegre em ver que a população de Irati, pela primeira vez na vida, se reúne em uma necessidade nacional, porque a corrupção no Brasil é algo insustentável, insuportável, e não temos mais como aguentar”, opinou.
O médico José Soares da Silveira destaca que, por ser um país democrático, as manifestações n Brasil são livres, desde que sejam autênticas, honestas e sem violência.
“O Brasil está precisando que o povo se manifeste, porque a situação econômica e a situação política estão muito graves. O Brasil somos todos nós, a sua população, que tem voz e tem vez. Precisamos ir às ruas para nos manifestar, o ideal é que não fosse necessário fazer isso, mas no Brasil, no momento, isto é necessário”, comentou.
Para Eliane Silveira, a participação da classe médica no evento foi muito importante. “Eu estou muito feliz porque a classe está sendo cada vez mais sacrificada pelos médicos que estão sendo trazidos de fora para o Brasil, onde a nossa saúde está péssima e os hospitais precisam de material. O governo exige muita coisa dos médicos brasileiros e os estrangeiros estão fazendo muita ‘besteira’”, comentou Eliane.
A adolescente Mariana, de 13 anos, destacou a importância da participação dos jovens em movimentos como o deste domingo. “Eu acho muito certo porque as próximas pessoas que vão lutar pelo país e provavelmente se tornar novos políticos são os jovens. A gente tem que reivindicar para que estas novas pessoas sejam políticos honestos e não fazerem a corrupção”, comentou a adolescente.
O empresário Marcelo de Souza avaliou a manifestação de maneira positiva. “Se o povo não se manifestar e não for para a rua, não pode reclamar da situação do país. Se a pessoa não for para a rua e reclamar, é sinal de que ela é conivente com a corrupção no nosso país”, comentou.
Em entrevista a Najuá, o vereador Emiliano Gomes (PSD) acredita que os movimentos em todo o país demonstraram um sentimento de indignação da população com a situação atual do Brasil.
“Não só ao pedido de impeachment, mas a tudo que vem acontecendo e a uma série de outros fatores. Eu acredito que este sentimento que o Brasil vem demonstrando é de indignação para com o governo e pedindo mudanças ao mesmo tempo. Nós temos que respeitar este sentimento e fazer com que o governo abra os olhos e um novo caminho de comunicação para a população demonstrar as suas prioridades e vontades”, comentou.
O agricultor Paulo Mazur, de 70 anos, disse que tinha acompanhado manifestações como as deste domingo apenas no rádio e na televisão. “Hoje vim do Rio Corrente e vi que tudo ocorreu de maneira pacífica, com todo mundo se comportando direito e fazendo a sua manifestação”, destacou.
Protesto em outras cidades
Outras cidades da região também realizaram protestos neste domingo. Em Ponta Grossa, a manifestação teve início às 09 horas na Praça Barão de Guaraúna, passou pela Avenida Vicente Machado e terminou no Parque Ambiental por volta das 12 horas.
De acordo com o portal G1, Cartazes pediam a saída da presidente e reformas política, judiciária e social. Dois jovens com uma bandeira vermelha foram retirados do protesto pela Guarda Municipal, ainda na concentração. A Polícia Militar (PM) e organizadores do evento estimam que cerca de 2 mil pessoas participaram da manifestação.
Em Guarapuava, a concentração aconteceu na Praça Cleve, no centro da cidade, por volta das 14 horas, e terminou às 16h30min, com os manifestantes caminando em direção ao Parque do Lago.
Manifestações pelo Brasil
Em todo o país, de acordo com o jornal Folha de São Paulo, mais de 1 millhão de pessoas saíram as ruas durante as manifestações.
De acordo com os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Miguel Rossetto (Secretaria Geral da Presidência) classificaram as manifestações como “democráticas e longe de golpismos”, segundo a Folha de São Paulo.
No entanto, para Rossetto, as pessoas que compareceram às eleições deste domingo não apoiaram Dilma na campanha de 2014.
Ainda de acordo com os ministros, o governo está aberto ao diálogo e quer negociar com a base aliada e com a oposição os próximos passos da reforma política do Brasil.
Outras manifestações por todo o país já estão programadas para ocorrer em abril. O pedido de impeachment da presidente Dilma deve ser entregue ao Congresso Nacional ainda nesta semana.