Comunidade ucraniana renova a tradição da Hailka

Tradição surgiu ainda na era pré-cristã, em que os pagãos celebravam o fim do inverno,…

13 de abril de 2015 às 13h01m

Tradição surgiu ainda na era pré-cristã, em que os pagãos celebravam o fim do inverno, com brincadeiras no bosque

Da redação, com reportagem de Élio Kohut

Uma tradição do povo ucraniano que remonta ainda ao período anterior à sua conversão ao Cristianismo, a Hailka foi festejada na comunidade de Linha Esperança, em Prudentópolis, nesta Páscoa. Trata-se de diversões e brincadeiras criadas pelos pagãos que viviam no território onde hoje fica a Ucrânia e que, inicialmente, serviam como comemoração pelo fim do inverno e chegada da primavera, que coincide com o período da Páscoa, no hemisfério norte. 

Hailka vem da palavra “hai”, que significa bosque, e é o local onde eram realizadas essas brincadeiras de roda e cantos. Para os ucranianos, a Hailka costumava ser um momento muito aguardado ao longo do ano pelos jovens solteiros, pois era uma das raras oportunidades de se confraternizar e até alguns casamentos ocorriam em função dos encontros promovidos por essa festividade.

A brincadeira foi toda animada ao som de músicas em ucraniano, tocadas por Samuel Semzezyn, o Samuca. A irmã Cecília Szeliga explicou um pouco sobre como funciona essa tradição milenar. “A Hailka festeja a Ressurreição de Cristo, com aquela alegria e empolgação”, conta. A irmã explica que os ucranianos, por ocasião da Páscoa, saúdam: “Cristo ressuscitou!” (Hrestós Voskrés), ao que se responde “Verdadeiramente, ressuscitou!” (Voisteno Voskrés).

“Esse é um encontro da comunidade, em que o povo se reúne em torno da igreja para cantar, brincar, se encontrar, para divulgar essa alegria, de que Cristo ressuscitou”, salienta a irmã, que complementa dizendo que a Hailka é uma comemoração mais ostensiva no próprio domingo de Páscoa que, no entanto, prossegue por mais três dias. Segundo ela, é costume dos ucranianos festejar a Páscoa por três dias. A comunidade de Linha Esperança também promoveu a Hailka neste domingo (12).

Samuca explicou que há uma música diferente para animar cada uma das brincadeiras. Numa delas, são formadas duplas que representam Adão e Eva no paraíso. Cada dupla cria uma coreografia, que deve ser imitada pelos demais.     Os jovens dançam em roda e um casal, ao centro, representando Adão e Eva, anda em sentido inverso. Adão e Eva dão saltos, abraços, batem palmas e os demais seguem.

Na brincadeira cujo nome significa “gralha voando”, se faz uma roda maior com outra menor ao centro dela. Numa outra brincadeira, uma moça fica no centro da roda e escolhe dez rapazes e vai descartando um a um; o último restante seria o escolhido, simbolicamente, para casar.

Outras brincadeiras seriam a do caracol, a do caracol inverso e o túnel. No caracol, enquanto a primeira estrofe é cantada, a roda vai se fechando em espiral, imitando a forma dele; na segunda estrofe, o sentido se inverte para que o espiral se abra novamente.

Imagens da Hailka:

 

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