Neta conseguiu contato com Orlando de Lara, que reencontrou seu grande amor do passado e agora promete casamento

Mais uma história de separação entre familiares teve um final feliz: a iratiense Daniele de Souza, moradora do bairro Tucholka, localizou o avô, Orlando Soares de Lara, que estava residindo na cidade de Feliz Natal, no Mato Grosso. Daniele procurou a Rádio Najuá no final de 2014, depois de ouvir diversas histórias de ouvintes que procuraram a emissora em busca de parentes desaparecidos e conseguiram encontrá-los.

Daniele comentou que o reencontro estava programado para acontecer em agosto, no dia dos pais, mas acabou sendo antecipado e aconteceu no dia 15 de julho. O pai de Daniele, Adão de Lara Souza, foi quem intermediou este reencontro. Ele comenta que a luta para encontrar o pai de sua esposa, Maria Sueli dos Santos Souza, não foi das mais fáceis por conta da dificuldade de encontrar informações sobre Orlando.

Adão comenta que conseguiu contato com Orlando após encontrar um sobrinho dele, Antônio Adir de Lara, em um hotel da cidade de Pitanga, quando se deslocava para o Mato Grosso. “O rapaz foi muito pontual comigo e me escancarou tudo na hora, o telefone e a cidade onde ele [Orlando] morava. No dia seguinte, nós ligamos, e aí acabou a espera”, afirmou Adão.

A filha, Maria Sueli dos Santos Souza, contou à reportagem da Najuá que teve um privilégio muito grande em poder conhecer seu pai depois de 54 anos de espera.
“Toda a vida eu tive aquele vazio, desde que me entendo por gente, até quando eu ia para a escola. Todas as crianças, quando iam escrever, tinham o nome da mãe e do pai, mas eu, quando ia escrever, ficava pensando comigo: por que é assim? Os outros têm pai assinado no caderno e eu não?”, conta.

Sueli diz que nunca perdeu a esperança de conhecer o pai. Ela diz que sempre pediu que Deus a desse a oportunidade de conhecer o pai, nem que fosse apenas em um sonho, pois pensava que Orlando já estivesse morto.

“O Adão, meu marido, falava que iria procurá-lo, mas eu dizia que não adiantava porque acreditava que ele já havia morrido, mas ele dizia que tinha certeza que o pai não estava morto, porque uma pessoa de 75 anos (idade de Orlando), sendo sadia, é forte, e eu pensava que nunca mais eu iria encontrá-lo”, comentou.

Encontro

Sueli comenta que, quando Adão viajou para Pitanga, levou com ele uma carta escrita por Orlando antes de ele deixar a antiga namorada, que reside até hoje na comunidade do Marmeleiro, em Rebouças, e entregou para o sobrinho de Orlando. Imediatamente, este repassou o contato de Orlando, e a neta Daniele foi quem entrou em contato com o avô. “Ela ligou e falou com a filha dele, chamada Vita, e foi perguntando se ela conhecia o Orlando. Foi quando Vita disse que iria chamar o pai. Ela chamou ele e todos se reuniram na casa dele. Eles ficaram sem saber o que fazer. Daquele momento para cá, fomos entrando em contato telefônico, até que, graças a Deus, nos reunimos, e só vamos nos separar do pai quando Deus levar ou ele, ou eu, ou a minha mãe”, declarou.

A emoção também foi grande para seu Orlando. Ele conta à reportagem da Najuá que quase não se lembrava mais daquele amor do passado, uma vez que já tinha constituído outra família. Porém, as lembranças ressurgiram após a morte da sua esposa, há quatro anos. “O tempo passa, pois se passaram mais de 50 anos e agora deu certo. A minha esposa faleceu há quatro anos e eu fiquei viúvo. Ajeitaram-se vários casamentos, mas não sei por que eu não quis me casar de novo, e agora ajeitou-se de eu encontrar eles de novo”, comentou.

História

Orlando conta que conheceu a avó de Daniele, Antônia Calixto dos Santos, na comunidade do Marmeleiro, onde ela morava com os pais e mais dois irmãos. A idosa nunca saiu da localidade. Ele conta que, num dia 25 de dezembro, Antônia decidiu sair de casa para viver junto com Orlando. “Ela foi, e os dois irmãos dela foram junto conosco, porque o meu barraco ficava pertinho, daí nós ficamos juntos e os dois irmãos voltaram”, conta.

De acordo com Orlando, o casal ficou por cerca de cinco meses junto. Depois, ele saiu de casa sem dar explicações, mas agora que reencontrou sua família, Orlando diz que não vai mais embora da região.

Para Dona Antônia reencontrar seu grande amor do passado depois de 54 anos foi um verdadeiro milagre. “Deus estendeu suas mãos na nossa vida e deu este encontro hoje. Eu me sinto muito feliz, foi um milagre que Deus fez para mim e para ele também”, contou Dona Antônio com a voz embargada e emocionada.

Antônia comenta ainda que, durante este tempo todo, não quis se casar com outra pessoa, na esperança de que Orlando pudesse voltar para sua vida. “Eu queria ele e só, mais ninguém. Eu perguntava: pra quê casar? Mas, graças a Deus ele está aqui, e agora vai ter casamento”, comentou, feliz, a idosa.

Busca

A neta Daniele comenta que a busca por Orlando foi longa, mas acabou dando certo. “O pai foi procurar, pegou o número do telefone e tudo o mais, não teve coragem de ligar, mas eu peguei e liguei, para ver no que daria. Deu certo, nós conversamos, e agora não podemos a família de lá sem notícias de nós aqui, não podemos abandonar, temos que sempre manter contato com eles”, declarou Daniele.

Orlando comentou ainda que, mesmo morando com a família iratiense, não deixará de manter contato com seus filhos, que continuam morando no Mato Grosso. “Posso ir a cada seis meses ou uma vez por ano para dar uma olhada neles. Agora, tenho que ir de avião, porque de ônibus está muito pesado para mim, isso se Deus me der vida e saúde, porque nisso primeiramente é ele quem manda”, frisou.