Irati cancela carnaval e Prefeitura vai destinar recursos para obras

Recursos de R$ 100 mil, que custeariam o carnaval, foram redirecionados para a primeira de…

08 de janeiro de 2016 às 10h47m

Recursos de R$ 100 mil, que custeariam o carnaval, foram redirecionados para a primeira de uma série de oito intervenções para conter novos alagamentos em Irati

Edilson Kernicki, com reportagem de Paulo Henrique Sava


Durante coletiva de imprensa nesta quinta (7), o prefeito Odilon Burgath (PT) comunicou o cancelamento do Carnaval de 2015 em Irati. O orçamento de R$ 100 mil que seria destinado para as festividades foi redirecionado para a primeira de oito etapas de um amplo projeto que visa impedir alagamentos na região do Rio das Antas e de seus afluentes. O projeto já foi aprovado pelo Ministério das Cidades e, no entanto, os recursos para a execução total das obras – estipuladas em cerca de R$ 1,4 milhão – ainda não foram empenhados.

“Cabe a nós, na gestão pública, optarmos e realizarmos de acordo com as prioridades. Iniciamos 2016 com essa prioridade”, anunciou Odilon. Segundo ele, o planejamento de todo o calendário do evento, feito pela secretária de Cultura, Fernanda Popoaski, já estava pronto e deveria iniciar a fase de licitações agora em janeiro.

Iniciativa similar já foi adotada em julho de 2014, conforme lembrou o prefeito, quando do cancelamento do Rodeio Crioulo de Irati, a fim de que os recursos fossem aplicados na recuperação dos danos ocasionados pelas enchentes ocorridas em junho daquele ano.

Odilon pediu a compreensão dos munícipes diante da decisão e afirmou reconhecer a importância do Carnaval e o esforço de todos os grupos culturais, que já tinham adiantado boa parte da preparação do evento, inclusive a composição de um samba-enredo. “Tenho certeza que, em 2017, com toda essa situação encaminhada, no nosso centro da cidade, vamos poder fazer um grande carnaval. Mas neste momento temos que fazer uma opção”, ponderou.

Na coletiva, o prefeito Odilon Burgath falou a respeito dos trabalhos executados pela Prefeitura a fim de minimizar a possibilidade de novos alagamentos em Irati. Uma das principais ações neste sentido diz respeito à dragagem de uma grande extensão do Rio das Antas, com investimento próximo de R$ 1 milhão. Graças à dragagem, segundo Odilon, o município não enfrentou nenhum alagamento em 2015, um ano depois da enchente de enormes proporções que assolou Irati e região em junho de 2014. Ainda de acordo com o prefeito, as intervenções permitiram triplicar a capacidade de vazão do rio.

Outra medida que a atual administração adotou para tentar conter o risco de novos alagamentos inclui a aprovação do decreto 91/2015, que exige a adaptação de novas construções no município e de construção de caixas de contenção de água em imóveis a partir de 125m² de área construída e impermeabilizada. Além disso, todas as tratativas para a criação do Parque Ambiental da Mata dos Gomes, que impediu o avanço de área impermeável no perímetro urbano e, consequentemente, impediu que se agravassem os problemas de vazão das águas pluviais. O Arroio dos Pereira também passou por desassoreamento, com maquinário da Prefeitura, nos trechos onde foi possível executar o serviço.

Odilon também anunciou que o secretário de Engenharia e Urbanismo, Sandro Podgurski, e sua equipe propuseram o estudo de macrodrenagem que se estenda por toda a cidade. “Ao longo dos anos, com essas situações climáticas, e a ocupação do solo não foi ordenada, chegando à beira do arroio. Esse plano vai ser também um grande diferencial. E um plano também caro, que a Prefeitura inicia com sua força própria, mas já buscou com parlamentares, durante o ano de 2015, o apoio através de emendas para que seja executado”, salientou o prefeito.

Ainda nesse sentido, o município considera a necessidade de realizar intervenções também no centro para evitar novos alagamentos: desde a Rua Alfredo Bufrem até a Rua da Liberdade. “Toda a estrutura, que é antiga, das galerias do Arroio dos Pereira, onde tem galeria, demanda também recursos bastante significativos”, comentou. O projeto elaborado contempla oito pontos de intervenção no centro de Irati. Havia a expectativa de repasse de recursos de cerca de R$ 1 milhão, do Ministério das Cidades, com contrapartida municipal, para a execução do projeto, de acordo com Odilon.

O secretário de Engenharia e Urbanismo, Sandro Podgurski, enfatizou a preocupação que circunda as recorrentes inundações no trecho da Munhoz da Rocha a partir de seu cruzamento com a Carlos Thoms, no centro comercial de Irati. 

“Quando há uma chuva um pouco mais significativa, o Arroio dos Pereira não suporta a vazão. As galerias existentes, em virtude da ocupação que estão acontecendo ao longo dos anos e das impermeabilizações que aconteceram e, ainda, em virtude da mudança climática que estamos vivendo, ele [o arroio] acaba não suportando e acaba extravasando”, explicou.

Podgurski complementou que o projeto já foi aprovado pelo Ministério das Cidades, mas que a verba ainda não foi empenhada. No entanto, ele observou que o município não pode ficar parado até a liberação desse recurso para viabilizar as oito intervenções.

Descarga do arroio sobre o Rio das Antas

A primeira das oito intervenções se situa no local de deságue do Arroio dos Pereira sobre o Rio das Antas. “Quem conhece o Arroio dos Pereira sabe que ele está chegando num ângulo reto, de 90° sobre o Rio das Antas, o que faz com que haja um represamento natural da água, principalmente quando o Rio das Antas enche. Além do mais, o estudo nos mostrou que existe um estrangulamento no canal do Rio das Antas, alguns metros abaixo de onde deságua o Arroio dos Pereira”, comentou. De acordo com o engenheiro, há uma sequência exata e cronológica para que as intervenções ocorram de modo satisfatório.

É exatamente neste local que fica um interceptor que recebe o esgoto de quase toda a cidade de Irati. “Um tubo de 60 cm que nós da Engenharia tivemos que achar uma solução para que houvesse um aumento da capacidade de deságue do Arroio dos Pereira no Rio das Antas, alargando-o e criando vórtices hidráulicos que façam com que a água, mesmo em casos de inundação, seja ‘sugada’ para o Rio das Antas, para não acontecer o represamento”, detalhou Podgurski. Nessa primeira intervenção, devem ser aplicados R$ 120 mil.

O leito do Rio das Antas possui, em média, 10 metros de largura. No entanto, essa largura é reduzida para apenas 7,5 metros a partir da sua confluência com o Arroio dos Pereira. Esse estrangulamento impede que a água escoe e ela retorna para o Arroio dos Pereira, causando o transbordo. A partir do alinhamento predial, para que não se invada nenhum terreno, o município vai construir um muro de arrimo e, ainda assim, mantenha a largura do leito em 10 metros.

Outras intervenções

“Não posso aumentar a vazão do rio sem antes preparar o local para receber esse aumento de vazão”, explicou o secretário, sobre a ordem cronológica de intervenções a serem executadas. A sequência de oito intervenções vai custar em torno de R$ 1,4 milhão e inclui: 1 – Descarga do Arroio dos Pereira no Rio das Antas; 2 – Ponte da Rua Coronel Saboia; 3 – Ponte da Rua da Liberdade; 4 – Galeria de 1m a 2,5m na Rua Carlos Thoms; 5 – Comporta na entrada da galeria do Arroio dos Pereira; 6 – Tubulação de 1m na Rua Carlos Thoms; 7 – Ponte na Rua Coronel Emílio Gomes e 8 – Ponte na Rua Alfredo Bufrem.  

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