Richa recebe lideranças de São Mateus do Sul para discutir possível fechamento de usina

Especulação em torno do possível fechamento da usina da Petrobras amedronta administração municipal e a…

19 de janeiro de 2016 às 09h09m

Especulação em torno do possível fechamento da usina da Petrobras amedronta administração municipal e a população

Da Redação, com assessoria e informações da Gazeta do Povo e Band News

Impacto ambiental versus impacto social



Em 2013, a unidade já correu risco de fechamento. A Justiça indeferiu uma liminar do Ministério Público (MP-PR), que solicitava o imediato fechamento da unidade de industrialização de xisto da Petrobras em São Mateus do Sul. Segundo o pedido do MP, a fábrica ocasiona danos ambientais e prejuízos à saúde da população. No entender do juiz substituto Nathan Kirchner Herbest, que respondia na ocasião pela Vara Cível da Comarca de São Mateus do Sul, haveria “prejuízo social bastante elevado”, tendo em vista que o fechamento da usina desaceleraria a economia local, por levar parcela significativa da população ao desemprego e desencadear a redução das receitas públicas.

A ação movida pelo Ministério Público em fevereiro de 2013 se apoiava num relatório produzido por um perito da Universidade de São Paulo (USP), que detectou a presença de mercúrio ao longo do leito de um rio, acima do limite permitido pela legislação. Além disso, os moradores estariam expostos à inalação das emanações gasosas, com partículas de ferro, enxofre e silício, o que traria problemas respiratórios aos moradores.

Lideranças de São Mateus do Sul e da região – incluindo o prefeito interino Clóvis Distéfano (PSC) e o deputado estadual Hussein Bakri (PSC) – se reúnem nesta quarta-feira (20), a partir das 15h, com o governador Beto Richa (PSDB) para uma reunião técnica no Palácio Iguaçu. O encontro visa buscar o apoio do governador para tentar impedir o fechamento da usina de xisto na cidade.

A especulação em torno do eventual fechamento da usina da Petrobras em São Mateus do Sul assusta a administração pública e a população: 40% da arrecadação municipal vêm da empresa, que gerou R$ 80 milhões em impostos estaduais somente em 2015. A unidade gera cerca de mil empregos, cerca de 400 diretos e em torno de 700 terceirizados. A usina responde por uma representativa fatia da atividade econômica do município: quase R$ 5 milhões em tributos municipais são arrecadados por ano, além de R$ 13 milhões em royalties.

Distéfano acredita que a usina de xisto corre sérios riscos de ser fechada. “Existe um estudo, que está sendo feito em todo o Brasil nas unidades da Petrobras, e a nossa unidade corre sérios riscos de ser fechada, o que vai afetar ainda mais a economia do município e também do Estado. Vamos até Curitiba para pedir o apoio do governador para que uma interferência seja feita e que esse possível fechamento não seja concretizado”, afirma o prefeito interino.

“As gerências da unidade não mantêm essa informação, eles não dão uma resposta definitiva. Dizem que está sendo feito um estudo, mas que não há nenhum risco ou interesse de fechamento da Unidade em São Mateus do Sul. Se esse estudo está sendo feito, é lógico que caracteriza que pode ocorrer um fechamento”, comentou Distéfano à Band News FM de Curitiba nesta terça-feira (19).

“Quero lutar pelo bem do povo paranaense, por isso vou até o fim nessa empreitada”, afirma o deputado estadual do PSC, que intermediou a reunião com Richa logo que soube da possibilidade de fechamento da usina.

O prefeito também disse à Band News que teme o impacto econômico e social que o fechamento acarretaria. Mas reconhece que, antes de confirmar essa especulação, a Petrobras deve avaliar as condições da empresa para, posteriormente, definir de que modo a Usina continuará a operar. 

Petrobras nega fechamento

Em nota encaminhada à imprensa na semana passada, a assessoria da Petrobras informou que a usina vai fechar por aproximadamente 30 dias, para manutenção, a partir de 13 de fevereiro. O intervalo de parada, tecnicamente denominado Oil to Oil, seria uma praxe em todas as unidades da Petrobras para manutenção dos principais equipamentos do parque industrial, a fim de garantir o atendimento da norma de segurança NR13, que trata da operação de caldeiras e vasos de pressão.

A execução desse trabalho deve envolver 600 pessoas, metade delas trabalhadores especializados em caldeiraria, soldagem, montagem de andaimes, mecânica, inspeção de equipamentos e serviços gerais.

A usina produz, a partir do xisto, óleo combustível, nafta, gás combustível, gás liquefeito e enxofre. A usina também opera como um centro avançado de pesquisa na área de refino, onde são desenvolvidos vários projetos em conjunto com o centro de pesquisa (Cenpes) e universidades.

Redução do valor de mercado
O vereador Omar Picheth (PDT) levantou a especulação da possibilidade de fechamento da usina. Ele também é funcionário do empreendimento e afirmou que os investimentos da Petrobras na unidade estão em queda, passando dos R$ 100 milhões anuais para R$ 15 milhões em 2015. Desde sua máxima histórica na Bovespa, em 2008, quando tinha valor de mercado avaliado em R$ 510,3 bilhões, a Petrobras vem apresentando queda. Na segunda-feira (18), pela primeira vez em 12 anos as ações da empresa caíram para menos de R$ 5.

A queda de valor de mercado da estatal acumulou, gradualmente, 85,5% e agora chega a R$ 73,7 bilhões, quase sete vezes menor do que se registrava em 2007. É a primeira vez que o valor da companhia fica abaixo dos R$ 100 bilhões.

Além disso, o Conselho de Administração da Petrobras decidiu reduzir em 25% o valor dos investimentos até 2019. 

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