Durante volta ao mundo de carro, casal ucraniano visita Prudentópolis

Casal se encantou ao perceber a igreja cheia e que todos rezavam e cantavam em…

17 de março de 2016 às 11h07m

Casal se encantou ao perceber a igreja cheia e que todos rezavam e cantavam em ucraniano durante a missa

Edilson Kernicki, com reportagem de Élio Kohut


Os ucranianos Marianna Gavrylenko e Vitalli Tantsiura incluíram a cidade de Prudentópolis em seu roteiro de viagem de 90 mil quilômetros ao redor do mundo na expedição denominada “Ukraine’s Open Heart” (algo como Ucrânia de Coração Aberto, em tradução livre). A professora Meroslava Krevey deu mais detalhes sobre a visita do casal.

Marianna e Vitalli saíram da cidade de Dnipropetrovski, um pólo industrial da Ucrânia, em 12 de setembro do ano passado. Segundo Meroslava, na região em que os dois moram, o idioma e a população russa predominam, o que acaba influenciando os moradores ucranianos. “Eles montaram um carro sofisticado, que chamaram de ‘Sonyashnyk’, ou seja, Girassol (Sunflower). O carro está equipado com uma série de coisas que eles levam pelo mundo, como bandeiras, mapas, livros e, inclusive, tecido com bordado. Eles querem mostrar a riqueza da Ucrânia”, descreveu.

{JIMG1}O objetivo do casal é mostrar ao mundo que a Ucrânia é um país independente e que possui uma cultura singular, uma economia forte e um povo trabalhador. Segundo Meroslava, nas cidades que percorrem, os dois procuram sempre por alguém que fale o idioma ucraniano. Se não encontram, ambos também falam espanhol e inglês. Em Prudentópolis, enquanto tomavam sorvete, se depararam com integrantes do grupo folclórico Vesselka. “Esses jovens [do grupo Vesselka] correram lá em casa pedindo por alguém que falasse ucraniano, porque eles não têm fluência. Foi assim meu encontro com o casal, na frente da Igreja”, conta a professora.

Depois desse primeiro encontro, Meroslava convidou o casal a ir à missa no domingo pela manhã, na Matriz, e para uma visita ao Museu do Milênio, que preserva a cultura ucraniana. “A igreja estava lotada na missa das 8h e eles ficaram boquiabertos com o pessoal cantando em ucraniano. Eles gravaram um vídeo, porque vão mostrar isso para o mundo”, relata Meroslava.

O casal passou pelo Museu do Milênio, onde Marianna trabalhou com tecidos para montar uma boneca típica da Ucrânia e representa proteção às famílias. “É uma boneca totalmente de pano, sem costura, só amarrada. Isso é interessante para nossa cultura, que nós temos essa memória, das nossas famílias, pois qual era a mãe que não dava um tecido para a criança fazer uma bonequinha e ela brincasse com isso? [A boneca] é um talismã, praticamente: a mãe fazia a boneca, amarrando o tecido, e a deixava sem rosto, sem olhos, com a cabeça branca, e essa boneca ia acompanhar a criança no seu dia a dia”, explica.

Da conversa com os dois ucranianos, Meroslava aponta um detalhe curioso: os dois se impressionaram com a capacidade e fluência de muitos prudentopolitanos em falar ucraniano, ao passo que o próprio casal, vindo da Ucrânia, faz a maior parte de suas postagens no Facebook em russo.

Locais visitados pelo local

Desde que saíram da Ucrânia, Marianna e Vitalli já percorreram uma série de países na Europa, como a Suécia, Romênia, Eslovênia, Finlândia, Letônia, Croácia, Albânia, República Tcheca, Eslováquia, França, Hungria, Estônia, Itália, Macedônia, Noruega, Dinamarca, Áustria, Portugal e Espanha, antes de cruzar o Oceano Atlântico, numa viagem de navio ao longo de um mês.

Em seguida, passaram pela costa brasileira até retornar a solo firme, quando passaram pela Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai e, no início de março, chegaram ao Brasil, em Foz do Iguaçu. Depois da passagem por Prudentópolis, o casal seguiu a bordo do “Girassol” em direção a Curitiba. O roteiro de viagem ainda inclui a Bolívia, o Peru, a Colômbia e deve atravessar a América Central, em direção aos Estados Unidos, outro País que recebeu uma forte corrente migratória de ucranianos nos séculos XIX e XX. Da costa oeste americana, o casal atravessará o Oceano Pacífico até chegar a Rússia e, finalmente, retornar à Ucrânia.

Financiamento do projeto

Vitalli é produtor artístico e de eventos e Marianna trabalha no comércio. A expedição cultural Ukraine’s Open Heart recebe patrocínios e a estimativa é de que o investimento chegue a meio milhão de dólares.

No site www.kozaktravel.com.ua, em que publicam notícias, fotos e vídeos da viagem, o casal explica que o projeto é mais que apenas uma viagem, “ele carrega uma missa ideológica – contar ao mundo sobre a Ucrânia, criar uma imagem positiva da nossa terra natal, popularizá-la”, explicam. “Precisamos que o mundo saiba que a Ucrânia é um país independente e conheça a força, a rica cultura, tradições e aspectos pitorescos da natureza e da população e nosso amor sem limites por ela”, complementa o casal no site.

Ainda na página, eles dizem que durante a expedição têm realizado encontros com jornalistas, ativistas sociais e descendentes de ucranianos, para quem prepararam apresentações, palestras, flash mobs “amarelo e azul” (as cores da bandeira ucraniana) e souvenirs, como as bonecas ucranianas.

O site é atualizado frequentemente, com textos disponíveis em ucraniano, russo e inglês.

Este site usa cookies para proporcionar a você a melhor experiência possível. Esses cookies são utilizados para análise e aprimoramento contínuo. Clique em "Entendi e aceito" se concorda com nossos termos.