Doenças que afetam o coração e o sistema circulatório já causaram a morte de mais de 305 mil pessoas no Brasil somente em 2016
Edilson Kernicki, com reportagem de Paulo Henrique Sava
Dando sequência à série de reportagens sobre a Saúde do Homem, dentro da campanha “Novembro Azul”, o programa “Espaço Cidadão” recebeu o cardiologista Aleixo Guerreiro para um bate-papo sobre prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares que, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), causam o dobro de mortes em relação à neoplasia (câncer).
Confira abaixo o número de casos de doenças cardiovasculares em Irati e região
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As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil. De 2004 a 2014, foram responsáveis por 3.493.459 óbitos, ou 29% do total, o que equivale a uma morte a cada 40 segundos. Somente em 2016, de acordo com o Cardiômetro, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, (www.cardiometro.com.br), 305.799 pessoas morreram de doenças cardiovasculares, até o fechamento da edição deste texto. No mês de novembro, esse número foi de 14.184.
Restritamente no dia 15 de novembro, até as 20h, foram registradas 799 mortes por doenças cardiovasculares no Brasil, segundo a SBC.
Comparativamente, as doenças cardiovasculares matam duas vezes mais que o câncer; 2,3 vezes mais que todas as causas externas (acidentes e violência); três vezes mais que doenças respiratórias e 6,5 vezes mais que todas as infecções, inclusive a AIDS.
A preocupação do homem quanto às doenças cardiovasculares deve ser maior, tendo em vista que 60% dos óbitos relacionados a essas doenças são de homens, segundo o doutor Guerreiro. Ainda conforme ele, as estatísticas regionais acompanham o quadro nacional: cerca de 30% das mortes são causadas por mortes cardiovasculares.
De acordo com o Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), dentro da Mesorregião Geográfica Sudeste Paranaense, considerando apenas as Microrregiões Geográficas de Prudentópolis e de Irati, que abrangem os municípios da Amcespar, a maior taxa de mortalidade por Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) em 2014 ficou para o município de Mallet. Em Mallet, a taxa de mortalidade por infarto foi de 133,12 para cada 100 mil habitantes. Irati aparece em 7º nessa lista, com 38,76 mortes por infarto a cada 100 mil habitantes.
No caso de doenças cerebrovasculares (AVC /AVE ou, vulgarmente, derrame), Rio Azul lidera a lista, com o registro de 53,64 mortes por derrame para cada 100 mil habitantes. Irati aparece em 4º lugar na lista, com 42,13 mortes a cada 100 mil habitantes (confira tabela).
Segundo o cardiologista, o estresse, a precariedade da alimentação e a falta de qualidade de vida são os fatores que mais contribuem para o aumento na quantidade de pessoas com doenças cardíacas. “Apesar de o mundo, de uma forma geral, progredir e as coisas estarem mais evoluídas, nossa qualidade de vida não tem acompanhado essa evolução, ela tem caído”, afirma.
Respondendo à dúvida de uma ouvinte, o médico esclarece que o infarto pode ocorrer mais de uma vez com o mesmo paciente. “O infarto dá mais de uma vez. É até comum, porque os fatores de risco permanecem. Normalmente, o segundo infarto é maior [mais grave] que o primeiro”, alerta o doutor Guerreiro. De acordo com ele, a angina – dor no peito – já serve de aviso para se cuidar mais.
Cuidados
O cardiologista orienta que as pessoas reduzam a ingestão de alimentos gordurosos, pois a gordura se acumula nas artérias, causando a arterosclerose. A gordura forma “placas” que estreitam as artérias e dificultam a circulação sanguínea, aumentando a pressão arterial e o risco de infarto e de AVC.
Portanto, deve-se manter uma alimentação bastante variada e balanceada – com proteínas, carboidratos, gorduras, açúcares, sais minerais. “Nossa alimentação tem que ser variada. Temos que comer um pouco de cada coisa”, recomenda.
Segundo ele, o problema está no fato de que, ultimamente, temos baseado nossa alimentação na praticidade do preparo ou nas preferências pessoais, o que nos faz ingerir ou muito carboidrato, ou muito açúcar ou muita gordura. A alimentação não precisa ser restrita, não é necessário cortar completamente nenhum alimento da dieta; mas é importante ser moderado, enfatiza o dr. Guerreiro.
Sedentarismo e tabagismo também são elementos que contribuem para elevar o risco de infarto. Quem fuma tem uma probabilidade cinco vezes maior de sofrer um infarto. “Se você tem um risco de infarto por conta da tua idade, se você fumar, esse risco aumenta em cinco vezes”, alerta. A atividade física é fundamental para a prevenção de doenças cardiovasculares. O médico recomenda a caminhada leve, seja ao ar livre, na esteira ou no simulador de caminhada (elíptico). Para exercícios mais pesados, como uma caminhada mais intensa, corrida ou musculação, deve-se sempre consultar o médico primeiro e verificar as condições de saúde.
Outro fator de risco é a hereditariedade. “Se você tem parentes que já tiveram infarto do miocárdio, AVC ou outras doenças cardiovasculares, você tem um risco aumentado. É preciso ter um cuidado redobrado. O sobrepeso é outro fator de risco”, acrescenta o médico.