Casal em expedição pelas Américas passa pela cidade de Irati

Cláudia Soares e Lucas Freitas estão percorrendo as Américas de um extremo a outro: de…

23 de outubro de 2017 às 09h05m

Cláudia Soares e Lucas Freitas estão percorrendo as Américas de um extremo a outro: de Ushuaia, na Argentina, ao Alasca e vão fazer um estudo sobre a culinária local de cada região

Edilson Kernicki, com reportagem de Anderson Harmuch e José Juarez de Oliveira 
O casal Cláudia Soares e Lucas Freitas, de Barueri, na Grande São Paulo, iniciou uma expedição que está percorrendo as Américas de um extremo a outro: da cidade de Ushuaia, na Argentina, até o Alasca, um dos estados americanos, que fica ao norte do Canadá, dentro do Círculo Polar Ártico. Cláudia está fazendo um estudo sobre a culinária local de cada região. De passagem por Irati, o casal experimentou o pirogue recheado de ricota com molho à bolonhesa e o refrigerante de gengibre, a gengibirra.
Para a expedição através das Américas, o casal adaptou uma Land Rover como se fosse uma casa, um motor-home. A expedição de Cláudia e Lucas teve início na cidade de Ushuaia, capital da Província da Terra do Fogo, na Argentina, conhecida como “a cidade mais austral do mundo”, isto é, a que fica mais ao Sul. É de lá que partem cruzeiros de expedição em direção à Península Antártica, por exemplo. Ushuaia é uma cidade da Patagônia Argentina.
Veja como ficou o carro adaptado:

A viagem, prevista para durar um ano, está apenas no começo. Cláudia e Lucas estão na estrada desde o dia 30 de setembro e estiveram em Irati, a convite do professor Cláudio Suzuki, do Departamento de Educação Física da Unicentro. Eles participaram do programa “Interligado”, da Rádio Najuá FM 106,9 e contaram sobre a experiência que pretendem viver ao longo de um ano. Antes de chegar a Irati, ambos passaram por Foz do Iguaçu, na região de fronteira entre o Brasil e Paraguai; por Laranjeiras do Sul e Prudentópolis, onde ficaram atolados.

Confira a entrevista completa com Suzuki, Cláudia e Lucas no fim do texto

[publicidade id=”39″ align=”right” ]O professor contou que conheceu o casal através de um grupo de pessoas interessadas pela Land Rover Defender, um veículo off-road de tração 4×4. O convite partiu do interesse do professor em, futuramente, fazer uma aventura semelhante. “Por isso resolvemos oferecer essa estadia a eles nesse período que eles estão passando pela região do Paraná e mostrar as belezas naturais que temos na região”, explica.
Suzuki comenta que aproveitou a ocasião para apresentar as cachoeiras de Prudentópolis, uma vez que ele trabalha com esportes radicais e planejou descer de rapel as cachoeiras. “A ideia deles, com essa viagem, é de fazer a divulgação dos locais por onde eles passam. Para alavancarmos o turismo na região de Prudentópolis e cidades circunvizinhas, a ideia foi mostrar algumas dessas belezas”, relata.
“É uma honra estar na cidade de Irati. Adoramos o passeio com o Suzuki. Ainda bem que houve esse convite, senão não saberíamos chegar até aqui, pois não são divulgadas lá em São Paulo as cachoeiras do Paraná. Pelo menos nós nunca tínhamos ouvido falar. Foi uma surpresa. E posso falar que o comentário do Lucas foi ‘Nossa, é mais bonito que as Cataratas [do Iguaçu]. Estamos mesmo encantados com a região”, afirma Cláudia.
Lucas revela que, antes de decidir fazer a expedição, o casal experimentou viagens menores. Numa delas, foi até o Uruguai de avião, alugou um carro por lá e acampou durante 15 dias, num determinado percurso pelo país. No Brasil, o casal conheceu a Chapada do Veadeiros, em Goiás.
O objetivo da viagem é conhecer o maior número possível de países, percorrendo a América do Sul, a América Central e a América do Norte. Conforme Lucas, a viagem só termina no Alasca porque é até onde dá para ir de carro. Para ir a outro continente, como a Ásia, a travessia do Estreito de Bering – entre os Estados Unidos (Alasca) e a Rússia seria feita num contêiner. O off-road do casal também poderia ser levado de contêiner a Portugal, para uma expedição pela Europa. No entanto, para isso, os dois dependeriam de patrocínio.
“Primeiro, estamos indo para o Ushuaia, como destino mais longo. Só indo até lá já teremos conhecido o Paraguai, a Argentina, o Uruguai e o Chile. A ideia, depois, é subir, pelo canto esquerdo do mapa, todo o Chile e todo o Peru”, explica Lucas, sobre esse princípio da expedição.
O professor Cláudio Suzuki se inspira na experiência do casal e revela que em breve pretende ir em expedição ao Deserto do Atacama, no Chile, e também percorrer o litoral do país surfando, em janeiro, quando pode vir a cruzar de volta com Cláudia e Lucas, que já estarão subindo, no retorno de Ushuaia, em direção ao Alasca.

Manutenção

Quanto à longa viagem e os riscos de enfrentar problemas mecânicos ao longo do trajeto, Lucas explica que o casal se planejou e tem apoiadores e mecânicos especializados que prestam esse apoio durante a viagem. “Na estrada, acabamos nos sentindo um pouco a sós, mas com a internet hoje a coisa fica muito mais fácil [estabelecer contatos]”, diz.
“Esse grupo nas redes sociais que o Suzuki citou é muito forte. Uma vez o carro quebrou, até era meu aniversário e o Lucas estava indo me buscar para uma festa surpresa que ele tinha preparado e é a primeira vez que o carro quebra. Ele mandou pelo Whatsapp o que estava acontecendo e, de repente, já tínhamos a solução. Em menos de dez minutos, duas pessoas se propuseram a buscá-lo, e nem precisava. É uma família muito unida e muito forte, por mais que não conheçamos todos presencialmente”, comenta Cláudia.
Segundo Lucas, o Land Rover Defender possui uma “mecânica muito simples” e é um carro robusto – preparado para enfrentar variados tipos de terreno. “O meu é do ano 2000. Então esse lance de encontrar peças e fazermos nós mesmos a manutenção é gostoso. É um aprendizado e é uma troca”, diz.
Ele comenta que ter noções de mecânica evita passar por apuros em locais inóspitos, sem mecânicos por perto, assim como evita ser enrolado em oficinas de outros países, até pelo fato de o nome das peças ser diferente conforme a língua e pela possibilidade de os preços se tornarem “salgados”. Através do grupo, os viajantes conseguem obter peças para a manutenção do veículo, inclusive.

Morar no carro

Lucas descreve como é morar no carro adaptado para ser a casa dos dois ao longo da expedição. “Tem que manter a organização, pois o espaço é limitado para guardar as roupas e as coisas. O carro tem uma cozinha interna, com geladeira, pia, fogão. Tem um sofá-cama, com essa dupla função. Se quiser levar alguém junto, dá para usar o sofá. Ou desmontamos e montamos a cama. E essa mesma madeira vira uma mesa externa. Temos um toldo de 2,5 metros, que abrimos e vira um ambiente legal para cozinharmos, com sombra”, explica. Cláudia emenda que o sofá-cama tem tripla função, pois funciona também como um bagageiro.

Planejamento prévio

Foram seis meses de planejamento até o início da viagem, propriamente dita. Lucas mora numa chácara em Barueri, cidade a 26 km de São Paulo. Antes de viajar, esvaziou toda a casa, encaixotou os objetos e trancou tudo. “Deixei a chácara livre para locação. Estamos tentando alugar aos finais de semana. Não temos a grana para fazer a viagem toda. Então, por isso até que o projeto se chama ‘Mãos na Massa e Pé na Estrada: estamos trocando serviços durante o caminho, como vídeos por hospedagem”, relata. Lucas também era dono de uma imobiliária, em sociedade com o pai.
Cláudia era dona de uma empresa que reunia buffet e um trabalho corporativo de integrar times na cozinha. “Quero levar esse trabalho pelas regiões por onde eu passar. Temos um convite em Santa Cruz do Sul (RS), estamos negociando isso. Deixei meus pais tocando, mas eu sei que vai diminuir muito o movimento”, explica. 
“Para montarmos a estrutura do carro, fomos atrás de apoiadores, patrocínios. É muito legal que tem muita gente acreditando nesse nosso sonho e nos auxiliando. O primeiro sonho foi fazer o carro, deixar o carro pronto para podermos sair, o que foi muito trabalhoso e nos custou praticamente todas as nossas reservas, acrescenta Lucas.

Mãos na Massa e Pé na Estrada nas redes sociais

Cláudia e Lucas mantêm o site www.maosnamassaepenaestrada.com/a-viagem, onde descrevem como funciona a expedição. No trajeto, eles abastecem suas redes sociais com o conteúdo produzido durante a viagem, como vídeos e fotos. No Facebook, a fanpage “Mãos Na Massa e Pé Na Estrada” (www.facebook.com/maosnamassaepenaestrada) já recebeu mais de 8 mil curtidas. No Instagram (@maosepenaestrada), o casal reúne 760 seguidores. O canal do YouTube ainda é novo, mas logo deve receber conteúdo sobre a expedição. Você pode se inscrever em: https://www.youtube.com/channel/UC4qvHbrbdSmmPwXu6EaH8iQ e acompanhar a aventura do casal.
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