Prefeitura de Irati detalha ações para conter alagamentos na região central

25 de março de 2018 às 10h56m

Série de medidas adotadas impediu que os danos fossem maiores, em alguns locais, após a chuva torrencial do dia 14 de março

Da Redação, com reportagem de Paulo Henrique Sava e Rodrigo Zub e informações Assessoria 
O prefeito de Irati, Jorge Derbli, e o secretário municipal de Arquitetura, Engenharia e Urbanismo, Dagoberto Waydzik, detalharam as ações adotadas para conter os alagamentos na região central da cidade, em participação no programa “Meio Dia em Notícias”, da Super Najuá FM, no dia 15 de março. No dia anterior, houve precipitação de 77,4 milímetros em algumas partes do Centro, e de até 90 milímetros em zonas mais periféricas, conforme a Secretaria. Os dados foram confirmados pelo 8º Distrito de Meteorologia de Irati. 
O alagamento levou ao cancelamento da partida entre o Iraty e o Batel, que ocorreria na quarta (14), pela 2ª divisão do Campeonato Paranaense, no Estádio Coronel Emílio Gomes. 
Vídeo gravado por Teodoro Schreider Filho mostra como ficou a Rua Conselheiro Zacarias após chuva do dia 14 de março

No cruzamento entre as ruas Carlos Thoms e Munhoz da Rocha, que possui trânsito intenso, houve alagamento. Naquele ponto, a galeria subterrânea, há anos, não dá conta de escoar o volume de água de chuvas mais fortes. A água vem de pontos mais altos da cidade, como ruas do bairro Alto da Glória e o número de bueiros se mostra insuficiente. Sob esse mesmo cruzamento, passa o Arroio dos Pereiras. Num pacote de medidas anunciado na gestão anterior, a quarta etapa compreendia o alargamento da galeria pluvial na Carlos Thoms, que tinha tubos de um metro de diâmetro, para tubos de 2,5 metros. 
Perto dali, na Conselheiro Zacarias, adjacências da Copel, onde já houve trabalho de alargamento da tubulação, a água levou cerca de 12 minutos para escoar, depois que a chuva reduziu de intensidade. Entre a Alfredo Bufrem e a Praça da Bandeira, no entanto, o alagamento demorou bem mais para ser absorvido pelas antigas galerias. 

Prioridades 

Conforme Derbli, já na tarde de quarta (14) e na manhã desta quinta (15), houve trabalhos de limpeza nas ruas onde ocorreram as inundações. Entretanto, voltou a chover forte no final da tarde. O prefeito destaca que a condição geográfica da cidade, com relevo acidentado e uma planície no Centro circundada por uma série de declives, favorece a ocorrência de alagamentos, pois a água desce das partes mais altas e se concentra nessa área mais baixa.  
“Temos que trabalhar duro para fazer esse escoamento. Quanto à chuva, não podemos fazer nada, pois foi um volume expressivo, em torno de 80 milímetros, em pouco tempo. Não só Irati, mas outras cidades do Estado também foram alagadas. Com chuvas muito intensas, num período muito curto, não existe vazão, dentro do plano de galerias de Irati, para dar escoamento a toda essa água”, justifica o prefeito. 
Derbli pontua que, desde que assumiu o mandato, iniciou as providências para impedir alagamentos na cidade. “A primeira obra que determinei para fazer foi no Rio das Antas. A cidade está num ponto que temos que ter um extravasor, por onde a água saia. Não adianta trabalharmos dentro de uma drenagem dentro da cidade, sendo que a água fica confinada na parte baixa e não tem vazão”, acrescenta o gestor.  

Ações já executadas 

Conforme a Secretaria de Arquitetura, Engenharia e Urbanismo, em 2017, foi executado um canal hídrico dentro da propriedade da madeireira Dallegrave, após a rede ferroviária, com tubulações (manilhas) duplas de um metro de diâmetro, que ajudou a amenizar antigas inundações na Rua Marechal Floriano. Ainda durante o ano passado, foi realizada a dragagem do Rio das Antas, no trecho entre a ponte da BR-277 até a Vila Nova, com extensão de 3.708 metros, que aumentou o escoamento das águas pluviais.
“Este trabalho já está dando resultados. Recebi vídeos [na quarta-feira, 14] que mostravam a velocidade que a água estava saindo, sem represar. Irati tem um sistema de drenagem dos anos 1950 e 1960, com galerias ainda de pedra na Munhoz da Rocha, do tempo que era cortada a pedra manualmente e não tem tubulação com o diâmetro necessário para fazer o escoamento de água. É uma galeria muito antiga, que tem que ser renovada”, observa o prefeito. 
Os serviços de dragagem do Rio das Antas devem prosseguir em 2018, entre a Vila Nova e o Centro. O prefeito já liberou mais mil horas de trabalho de escavadeira hidráulica para atender a essa demanda.  
O contrato do canal hídrico da Carlos Thoms está prestes a ser homologado. O canal compreende a extensão desde a Munhoz da Rocha até a linha férrea, para melhor o escoamento do Arroio dos Pereiras, obra com custos estimados em R$ 1.176.285,76, conforme o Setor de Licitações da Prefeitura de Irati. Uma empresa já venceu o certame para execução, mas a habilitação técnica da empresa está em reanálise, antes de ser assinada a Ordem de Serviço. Quatro empresas participaram da licitação. Uma emenda parlamentar do deputado federal Evandro Roman (PSD-PR), de R$ 1 milhão, foi empenhada, mas ainda não depositada, para assegurar a obra. 
Entre 2017 e 2018, foi licitado o Plano de Macrodrenagem, onde existe vencedora da licitação, que está aguardando a assinatura da Ordem de Serviço pela Prefeitura. Este plano estudará a contribuição de cada bacia hídrica, e as futuras soluções para que a velocidade de escoamento de águas pluviais seja eficiente e evite inundações ou enchentes. 
Conforme Derbli, esse estudo deve evitar problemas advindos da falta de planejamento na execução de galerias, pois muitas das canalizações são executadas considerando-se o volume de água de períodos de seca. “Ninguém faz a conta de que, quando dá uma enchente, aquilo transborda e precisa, para trabalhar em cima daquele córrego, riacho ou rio, fazer uma galeria que já suporte uma quantidade maior de água. Quando dá essa chuvarada, entope, estrangula, aí a água transborda. O canal do rio deve ser respeitado em sua vazão máxima e não a mínima, de períodos de seca. E foram construídas, ao longo dos anos, de muitos e muitos anos, alguns canais, construções em cima de rios, que não tiveram o cuidado de fazer uma galeria com margem de segurança para que suporte um maior volume de água”, avalia o prefeito. 
“O Plano de Macrodrenagem é um diagnóstico que vai pegar todo o perímetro urbano de nossa cidade, que contempla várias microbacias. Vai pegar a Microbacia do Stroparo, que vai dar no Arroio dos Pereiras. Se aquele lugar estiver totalmente tomado por construções, respeitando a lei da taxa de ocupação, pega-se a maior chuva que existiu nos últimos 100 anos e vai calcular qual a vazão necessária para aquela drenagem”, emenda o secretário Dagoberto. 

Ações futuras 

“Tem coisas em Irati que não tem mais como consertar. Algumas dessas galerias de pedra e algumas dessas construções que foram feitas em cima do rio [do Arroio dos Pereiras] é só se eu demoli, se eu indenizar, se derrubar alguns pontos da cidade, coisa que é quase impossível”, pondera o gestor. A galeria, que terá entre 180 e 200 metros de extensão, de 1,5 metro de altura e quatro metros de largura, começa próximo ao Restaurante Marama, na Rua Carlos Thoms, para dar vazão à água ali perto do Bradesco; colocar umas bocas-de-lobo bem grandes, para pegar toda essa água. Ela vai passar em frente à Irabox, sentido Correios. Quando chega à Praça da Bandeira, vira à esquerda, segue e cruza a Conselheiro Zacarias e vai desembocando antes da rede”, descreve Derbli. 
O prefeito relata que, no ano passado, percorreu por dentro as galerias existentes nesse primeiro quarteirão comercial da Munhoz da Rocha, junto ao secretário Dagoberto Waydzik, e eles constataram a irregularidade na largura das galerias, que varias de um a quatro metros.  
Diante da impossibilidade de alargar essa galeria, que cruza aquela quadra, o que demandaria demolições e indenizações, a solução encontrada foi construir essa nova galeria, que vai contornar esse quarteirão. 

Vila Nova 

Outra galeria será construída na Rua Miguel Bay, na Vila Nova, próximo à BR-277, um ponto também bastante problemático no que concerne a alagamentos. O contrato de R$ 795.954,12, com recursos do Ministério das Cidades, foi assinado pela empresa Cathio. A obra será executada com emenda parlamentar da deputada federal Leandre Dal Ponte (PV-PR), com contrapartida municipal. 
“Ela sai da BR-277 e vem desaguar no Rio das Antas. É uma galeria com manilhas de 1,5 metro. É uma obra pesada. Nessa mesma licitação, tem mais dois trechos que serão contemplados: na Rua Jornalista José da Silva, onde será feito um muro de arrimo com dissipador de energia; e um muro de arrimo no Rio das Antas, próximo à ponte da Rua XV de Novembro”, esclarece o secretário Dagoberto. 

Rua Alfredo Bufren 

Quanto aos alagamentos na Rua Alfredo Bufren, outro ponto crítico no Centro, o secretário avalia que eles ocorrem em função do crescimento desordenado da cidade e da impermeabilização do solo. “As pessoas têm o direito do potencial construtivo. Elas podem construir em seus lotes, mas têm que seguir certas regras”, diz. Naquela região, há construções antigas sobre a galeria que canalizou o Arroio dos Pereiras e, em alguns pontos, essa galeria sofre estrangulamentos. 
“Onde há esses pontos de estrangulamento, onde entramos, por baixo da galeria, tem pedras soltas, tem canos da Sanepar atravessando, tem galhos de árvores. Com esse estrangulamento, vai acumulando a montante. Apelidamos esse canal extravasor de ‘ponte de safena’. Estamos fazendo um novo traçado para a água, que talvez não resolva 100% o problema daquele local, mas vai amenizar muito”, avalia Dagoberto. 

Vicente Machado e Getúlio Vargas 

O município planeja executar adequações na galeria que passa pela Avenida Vicente Machado, na altura do Estádio Emílio Gomes, onde ocorrem alagamentos. “Ali represa água e retorna para o Pátio da Prefeitura. Aquela galeria está mal dimensionada. Como há muitas construções, o que impermeabiliza, e o pessoal não está contente com nosso Departamento de Obras e Planejamento, porque questionamos e cobramos muito a questão do uso e ocupação do solo. Todo mundo quer aproveitar ao máximo seu terreno, mas existe uma lei hoje que temos que deixar a água penetrar [no solo]. Se você cobra o solo de asfalto e de concreto, a água não tem para onde ir”, diz o prefeito. 
Na Getúlio Vargas, há uma galeria de pedra, construída há pelo menos 40 anos, que está desmoronando. “Tem ruptura no concreto, é uma obra que vai ceder a qualquer hora. Teremos que mexer e interditar parte da Getúlio Vargas, deixar numa pista só, e fazer uma nova galeria. É uma obra de extrema necessidade, para dar mais vazão e não dar pontos de alagamento naquela região [do Fósforo]”, afirma Derbli. 

Caixas de contenção 

O decreto 91/2015, que exige a adaptação de novas construções no município e de construção de caixas de contenção de água em imóveis a partir de 125m² de área construída e impermeabilizada, é, segundo Dagoberto, um dispositivo legal copiado de Curitiba que não se aplica à realidade de Irati. “Foi uma lei importante no sentido de que qualquer construção que impermeabilizar mais que 100m² no lote, tem que fazer um cálculo de uma cisterna para contenção de águas por 48 horas. Mas temos que adequar essa lei, porque ela pegou geral, ou seja, às vezes a rua não tem galeria e tem que ser cobrado isso. Outras vezes, a construção está abaixo do nível da galeria e nãotem como cobrar. Na medida do possível, está sendo cobrada e efetivada essa lei”, reitera o secretário.  
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